sábado, 21 de novembro de 2020

[MEGA DRIVE] JAMES POND 3: Operation Starfish (Novembro de 1993) [#561]



Eu aprecio um bom trocadilho. Ou mesmo um ruim. Preferencialmente o ruim. Se você é uma das três pessoas já falou comigo pessoalmente, está ciente que trocadilhos infames são um dos meus super poderes. Minha mente funciona de formas misteriosas:


Mas estou divagando.

Então James Pond é um exemplo de um trocadilho que eu faria. Sim, um peixe que é uma paródia de James Bond porque ele tem "licença para nadar", "O esturjão que me amava" e por aí vai. Então, sim, eu entendo o apelo de fazer esse trocadilho, mas não porque James Pond virou uma franquia. Sim, franquia - porque essa é a coisa das piadas, você tem que saber a hora que tem que parar.

No caso de James Pond, devia ter parado no "e se a gente fizesse um jogo com um peixe agente secreto chamado JAMES POND?", todo mundo daria um sorriso constrangido e o brainstorm de criação do jogo continuaria. Não devia ter passado desse ponto, quanto mais virar um jogo completo. Quiça então uma franquia. Em sua terceira encarnação, após o segundo jogo ele deixou de ser Robocod - EU NÃO ESTOU DE SACANAGEM COM VOCÊ - e agora é uma paródia de Flash Gordon (o título de desenvolvimento do jogo foi "Splash Gordon") no espaço. Na Lua para ser mais preciso.

E antes mesmo de começar, preciso dizer que há queijo envolvido. Porque é claro que tem.


Ah, bem, como já era esperado James Pond sofreu uma mutação novamente. Ele sempre teve mãos no final de suas nadadeiras musculosas, mas agora ele criou um dedo de peixe extra em cada uma dando uma mão incomodamente humana. Além disso, seu rosto é bem creepy - mas verdade que isso sempre foi assim.

Recapitulando, o primeiro jogo que era a paródia de James Bond que você jogava uma o pior clone do mundo do jogo da Pequena Sereia. O segundo jogo era RoboCop na fábrica do Papai Noel e por isso eu quero dizer que eles apenas atiraram imagens aleatórias na tela. Sério.


O enredo começa onde o RoboCod parou. Parece que o Dr. Maybe (uma paródia ao vilão do 007, Dr. No) sobreviveu a explosão da fábrica do Papai Noel e tem um plano maligno envolvendo controlar o comércio mundial de queijo... o que envolve ir à Lua (que é feita de queijo, como todo mundo sabe) para tirar proveito de seus vastos recursos de queijo inexplorados. Mas minerar o queijo da lua concentrado (e aparentemente radioativo) é apenas uma parte de suas maquinações malévolas, já que ele planeja ... vendê-lo.


A história continua em uma rolagem de texto de Star Wars. Toda essa coisa do monopolio do queijo é uma paródia do ouro em Goldfinger, e aqui essa agitação no comércio de queijo é visto como uma ameaça à liberdade de toda a galáxia para justificar o envio de um agente para acabar com a operação. A grande piada é que esse jogo é de 1993, mas se você for ver tem vários elementos comerciais e economigos no Star Wars de 1999 - Episode I: The Phantom Menace. Então você que os problemas do filme que imortalizou Jar Jar Binks começam por poder ser associado com James Pond...

Antes de começar a falar do jogo, só tenho que dizer que esse é o texto cromado mais estranho que já vi. É como se alguém tivesse esculpido a parte inferior de cada letra; tem uma sombra definida ali. Ok, nível um, vamos lá.


Ih cara, flores dançantes não é algo você quer ver crescendo no seu queijo. Espera aí, como James Pond pode respirar na lua sem ar? Dr. Maybe e seus capangas tinham trajes espaciais na introdução, então eles não estão jogando pelas regras dos desenhos animados aqui. Na verdade, eu tenho uma pergunta melhor, como ele pode respirar sem água já que é um peixe. Ou ele ainda é um ciborgue? James Pond é um personagem complexo de se acompanhar

O ponto básico da maioria dos níveis é só encontrar a saída, mas em alguns vc precisa achar quatro itens chave para abrir o final - do contrário o nível termina e não abre nada no mapa. E as "chaves" que você tem que coletar são ... xícaras de chá.

Não, é sério.

Porque é claro, quando você está tentando parodiar a coisa mais britanica ever como James Bond, você obviamente tem que ir até o fim e ser o mais britânico possível. Eu entendi ESSA piada. O problema é que é jogado mais coisa nessa mesma mistura, o que significa que, de alguma forma, o tema geral do jogo não bate.



Por exemplo, o equivalente a moedas nesse jogo são pequenas luas - a cada mil você ganha uma vida (sim, mil, não cem). Só que o ponto principal do jogo é que estamos tentando parar a produção de queijo, então coletar QUEIJO faria mais sentido do que a ideia furada de coletar LUAS. Sim, claro, estamos na Lua, entendi, mas ... sério? Aí nós temos um jogo que você coleta xícaras de chá, luas, dinamites, laranjas que você pode usar como arma, bigornas... meio que eles só estão jogando coisas aleatoriamente. O que era justamente o problema do jogo anterior.

E se o jogo é desenhado de uma forma que parece que tanto faz, então jogando você fica com a sensação que, bem, tanto faz.


O level design é muito ... estranho. Eu sei que muitos jogos podem ser descritos como "tentaram misturar Sonic e Super Mario no mesmo jogo", mas nesse caso a sensação é muito real. Em alguns momentos o jogo tenta ser rápido e frenético e gotta go fast... e falha miseravelmente porque os desenvolvedores não sabem fazer.

