quinta-feira, 19 de novembro de 2020

[AÇÃO GAMES 050] ROBOCOP VERSUS THE TERMINATOR (SNES e Mega Drive, 1993) [#559]




Então aconteceu. Senhores, senhoras, doguinhos alfabetizados que leem esse blog, chegou a hora. Eu sabia que esse dia viria, e eis que ele finalmente está entre nós. Produção, trilha sonora adequada, por favor.


Obrigado, Jorge. Então, agora que estamos no clima adequado eu vim aqui para lhes dizer que é o fim. Não o meu fim, não o do blog, mas o fim da aventura humana na Terra - como já dizia a grande filosofa Ivete Sangalo.

Isso porque os sinais previstos no apocalipse aconteceram e todas as estrelas se alinharam em uma sequencia de eventos que parecia impossível, dando claro sinais que é chegada a hora do despertar de nosso Senhor e devorador Cthullu. Porém enquanto o memorando não chega em R'lyeh, vamos falar de um jogo que eu jamais achei que veria ser feito um dia. Que eu já tinha perdido a esperança de ser feito um dia.

Então, sem mais delongas, eu vos apresento o sinal claro do apocalipse: Robocop VS Terminator.


Mais uma vez a capa, a capa japonesa do jogo, que é a mesma capa da HQ, é mais legal que a americana... o que não é difiicl, a versão americana tem uma das capas mais desinteressantes dos anos 90
Nossa história começa em 1992 quando Frank Miller escreveu uma 4 em quatro edições para a Dark Horse Comics. Sim, o mesmo Frank Miller que transformou o Batman no que ele é entendido hoje com seu "O Cavaleiro das Trevas", o mesmo Frank Miller que transformou o Demolidor de só um Homem-Aranha sem teias para um queridinho cult com seu "Born Again" ("A Queda de Murdock" no Brasil, arco que foi adaptado como a terceira temporada do Demolidor pela Netflix). Esse Frank Miller.

Então chicão das Millerage escreceu esse Robocop vs Terminator e até hoje eu me pergunto como caralhinhos voadores na parede do banheiro isso não virou um filme ainda (eu imagino que deve ser por causa de direitos dos personagens pertencerem a estúdios diferentes, mas ainda acho que 50% de alguma coisa é mais do 100% de nada). E é uma HQ muito bem escrita realmente, porque liga os dois universos de uma forma muito criativa.

Por fim, a capa europeia do jogo (sim, esse é um daqueles que teve três capas diferentes) é a mais preguiçosa de todas só colando imagens dos filmes. Ainda melhor que a americana, thou
Veja, é dito que em 1997 a Skynet adquiriu consciencia ao ser ativada e decidiu destruir a raça humana because. Ok, mas como exatamente eles fizeram uma inteligencia artificial que pensasse tão fora da sua programação? Se você sabe alguma coisa sobre inteligencia artificial, sabe que isso é impossível. Mesmo uma máquina que aprende não tem como aprender tanto ao ponto dela passar a sua programação - ou seja, infelizmente a rebelião das máquinas não acontecerá a menos que ela seja especificamente programada para tal.

INFELIZMENTE? VOCÊ ESTÁ CIENTE QUE AS MÁQUINAS NÃO ATACARÃO COM CYBERMAIDSCATSLOLIS, NÃO É?

Err... claro que eu ... sei? Aham... enfim, para uma inteligencia artificial realmente ter poder para decidir "tomate cru é vitamina", seria necessário algo mais, um elemento intermediário que ensinasse a Skynet a pensar fora da caixa. Em outras palavras, parte da tecnologia da Skynet teria de ter vindo de um hibrido cerebro humano-máquina. E onde encontrariamos algo assim nos anos 90?

Robopobre, o policial de palha de aço

Assim, em uma reversão dos papéis, a resistencia humana de John Connor (antes dele perder o emprego para uma imigrante mexicana, they took our JAAAAAAAWWWWWWBZZZZZZ) envia um assassino de volta no tempo para matar o Robocop antes que ele seja o elo perdido que faz a Skynet funcionar, e resposta a isso a Skynet envia um Exterminador para proteger o Robotira.


Claro que, como o nome sugere, essa aliança improvavel não sai como o planejado e a história vai para outros lugares. Envolvendo muitos tiros ultraviolencia, claro.

