É bom saber que, apesar do fato de que a meia-idade cair sobre mim como um rinoceronte de triciclo, a frase "ninjas robôs" ainda tem o poder de me fazer parar e prestar atenção. "Prossiga", meu cérebro sussurra. Robôs ninjas. Você não pode ignorar isso, eles podem ter espadas escondidas em seus braços ou pés com foguetes ou algo assim.
Então, eu posso dizer que tinha alguma esperança para o arcade de 1987 da Taito, The Ninja Warriors. Por algum motivo, temo que vou me arrepender amargamente desse otimismo.
Estamos no futurista de 1993 (lembrando que o jogo é de 87) e o presidente dos Estados Unidos (que se chama Banglar) transformou o país em uma ditadura militar brutal. As pessoas não tem como lutar contra isso e são obrigadas a obedecer! Mas sabe quem não obedece regra nenhuma, sejam ditaduras ou não? Exatamente: ANARQUISTAS!
Sim, ANARQUISTAS se organizaram para fazer algo a respeito, o que eu suponho que seja meio que contra o proposito da anarquia mas quem sou eu pra julgar? Enfim, um grupo de cientistas anarquistas liderados pelo Dr. Mulk (eu também acho que fazer um doutorado é contra o proposito da anarquia) decide que é hora de se rebelar contra o governo. Sabendo muito bem que enfrentar o exército sozinho era uma missão suicida, os cientistas criam dois andróides para fazer a missão por eles. Os robôs, com o codinome "Kunoichi" e "Ninja", porque eles eram cientistas anarquistas muito criativos, são enviados pelos cientistas para acabar de uma vez por todas com a tirania de Banglar.
Essa tela é toda intro que o jogo tem, não é o que eu posso chamar de "escolha criativa impressionante" |
Claro, chegar ao presidente não é fácil: afinal, uma das vantagens de comandar uma ditadura militar é ter um grande estoque de soldados à sua disposição. E ninjas. E mutantes. E cachorros. E... lobos guará, eu acho? Ser líder de uma ditadura realmente tem seus prós - diga o que quiser sobre este novo reinado de terror, mas as políticas de recrutamento do exército nunca foram mais inclusivas.
Esse é o tema de Ninja Warriors: "Robos ninjas assassinam o presidente". Esse conceito dá um quentinho por dentro, não é?
Para esse conceito ambicioso, um arcade igualmente ambicioso: a Taito teve uma ideia ousada para diferenciar esse jogo entre os outros arcades da época. Naquela época não era sem precedentes alguns jogos competitivos virem com dois monitores, um para cada jogador:
O que a Taito pensou foi: "porque a gente não junta esses dois monitores em jogo singleplayer ou cooperativo? Alias porque parar aí, porque não juntar logo três monitores e chamar a atenção de todo mundo com um telão da porra?".
E foi o que eles fizeram.
The Ninja Warriors era um arcade muito chamativo no fliperama não apenas porque é sobre NINJAS ROBÔES, como a era composto por três monitores de largura. Isso realmente é alguma coisa. Então Ninjas Guerreiros tem a sua atenção, mas ele faz um bom uso dela?
Então...
Muitos jogos podem ser descritos de uma forma simplista tal que eles parecem mais bobos do que são realmente. Por exemplo, você pode dizer que Mario é apenas ir para a direita e pular e isso estará tecnicamente correto. Porém isso não é tudo que Mario é, existem outras sutilezas e detalhes que tornam o jogo mais do que isso realmente.
No caso de Ninja Warriors... não. A descrição "você anda para a direita e bate" não é uma simplificação grosseira do jogo, é uma descrição literal muito precisa dele. Você anda para a direita e dá soquinhos. E é isso o jogo, eu quero dizer todo ele:
E é isso o jogo minha gente, inimigos aparecem por trás mas você pode outrun eles, e para abrir caminho é só ir andando lentamente e batendo. E por lentamente eu quero dizer BEM lentamente porque esses são os ninjas mais lentos que eu já vi na minha vida! Quer dizer, eu sempre soube que o Naruto era meio lentinho, mas esses dois aqui levam o bolo!
Você tem um botão para golpear com suas kunai e mantê-lo pressionado faz bloquear. Você também tem 30 shurikins que os androides trouxeram de casa e nenhum outro é coletado durante o caminho. Esse é um dos problemas do jogo: não tem power ups, recarregar munição, frangão no barril, nada. Não há um único item nesse jogo e isso torna as coisas menos interessantes.
Os gráficos, embora muito bonitos com alguns detalhes interessantes, são muito chapados, dando a todo o jogo uma sensação que só posso descrever como sendo um pouco como um Game-and-Watch colorido. A humanidade não via algo tão sem profundidade assim desde os hieroglifos egipcios.
Seus inimigos consistem principalmente de soldados do exército mais mal equipado do mundo: apenas um em cada quinze soldados tem uma arma, e o resto apenas ataca você com facas. Isso pode levar à situações bastante constrangedoras de ser perseguido por um soldado empunhando uma faca que, infelizmente para ele, tem que parar por um segundo enquanto esfaqueia. Ele faz uma pausa, você continua andando e ele fica para sempre apunhalando o ar, o pobre coitado.
Enquanto o jogo apenas joga soldados vagamente armados na sua direção, Ninja Warriors é um jogo inacreditavelmente simples (mesmo para a época que foi feito), mas é mais tosco do que ruim. Caminha bem lentamente e esfaqueia, eu já vi piores.
