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To de olho nessa propaganda enganosa de dar a entender que você pode jogar a campanha com quatro jogadores, como se fosse num arcade. Na verdade o modo para 4 jogadores só funciona no modo versus
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Bem amigos do C de Super Ação Gamers Power, conforme a quarta geração de videogames vai caminhando para o seu ocaso começam as despedidas de séries que acompanhamos nascerem aqui. E de todas as séries de jogos estilo beat'm up, talvez nenhuma seja mais obscura do que a veremos seu último capítulo aqui, a trilogia Rushing Beat.
E eu quero dizer obscura mesmo, se você conhecer apenas a versão ocidental dos jogos sequer vai saber que eles vão saber que fazem parte da mesma série!
Isso porque em 1992 a Jaleco, a rainha suprema de jogos esquecíveis que não são ruins realmente mas também nunca são bons, decidiu que ia aproveitar que Final Fight foi lançado para o SNES com modo de apenas um jogador e lançou o seu beat'm up na correria que era qualquer coisa mas tinha modo coop para dois jogadores. Nascia assim "Rushing Beat", o que é um nome apropriado para um beat'm up. Você soca os caras na correria, faz sentido.
Só que a Jaleco da América achou que esse nome não seria descolado o suficiente pra o gosto americano e essa capa homoerótica demais para um jogo dos anos 90, e então decidiu tentar... outra abordagem. Você sabe tipo transformar Rushing Beat num jogo sobre... guerra de gangues?
Assim surgiu uma das capas de jogo mais constrangedoras de todos os tempos, embora possa ser argumentado que existe um toque de genialidade em colocar o Chris (que todo mundo odeia) e o jovem Jake Peralta do Brooklyn 99 na capa de um jogo. Enfim, esse foi
RIVAL TURF.
No ano seguinte a Jaleco lançou uma continuação chamada Rushing Beat Ran, e por motivos óbvios a Jaleco da América decidiu que não seria do seu melhor interesse associar o novo jogo com a capa constrangedora do jogo anterior e nomeou o jogo sem relação nenhuma com o anterior. Assim, Rushing Beat Ran virou
BRAWL BROTHERS ... e teve uma capa também bem constrangedora.
Sério Jaleco da América, qual é o problema de vocês? Vocês tem algum tipo de fetiche em fazer capas que absolutamente ninguém vai se interessar ao bater o olho?
É... pra que eu fui perguntar...?
Enfim, para o terceiro jogo da série, Rushing Beat Shura, obviamente que a Jaleco da América não fez nenhuma relação com os jogos anteriores porque não havia uma "série" aquele ponto, e não era agora que iria começar. O que nos leva então aos MANTENEDORES DA PAZ!
Hã... bem, essa é uma forma de manter a paz, eu suponho...? É, se você arrebentar todo mundo que não é você de porrada definitivamente vai ter paz, de um ponto de vista puramente tecnico mas desconfio que não é esse o ponto da "paz"...
Seja como for, estamos agora no pós-apocaliptico ano de 2015 onde o mundo ainda se recupera das "guerras economicas" de 2011 (o jogo não explica o que foi isso, suponho que era uma guerra onde as balas eram contadas e os tanques paravam no posto pra por 5 pila de gasolina?). Nesse cenário pós-guerra, uma empresa surge das cinzas deste mundo arruinado com um plano de recuperação da sociedade. O que é basicamente como o nazismo começou depois da primeira guerra mundial, tenho certeza que grandes coisas sairão daí...
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Capa japonesa do jogo exibindo pernas sensuais #gamersfeelings |
Um homem chamado Trip Iago, através da sua empresa a "Deutschland Moldavia", comprou a maior parte do que sobrou de terras do mundo para começar o projeto de revitalização á paz e prosperidade. O que deu certo e em poucos anos a DM já tinha praticamente um monopolio sobre ... bem, tudo realmente.