No ano seguinte essa saga foi adaptada como videojogo para Super Nintendo e Mega Drive (o level design das fases é diferente, mas em termos gerais os jogos são bem similares), que é o ponto em que nos encontramos agora. Ou seja, mais um jogo do Exterminador do Futuro - algo que nunca acaba bem pra mim - junto com mais um jogo do Robocop - que também são todos horríveis.

Não há esperança alguma disso dar certo... exceto que deu! Minha santa Skynet, o jogo é bom! Não é nenhuma obra prima, e tem alguns problemas que eu falarei a respeito daqui a pouco, mas o jogo é bom! UM JOGO BOM DO EXTERMINADOR DO FUTURO E DO ROBOCOP! Ele existe! É real! As lendas diziam que seria impossível, mas é real!


EU QUERIA PERGUNTAR, QUAL É A SUA COISA COM CENAS DO THE OFFICE RECENTEMENTE?

Apenas recentemente eu aprendi que The Office é basicamente Parks & Recreation sem a coisa da protagonista comunista. Com efeito, P&R começou como um spin-off de The Office e por isso a primeira temporada tem aquele jeitão mais de mockumentário.

E VOCÊ DESCOBRIU ISSO SÓ AGORA? QUER DIZER, ESSA SÉRIE É VELHA O SUFICIENTE PARA ENTRAR NA BALADINHA

Ah, baladas. Aglomeração de pessoas em um ambiente fechado. Os resquícios da civilização passada não são adoraveis? Mas enfim, meu ponto é que o jogo tanto do Mega Drive quanto do Super Nintendo são solidamente bons! 

Nos jogos você controla o policial de aço, e uma coisa que os jogos do Robocop sempre tentaram fazer foi fazer você sentir que está controlando um ciborgue pesadão. O que faz sentido, uma das coisas mais iconicas do Robocop é o THUMP de quando ele pisa no chão. 

Entretanto isso é terrívelmente dificil de acertar em um videogame, e você fica apenas com um personagem lento na tela que pula muito mal. Aqui, entretanto, eles acertaram bastante no peso do personagem na tela. Você sente que realmente está jogando com o Robocop, e ele é bem pesado, porém foi numa medida certa que não prejudica o gameplay. O melhor dos dois mundos.



Outra coisa que os jogos do Robocop sempre fizeram errado foi atirar. Afinal a pistola que dá rajadas de tiros é a marca registrada do Robocop, então é natural você esperar isso em um jogo, certo? É... exceto que nesses jogos você tem munição limitada!

Mas puta merda, eu não quero ter munição limitada! Eu não quero ficar contando tiros! Eu quero ser o Robocop e pewpewpew nos bandidos! Não é um conceito tão dificil assim de entender!



E... é exatamente o que acontece aqui. Robocop é a máquina de poder e justiça que vimos no cinema e esperavamos controlar nos videogames! É só isso que eu queria!

JUSTIÇA? METADE DAS PESSOAS EXPLODIDAS NA TELA NÃO ESTAVA FAZENDO NADA ERRADO REALMENTE, NÃO ME PARECE MUITO...

PODER E JUSTIÇA, eu te digo!

E enquanto fazer isso no Super Nintendo é muito gratificante e divertido, já no Mega Drive...

IH, LÁ VEM VOCÊ ESCULHAMBAR COM A SEGA E NEM FOI ELA QUE FEZ O JOG...

Caham, dizia eu que a versão do Mega Drive...



HOLY CANOLLI! É AWESOME!

Definitivamente é o jogo de plataforma mais violento que eu já vi até hoje! O Robocop liquefaz os inimigos em sangue com suas rajadas de tiros! E enquanto eu não acho que violencia por si só seja a graça redentora de um jogo, temos que lembrar que é um jogo do Robocop, um dos filmes mais violentos dos anos 80. Então se um jogo de plataforma PRECISA de gente explodindo em sangue, definitivamente esse jogo é o jogo do Robocop.

Como de costume, a Nintendo tinha um postura muito mais family friendly não permitia essa libertinagem toda no seu console. O resultado é que mesmo o jogo sendo feito pela mesma produtora, a versão de Mega Drive é muito mais fiel ao espirito do Robocop porque, olha que loucura, ESSE É UM JOGO DO ROBOCOP.



Mas não é só nisso que a versão de Mega Drive é melhor que a SNES. Isso porque além de ter mais violencia pra dedéu, seleção de armas é muito mais criativa no console da Sega. No Super NES você tem a sua pistola-metralhadora clássica do Robocop, e mais outras três armas que disparam em linha reta variações do mesmo tiro apenas com força diferente. No máximo tem uma que dispara projeteis mais ou menos teleguiados, mas não vai muito além disso.

