domingo, 29 de novembro de 2020

[MASTER SYSTEM] WOLFCHILD (originalmente lançado em 1992)[#569]



Abrirei o texto de hoje com as celebras palavras do grande filofoso moderno:

"Oh, boy!" - Mouse, M.

Isso porque após uma longa primavera... bem, nem tão longa assim quanto eu gostaria... eis que temos aqui mais um representante daquela que é a nata da escória videogamística. Sim, isso mesmo, o jogo de hoje é nada mais, nada menos do que... UM PORT DE JOGO DE PLATAFORMA DO AMIGA!

O que significa que só existe uma coisa a ser feita!


Exatamente, observar rapazes praticarem atos felaciosos em armas de fogo sempre melhora o meu humor. Bem, o suficiente para encarar mais um ataque da Nação Amiga contra as nações livres do mudo, pelo menos.

Meninolobo, que não tem nenhum parentesco com Mowgli, saiu para todos os consoles conhecidos pelo homem porém apenas as versões de Amiga e Sega CD tem cutscenes de abertura, os demais tem apenas a história contada no manual. E como essa é uma midia visual, vamos então meninolobotomizar!

EU NÃO ACHO QUE ESSA PALAVRA SIGNIFICA O QUE VOCÊ ACHA QUE ELA SIGNIFICA...

Possivelmente, mas é um jogo de Amiga então quem liga realmente?


Nossa história começa ou no santuário de Athena, ou na mansão mais mal localizada do mundo. Uau, eu achava que não gostava de ter vizinhos, mas esse cara realmente esta aí para me ensinar uma lição. Sabe, sempre que eu vejo lugares assim na ficção eu me pergunto como diabos eles foram construídos. Quer dizer, eu tenho dificuldade em imaginar 50 pedreiros escalando a encosta do rochedo com sacos de cimento e material de construção no ombro.

Para não falar que suas entregas do ifood sempre chegam frias.


Corta para dentro da nossa inexpugnável mansão, onde um cara está sentado sozinho no escuro se sentindo infeliz em frente a uma parede cheia de TVs mostrando estática. Eu também ficaria triste se tivesse o laboratório só para mim a noite toda e não conseguisse fazer a telona funcionar. E a minha pizza ainda chegou fria porque o entregador passou 15 horas escalando a montanha para conseguir tocar a campainha.


Ah, okay parece que o que estava dando interferência na TV era a posição do Camera Man, porque assim que a tomada muda de ângulo elas passam a funcionar. Seja como for, temos aqui uma pixel art mostrando o Ron Pearlman na série A Bela e a Fera dos anos 80 (que foi escrita pelo George Martin, BTW) recebendo as notícias chocantes sobre Ken do Street Fighter. Na verdade, tenho a sensação de que o cara na TV é na verdade nosso herói disfarçado. Eu mal pude reconhecê-lo com seus ombros cobertos pela camisa.

"O atleta olímpico Saul Morrow se recusou a comentar sobre o sequestro de seu pai, o cientista Kal." Esse é um sobrenome engraçado, porém faz com que a correspondencia sempre chegue atrasada já uqe todas as cartas sempre são entregues TO MORROW! *ba tum dss!*

... não? Ninguém? Err, então é por isso que ele está todo jururu no escuro nesse momento. Também explica como ele conseguiu sua própria Bat Caverna no topo da montanha ... pensando bem, não realmente.


Uau, cara de anime repentina!

Ele não parece mais tanto com o Ken, agora que posso ver melhor seus mullets. Se bem que ainda pode ser o Ken de mullets, todo mundo tinha mullets naquela época, até o Superman teve mullets em 1992.


Época louca ou o que? Mas, ah sim, voltando ao nosso herói...


Como dá pra ver, nosso Ken do começo da decada está seriamente puto e eu não acho que qualquer um de nós possa culpa-lo: em um furo de reportgem, Max Schneider conseguiu a pior foto que já foi tirada dele na vida. De fato, a pior foto que já foi tirada de qualquer um.

Ah, e não apenas seu pai foi sequestrado, mas no procedimento sua mãe e seu irmão foram mortos pelos terroristas. A organização terrorista Chimera liderada por Karl Draxx (não confundir com o outro Karl que gostava de gente morrendo) esta por trás do sequestro, então Kal foi sequestrado por Karl e agora Saul tem que ir resgatá-lo. Eles deveriam ter chamado o âncora do noticiário de Maul apenas para manter o padrão dos nomes.


Seja como for, um mero atleta olímpico não tem esperança de enfrentar as quimeras de Chimera, então ele tem que se tornar outra pessoa, outra coisa. Ele vai deixar o computador mexer com seu DNA e transformá-lo em um super-humano. Essa era a pesquisa que fez o seu pai ser sequestrado e sua família morta por terroristas, eles querem esse tipo de poder de ser um homem-fera desenhado no MS Paint.