E como essa é a história do nazismo disfarçada, é claro que o próximo passo depois de recuperar a economia e ter controle sobre tudo foi ter um líder insano que tirou da bunda um plano de limpeza étnica. No caso, Iago estava obsecado em usar engenharia genética, cibernética e clonagem para criar uma nova raça de seres humanos absolutamente perfeitos.
O que algumas pessoas, quando souberam, reagiram de uma forma esperada:
Vamos então conhecer alguns desses combatentes da liberdade!
ECHO
O avo de Echo era um dos cientistas obrigados pela DM a trabalhar na pesquisa de mutação e aperfeiçoamento genético da raça humana, fazendo inclusive experimentos na própria neta. Isso até o dia em que ele decidiu que não mais faria parte desta farça maligna!
Infelizmente para ele, a DM estava preparada para lidar com tipinhos idealistas assim! Ah é que tu não vai trabalhar como cientista do mal?
Hã, eu não tenho certeza de como isso funciona, soldado do mal Adalberto. O cara diz que não quer mais trabalhar pra vocês, tu diz que ele vai sim, ele diz que vocês não podem impedi-lo de não trabalhar... e aí tu mata ele? Olha, eu não sou especialista nem nada, mas eu diria que morto ele não vai fazer pesquisa nenhuma (a menos que ele seja o primo cientista do Tom Clancy).
Echo foi mantida em uma cela pelo seu valor como experiencia genética (agora ela é uma mutante que pode gritar muito alto, seu nome é gritadeira) em uma cela com o carpete mais estranho do mundo ou apenas é limo mesmo. Seja como for, ela fica na sua cela de questionaveis condições sépticas até ser resgatada por Harry, o líder da resistencia anti-DM, que a partir desse dia a cria como sua filha.
Em seu final, após salvar o mundo do proto-Hitler do mal Echo segue os passos do seu avo e se torna uma cientista... e cantora popular nas horas vagas. Ou seja, ela é a Mayim Bialik do mundo de Rushing Beat
FLYNN
Alguns anos depois, Echo (que agora já é uma moça bonita, moça formosa, moça bem feita) e o filho de Harry, Flynn (que também foi submetido a experimentos da DM quando era criança para se tornar um cyber mutante) encontram o coroa sendo espancado por soldados da DM.
Harry não resiste aos ferimentos causados por um inimigo básico do jogo sapateando diante da sua cara, e vai para o grande céu dos NPCs de videogame que ninguém lembra. Ao que Flynn não reage muito bem...
... revelando ser um super sayajin e desmaiando. Não tenho certeza do que essa cena deveria significar, mas podemos acreditar que ele significa alguma coisa. Possivelmente. De qualquer maneira, agora Flynn e Echo estão motivados a tomar o assunto em próprias mãos e acabar com a corporação do mal que odeia o bem ao contrário do que eles não poderiam ter feito antes porque... hã... então, eles esperaram o Harry morrer porque... né?
Eu não tenho exatamente certeza do que aconteceu no final do Flynn, mas pelo que eu entendi ele pede ajuda para controlar seus poderes mutantes e o colega oferece um bom e velho polichinelo de forma bastante homoerótica. Bem, provavelmente não, mas eu prefiro do meu jeito.
AL
Al, que não é um big gay, é um comandante militar que reparou que um de seus homens está agindo muito estranho desde que voltou de uma missão de reconhecimento junto a DM. Estranho como, vc pergunta?
Ok, eu tenho sérias dúvidas a respeito dessa cena. Em primeiro lugar, quem é esse cara que tava apanhando e morreu numa (não intencionalmente hilária) traulitada surpresa? Era um inimigo capturado? Era um colega morto em um treinamento? E por que, eu rogo, por que meu coração como um jacaré?
Será este o poder da DM? Transformar homens comuns em assassinos sanguinolentos recitadores de poesia? Ah, estes fascínoras do parnasianismo! Obviamente que Al não pode deixar isso assim, é uma batalha de honra contra o parnasianismo! O PARNASIANISMO!!!