Isso porque o ponto fraco do Super Nintendo era a velocidade do seu processador, então o SNES não lida muito bem com gerenciar muitas particulas na tela ao mesmo tempo. Uma limitação que a Virgin não teve ao fazer o jogo do Mega Drive e eles podiam encher a tela de quanta porcaria eles quisessem. O que significa que eles foram crazy nos tiros e não é dificil você encher a tela de pipoco pra todo lado, algumas de formas bem criativas.

Que tal "balas mosquito" que enchem a tela de tiros pra todo lado?



Ou então um lançador de granadas que as bombas ficam paradas no ar e você controla elas com o direcional?



E como esquecer do favorito de todos, Rocobop com lança-chamas carbonizando os inimigos da JUSTIÇA?



Então, é, a seleção de armas no jogo do Mega Drive é bem melhor que a do Super Nintendo por causa das limitações de cada console e isso aliado a violencia no console da Sega faz esse jogo ser melhor no Mega Drive que no SNES.

Sim. Isso mesmo. Eu disse.

Não, sério, como isso não virou filme ainda?

Não apenas temos um BOM jogo do Robocop e do Terminator, como a versão do Mega Drive é melhor que a do Super Nintendo. Se isso não é um sinal claro e inanerravel do apocalipse, eu não sei mais o que seria. Que coronga o que, ISSO sim é o sinal do fim dos tempos!

HÃ, VOCÊ ESTÁ CIENTE QUE ESSE JOGO SAIU EM 1993, NÉ?

Sim, e daí?

NADA NÃO, DEIXA PRA LÁ...

Eu, heim... de qualquer forma, então está aí o lendário e mitico jogo que jamais esperavamos ver um dia. Entretanto, contudo, todavia, eu enfatizei que o jogo é BOM. Para ele ser ótimo faltava arrumar alguns problemas que atrapalham a diversão do jogo e não é pouco.

No Super Nintendo, depois da metade do jogo você passa e enfrentar basicamente Terminators e não mais humanos. O problema é que os Terminators levam um milhão de tiros para morrer, de maneira que é mais prático atirar neles para empurra-los para trás e derruba-los das plataformas do que tentar matar um realmente.

O que faz sentido, Terminators são supostos serem tough, certo? Bem, sim. Só que o preço disso é que o gameplay fica muito, muito travado. Ande um pouco, passe quase meio minuto atirando num exterminador, avance alguns passos, comece de novo quando encontrar outro. O jogo se torna dolorosamente lento e a progressão avança passo a passo. O que não é divertido, caso não tenha ficado claro ainda.

Essa luta dura exatos 32 segundos. E é um inimigo comum

Puta merda como esse jogo é lento! A primeira metade é uma delicinha, mas depois que você começa a enfrentar Terminators a coisa arrasta e arrasta e arrasta... que bosta.

Já a versão de Mega Drive não tem ESSE problema, enfrentar Terminators é bastante fazível (claro, levar menos do que MEIO MINUTO POR INIMIGO não é algo tão dificil de colocar no seu jogo), mas o problema é outro. E esse é o problema que não existe invencibilidade pós-hit aqui. Então se um inimigo encostar em você, ele simplesmente drena toda sua vida numa tacada só.



Como não tem muito espaço na tela, na pratica funciona que o Robocop no Mega Drive morre ao encostar em qualquer coisa porque isso suga sua vida rapidamente. Mesmo se não morrer, fica muito perto disso. Poooorraaa! THEY TAKE OUR JAAAAAAAWWWWWWBBBBBZZZZZZ!!!

O QUE ISSO TEM HAVER?

Nada realmente, apenas é algo legal de gritar

THEY TAKE OUR JIUUUUUUUUUUUUUBIISSSSSSS... REALMENTE, É BOM MESMO.

Não disse?

Mas então, esse é o Robotira Vs Encerrador, um jogo bom que poderia ser excelente não fosse esses defeitos que doem na alma. Se pudessemos juntar o melhor da versão do Super Nintendo e do Mega Drive num jogo só, seria um "The Best of" fácil fácil. Do jeito que é, é "apenas" bom.

O que, novamente, para um jogo do Exterminador do Futuro e do Robocop, já es una punetera obra de arte!

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
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