É quando o jogo tenta "dar uma apimentada nas coisas" com outros tipos de inimigos que ele ativamente sai do seu caminho para ser babaca com você e aí nós não podemos mais ser amigos.
Isso porque a partir do final da primeira fase o jogo introduz esses inimigos que "podem defender", mas o que o jogo entende por "defender"? Torna-los invencíveis até que ele tenha vontade de fazer em contrário. E eu estou falando sério, o tempo que eles ficam invencíveis varia entre "apenas alguns segundos" a "ta demorando muito isso será que o jogo bugou?"
Porque não é como se o jogo te desse algum feedback se os seus ataques estão causando dano ou não, o iconezinho de hit aparece igual, então você meio que só pode contar com o humor do jogo em te deixar avançar.
Todos, e eu digo TODOS SEM EXCEÇÃO, chefes sofrem desse problema mas a partir da segunda fase inimigos regulares assim que bloqueiam o seu caminho aparecem. E não apenas bloqueiam o seu caminho, eles te jogam pra trás se você encostar neles. E eles não apenas te jogam pra trás se você encostar neles, eles tem armas com alcance imensamente maior que o seu!
Então vamos recapitular: já é improvavel você se aproximar dos inimigos sem ser jogado para trás tomando dano. Mas no improvavel cenário de você conseguir acertar um golpe nele, o jogo vai decidir se o golpe valeu ou não de acordo com o seu humor!
Ah mas vão se foderem na republica das bananas molhadinhas, faça-me o favor! O seu ninja já anda como uma tartaruga reumática, o jogo tem meia hora de duração mas 5 minutos parece que você está apertando para frente faz um dia, aí o jogo te tranca o caminho com esses engodo de macarrão gelado e que ele pode ou não decidir aceitar o hit que já é improvavel de você acertar! DESGRAÇA! CANGUÇU DO SUL! MARIA MOLE!
Esse chefe, por exemplo, tem uma bola e uma corrente e está usando um capacete que parece uma peruca prateada colada em um boné. Além do fato de ser difícil chegar perto dele por causa de suas bolas balançando, é muito difícil dizer se você está realmente causando dano. Acho que deve ter um efeito sonoro para informar se os golpes estão atingindo carne ou armadura, mas eles não são confiáveis. Ou existentes, na maior parte do tempo.
O outro problema de lutar contra esses caras são as suas armas. Se você está planejando matar centenas e centenas de soldados, cachorros e vários mutantes, certifique-se de levar uma arma que tenha um alcance maior do que uma maldita lata de Pringles! As kunais do Sr. e da Sra. Ninja exigem que você esteja tão perto de seu oponente que você possa contar cada pêlo púbico individualmente: não é realmente um problema contra soldadinhos de facas, mas mais que um problema ao lutar contra esses bastardos gordo que podem te manter afastado com o poder das suas bolas
Depois do que você sente serem várias horas já que quase todos inimigos são um tipo de cara das bolas dali pra frente, você chega ao palácio presidencial e pode finalmente terminar a sua missão. O cara de azul é o seu alvo, o malvado Presidente Banglar. Ele chama suas tropas para atacar, incluindo outra versão do cara da bola e corrente, e cara, eles atacam.
Eu acho que não deixei isso claro o bastante, mas Ninja Warriors já deixou de ser divertido faz bastante tempo. Entre o pequeno alcance dos seus ataques, o fato de que seus shurikens têm todo o poder de fogo de uma bola de pano embebida o em caramelo e a quantidade (e tamanho) dos inimigos, esta luta rapidamente se torna uma exercício para colocar créditos na máquina porque simplesmente não há espaço suficiente para uma pessoa jogar habilidade.
A melhor coisa a respeito dessa luta é que depois dela você nunca mais terá que ver aquele cara da bola, tipo na vida.
Logo após a luta, o presidente se encolhe no canto da sala sem saída. É isso que você ganha por morar em uma casa que é apenas um longo corredor, seu canalha. Ele não oferece resistência, então tudo o que resta é esfaqueá-lo e completar sua missão. Yay! Ele está morto, você salvou a América... eu acho... e agora é hora de esperar uma aposentadoria de robo longa e agradável, sentado em uma cadeira de balanço mecânica e relembrando a vez em que um ninja vestido de kiteman tentou matá-lo voando pra cima de você. Exceto que não é isso que acontece.
Acontece que Paulo Guedes é contra a aposentadoria de robos e essa era uma missão suicida desde o começo, e nossa amiga ninja carregava uma bomba nas entranhas do robô. Ela explode, a mansão é destruída e você é recompensado com um inglês mal traduzido enquanto o epílogo roda.
REVORUTION! Isso é o que eu ganho por confiar em anarquistas! Agora o curioso é que esse texto parece sugerir que, apesar do fato de eu ter acabado de ver uma pequena explosão nuclear explodir na região dos ovários de seu robô, nossa heroina não está morta. Na verdade, ela é "imortal", o que a torna a mais melhor terrorista suicida de todos os tempos.
Como muitos arcades da época, Ninja Warriors foi criado para tirar a maior quantidade de fichas no menor tempo possível, só que diferente de muitos arcades da época ele não oferece nada em troca - excerto pelo ridiculo dos inimigos tentando te acertar pela esquerda e você apenas seguindo adiante. O jogo tem alguns toques legais como seu robo perder peças nos locais que é atingido, mas a repetitividade da jogabilidade, o seu personagem se mover a 0,15 km/h e o jogo ser um sem fim de caras das bolas uns atrás dos outros impedem qualquer tipo de amizade
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Edição 059
Antiga Gamers Edição 002