PROKOP
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Procópio é inspirado no Undertaker da WWE, mais precisamente no visual e maneirismos do personagem durante a década de 90. |
Um homem forte, Procopio Ferreira teve sua irmã, Amy, perseguida pelos homens da DM a muito tempo. Ele a protegeu enquanto pôde, mas um dia ela desapareceu, deixando apenas apenas uma fita de cabelo para trás. Tendo descartado o tráfico de lolis da máfia russa, Procópio usa a fita em seu braço e dirige-se ao DM disposto a resgatar Amy e acabar com seus planos. Os planos do DM, não da Amy isso é.
Bem, esse é o terceiro jogo de Rushing Beat e como é tradição na série, nada mais é do que a Jaleco tentando imitar no melhor das suas habilidades algo popular na época. A boa notícia é que o que a Jaleco está tentando imitar aqui é um bom jogo,
STREETS OF RAGE 3.
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Ok, essa foi uma alteração da versão americana (o good ending do Prokopio) que ficou legal. Embora mostre que os adaptadores claramente não estavam felizes com suas condições de trabalho, o que explica muito sobre esse jogo
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A coisa mais importante que Rushing Beat 3 tirou de Streets of Rage 3 é, definitivamente, os personagens secretos, múltiplos caminhos e mais de um final. Em algumas fases você vai encontrar ramificações de caminho que o levarão a fases diferentes, e essas fases terão chefes diferentes. Se você enfrentar os chefes com os personagens certos (ou seja, estiver com o personagem que cujo aquele chefe é relevante a história dele) a história desenvolve um pouco diferente também.
Isso é inacreditavelmente ambicioso e bem trabalhado para um jogo da Jaleco, e acho que é um dos raros casos de beat'm up que eu já vi na vida que tem valor de replay dado que dá pra fazer duas ou mais jogatinas enfrentando fases e chefes diferentes, e vendo dialogos diferentes. Definitivamente a Jaleco colocou o seu melhor esforço aqui e fez o jogo que podia no melhor das suas habilidades.
A noticia não tão boa é que "o melhor das habilidades da Jaleco" não é tão grande coisa assim realmente.
A jogabilidade é mais lenta do que o jogo anterior, e o gameplay em si não tem nada de particularmente especial. Você anda pra direita, soca inimigos até a tela dizer pra avançar, enxague e repita. Não é ruim, mas também não é um Streets of Rage da vida que cada personagem tem uma abordagem de gameplay diferente. Na verdade a única coisa que muda entre os personagens é a velocidade deles e teoricamente a força, mas se a personagem mais "fraca" precisa de um hit a mais para derrotar os inimigos do que o mais "forte", já é muito.
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#REFLITÃO |
Mais uma vez, um jogo padrão Jaleco: not great, not terrible. Algumas das poucas diferenças que esse jogo tem é que itens de vida podem ser carregados para você usar numa hora que estiver precisando mais deles, e que todos os personagens tem dois ataques especiais por vida apertando X e depois A.
Estranhamente, esse jogo tem trinta vidas - o que é um número bastante alto para um jogo desse genero, então... yay, i guess?
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Os bad endings são apenas palavras jogadas aleatoriamente, os tradutores sequer estão tentando fazer algum sentido aqui
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Os inimigos do jogo não são particularmente inspirados ou variados, basicamente consistem em buchas de canhão esquisitões com máscara de caveira e garras, caras gordos que tentam agarrar você sempre que podem, pequenos mutantes com longas línguas de Alien, piratas com espadas duplas, punks de rua terrivelmente ágeis e os ninjas obrigatórios.
Mesmo nos chefes, que é a gama de inimigos mais variada e interessante também se nota uma preguiça absurda com vários chefes reutilizando sprites de inimigos normais, como os piratas sendo usados para DUAS lutas contra chefes diferentes.