Qualquer momentum de velocidade que você tem sempre é imediatamente punido com um buraco ou inimigo posicionado para dizer "AHÁ! TE PEGUEI!". Cara, isso não faz o seu jogo parecer espertão, só faz ele ser um cuzão que você te que ir andando e parando com nada de yeahhoho gotta go fast!


Quando não está fazendo isso, o jogo está tentando copiar Super Mario World no level design no melhor das suas habilidades... que não são muitas. O principal problema é que os desenvolvedores claramente não entendem o que faz um jogo de plataforma funcionar.

James Pond 3, por exemplo, acha que exigir que cada pulo seja feito numa precisão perfeita de pixels, o que torna o jogo INCRIVELMENTE frustrante a ponto de te fazer querer jogar queijo na TV. Por mais responsivos que sejam os controles, NÃO há espaço para erros em nenhum salto, principalmente porque os blocos copiados do Mario em cada fase são tão pequenos que usá-los para pular seria como tentar pular em um cubo de gelo. 

Em uma nota não relacionada, eu odeio esse sistema de passwords. Sério, cada icone tem quatro cores possíveis, então vc tem que anotar "picareta amarela, flor amarela, homem gordo sem braços e cabeça pequena amarelo... [14 ICONES DEPOIS] cranicola verde, foguete amarelo, bomba amarela, dentadura azul, guardachuva vermelho e magenta"


Sério, olha essa merda de password!

A noticia boa é que não tem um cronômetro em fase, porque você teria dificuldade dada a natureza precisa de cada salto que você tem que cumprir. O jogo tem uma fartura de salas secretas e fases alternativas se você colecionar itens especiais nas fases (mais ou menos como as fases extras de Super Mario World, só que mais bagunçado), e com tempo isso não seria possível.

Bem, não que faça muita diferença porque encontrar segredos no jogo é quase impossível quando você está pulando em plataformas curvas e nosso fishboy desliza abismo abaixo. Esse é um level design flagrantemente pobre. 

Vai vai vai vai... acabou o embalo...

Na verdade, mesmo pular não parece muito natural. É uma mistura de flutuante e pesado ao mesmo tempo, meio dificil de descrever mas definitivamente não tão bom assim. James Pond 3 é muito bom em te frustrar, e esse jogo é a frustração em pessoa! Ou em peixe.

Uma coisa que o jogo faz certo é permitir andar em paredes, especialmente em fossos, o que é bom. Isso alivia o stress de ter que pular em plataformas terríveis para fazer isso. No entanto, isso só permite que ele suba até certo ponto antes de perder embalo, o que é bom no papel porque é... fisicamente realista? Deixa eu ver se eu entendi: você é um peixe Flash Gordon, na Lua, para impedir que o queijo do qual a Lua é feita seja roubado e arruine a economia mundial... com queijo... alem de que você parar de cabeça pra baixo no teto. Mas na hora de correr pela parede, nesse momento específico, AGORA então o jogo decide ser fisicamente realista?

Fisica realista!
Sefoderem, namoral.

Como o level design do jogo de é tão pobre, o jogo todo acaba parecendo totalmente frustrante. O aspecto da velocidade do jogo não parece necessário - tá ali só porque alguém achou legal, não porque foi pensado sobre isso com cuidado.

Alguns power-ups são úteis, admito, e muitas vezes são colocados onde são necessários - o que é bom. Mas no grande esquema das coisas, o design dos níveis é tão aleatório que realmente faz o jogo parecer desnecessariamente com um labirinto e muito parecido com uma toca de coelho. Acredite, os traços mais icônicos dos jogos do Mario e do Sonic estão em jogos separados por uma razão.

Se você prestar bem atenção no GIF, poderá ouvir um game developer gritando "AHÁ! TE PEGUEI!"

Como deu para notar, James Pond 3: A Operação Starfish não foi o ponto alto da minha semana, mas honestamente eu estava me preparando para pior. Lembrei-me de que este jogo, nascido no malfado e odioso maldito seja AMIGA, era um pé no saco tremendo. Mas esse aqui foi apenas um pé no saco moderado.

Talvez eu esteja sendo um pouco duro, mas quando um jogo cobre seus níveis com declives e depois te pune por correr, tem um problema aí. JP3 é como uma mistura de Sonic the Hedgehog e Super Mario World feitas por um desenvolvedor de Amiga e se isso não parece ruim apenas falando em voz alta,  tente fazer James Pond pular e pousar em um maldito bloco. 

O jogo é enorme e isso poderia ser uma coisa boa, se os passwords não fossem tão estranhos e enormes para se anotar. Seria bom ter a opção de desligá-lo a qualquer momento, porque tem mais de 100 fases aqui. O que é um problema problema porque todos eles são mais ou menos parecidos: são todos com aparência alienígena com terra amarela, fundos roxos esfumados e céu escuro. 

Esse é o mapa de seleção de fases, alguém definitivamente andou jogando Super Mario World



Você pode derrotar inimigos pulando neles, socando, atirando neles com armas de frutas, explodindo-os com bombas e dinamites ou até jogando queijo neles, mas não encontrei uma maneira de me divertir enquanto fazia isso. Eles eram menos uma pista de obstáculos para transpor e mais uma série de roadblocks colocados para poder gritar "AHA! TE PEGUEI".

Definitivamente a melhor coisa a respeito de James Pond 3 é que é o último jogo da série, e saber que eu jamais vou tocar em um James Pond novamente na vida faz eu me sentir um pouco melhor.

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