Nosso herói Saul decide ativar o Projeto Criança-lobo, mas parece que tinha algumas opções aqui, já que ele pula o Projeto Falcão, Projeto Octosapien e Projeto Mandrake. No começo eu pensei que ele era um idiota por escolher ser um lobo quando ele poderia ter sido um dragão, mas então eu percebi que "mandrake" pode não significar apenas "draco-homem" e definitivamente ele não teria se saído tão bem em seu projeto de vingança se isso o tivesse transformado em uma planta mandrágora de verdade.


Err... bom trabalho Saul, você se transformou com sucesso em um lobisomem e então explodiu. Fim. Talvez ter virado o homem-mandragora não tivesse sido tão ruim assim, afinal...


Ah, ok, ele não foi explodido e sim teleportado para uma nave onde começa sua jornada de vingança e morte. O que significa que eu estou nessa nave navio há dois segundos e já tomei um tiro. Sim, definitivamente esse é um jogo de Amiga... 

Espera aí, por que ele não é mais um lobisomem? De que adiantava passar por aquela sequência de transformação épica se ele simplesmente iria voltar quando passasse pelo teletransportador?

Eu gosto de como os inimigos saem voando quando são derrotados porque essa fase é numa nave em movimento ... o que não afeta de forma alguma quando os inimigos pulam, suponho que a inércia só funciona em cadaveres

Seja como for, a partir daí Wolfchild começa de verdade e, bem, é um port de jogo do Amiga - no qual todos mais ou menos se parecem e nunca são muito bons. Ou vagamente bons. Nem jogaveis o suficiente pra vc não considerar formas pouco ortodoxas de suicidio desde que sejam rápidas. Isso sendo dito... Wolfchild é definitivamente o menos pior port de Amiga que eu já joguei.

A jogabilidade é bastante direta, você anda e atira, pega armas que mudam seu tiro e todas as coisas que tantos jogos de Amiga já fizeram antes e nos fizeram chorar enquanto cometiam isso, porém sem os mesmos problemas típicos do sistema como inimigos que amontoam em você rapidamente e que você pode matar porque eles precisam de um milhão de tiros, o posicionamento filho da puta de inimigos ou a sequencia interminavel de saltos de fé, o level design completamente aleatório porque foda-se... esse jogo majoritariamente não faz essas coisas. O jogo não tenta deliberadamente ser cuzão.




O que é um feito quase inacreditável para um jogo de Amiga... 

MAS...? PORQUE É CLARO QUE TEM UM "MAS" AÍ

Então, sim, mas não. Não é um problema exatamente ... mas o que tem de errado com esse jogo? Bem, além dos efeitos sonoros serem meio meh no geral, o principal problema de Wolfchild é que esse jogo não faz nada realmente interessante. 



Embora os gráficos sejam bons e a música seja boa para um jogo de Amiga, o level design é bastante insosso. A jogabilidade também não apimenta exatamente as coisas, já que não nenhuma criatividade para variar as coisas. Até mesmo a ideia do lobisomem parece algo completamente deslocado, não realmente uma parte integrante do jogo. 

Quando sua vida está acima de 70%, Saul se transforma na sua forma de lobisomem e pode disparar rajadas psiquicas... porque é algo que algo lobisomens fazem, eu acho? ... enquanto na forma humana ele não tem nenhum tipo de projetil e apenas soca corpo-a-corpo. E é isso. Nada sobre o mito do lobisomem é usado, o jogo poderia facilmente substituir o lobisomem por uma centena de outras ideias para explicar o power up do seu personagem que o faz disparar coisinhas, e o jogo não seria afetado nem um pouco. É sem tesão desse jeito que o argumento de venda (e motivo do seu nome) é usado e isso diz bastante sobre o jogo



Afora isso, a única coisa que realmente chama atenção é como a IA do jogo é mal feita. Mesmo os jogos mais primitivos do Nintendinho tinham uma programação de inimigos mas especialmente de chefes que reagem as ações do jogador. Se você for pra tal ponto da tela, o chefe faz isso. Se você pular e atirar, ele reage de tal forma. E por aí vai. Isso é programação básica de videogame.

Em Wolfchild... os chefes não fazem isso. Eles sempre executam os mesmos movimentos não importa o que você faça na tela. O que resulta em lutas contra chefes tosquicimas como essa:


Você pode literalmente "se esconder" atrás do chefe a luta toda e ele não vai fazer nada a respeito disso, uau, isso é um jogo mal programado mesmo para os padrões do Amiga, heim?

Então, o que pode ser dito sobre o Wolfchild? Bem, ele não faz nada certo o suficiente pra conseguir ser lembrado, mas também não faz nada muito errado também, já que o controle e a detecção de acertos são bem feitos. Só que nada além disso é realmente "bem feito" nesse jogo, apenas meio que está lá. Sim, os gráficos e a música são okay para um jogo de Amiga, mas a ação nunca fica realmente memorável.

Wolfchild parece um jogo Amiga que quis muito ser um jogo videogame de verdade, só que esbarrou na sua própria falta de competencia para isso. Pegou a premissa de lobisomem que é potencialmente legal e não fez nada com ela, resultando em um jogo de ação que apenas não é pavoroso. O que, se pensarmos bem, já é um grande feito para um jogo portado de Amiga...

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
VERSÃO PARA MASTER SYSTEM
Edição 004