Infelizmente, a inspiração em Streets of Rage 3 não se deu apenas nos caminhos alternativos e multiplos finais. Quando Bare Knuckle 3 foi trazido para o ocidente, a Sega esculhambou o jogo de maneira que o transformou num pedaço de banana velha esquecida embaixo da pia. Quando Rushing Beat 3 foi trazido para o ocidente, a Jaleco também fez sua boa dose de cagadas dignas de nota - não tão cagoncias quanto as da Sega da América, mas cagadas mesmo assim.
A coisa mais notável a respeito da versão americana de Rushing Beat 3 é que, bem, simplesmente o jogo NÃO tem música. Por alguma razão que só a cabeça de um americano muito doido de cocaína e Mcdonalds vai saber explicar, o jogo não tem apenas efeitos sonoros e não música. E em algumas fases todo o efeito sonoro, algo que pelo menos seria abafado pela música.
Além disso a sensação de estar jogando um jogo sem música é estranho, parece que você está joganod um beta que não foi terminado ou algo assim. É inexplicável e indesculpável por que os localizadores terem tirado a música quando não havia absolutamente nada de errado com ela em primeiro lugar (embora ela não seja particularmente incrível no original japones, because Jaleco né).
A remoção da música é o problema mais perceptível, mas outros fatores também foram esculhambados. The Peace Keepers é artificialmente mais difícil do que Rushing Beat Shura ao reduzir o número de vidas de trinta abundantes para doze insignificantes - imagino que por causa da questão das videolocadoras, impedir que as crianças terminassem o jogo num fim de semana era uma preocupação real da época.
Não que RBS seja o jogo mais difícil que existe e pode ser terminado com menos de doze vidas com bastante prática, mas a remoção ainda sim é irritante. A história também foi maciçamente alterada já que Rushing Beat Shura é o terceiro jogo da série e conclui a construção de mundo iniciada nos jogos anteriores.
Como no ocidente os três jogos foram alterados para não serem continuações e sim títulos separados, a história foi alterada para ser um episódio isolado também. O resultado mais notável é que vários dialogos que seriam importantes para os personagens são literalmente substituidos por encheção de linguiça, apenas frases aleatórias soltas para ocupar espaço. Os dialogos são embotada de referências aleatórias da cultura pop, lançadas sem base nenhuma.
Por exemplo, o vilão Kulmbach, foi rebatizado de “Trip Iago”, fala em uma diálogo poético por nenhuma razão melhor do que soar engraçado.
Mas do que é que tu tá falando, seu louco?
Que papo de maluco!
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Eu sei lá que raios de filtro usaram nessas fotos, mas o resultado final é enervante. Você ainda reconhece os indivíduos nelas representados como humanos, mas é impossível afastar a sensação de que eles foram vítimas de uma maldição cigana que eventualmente os transformou em brinquedos de camelô
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Enfim, outro downgrade do jogo é que os retratos dos personagens nos dialogos que eram desenham desenhados anime-like foram substituídos por atores digitalizados que parecem feios e caminham com os dois pés no uncanny valley. Porque é assim que a América rola, queremos gente feia e não desenhinhos que são coisa de criancinhas!
Ah sim, e as animações dos ataques especiais também foram alterados sem motivo nenhum senão pelo prazer de ser diferente. Em especial o ataque japonês da Echo que era um ataque de passaro de fogo foi transformada em Echo gritando muito alto... porque agora ela é um membro rejeitado dos X-Men, quando eu estava jogando eu chamei de "Caminhos do Coração attack!".
The Peace Keepers ainda é tecnicamente jogável (e tem o boxart americano menos embaraçoso dos três jogos da série), mas é muito mais tosco do que a sua versão original japonesa, que como bom jogo da Jaleco já não era essa Coca-Cola toda não...
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 058
MATÉRIA DA SUPER GAME POWER
Edição 001