De vez em quando, mais frequentemente sim do que não, surge um jogo em que você apenas se pergunta: "O que diabos eles estavam pensando?".
À medida que a era dos 16 bits avançava, um dos generos mais comuns lançados eram os jogos de plataformas, e os desenvolvedores estavam desesperados
para fazer sua marca na indústria, tornando seu jogo memorável de alguma forma seja por gráficos, conceitos ou alguma mecanica criativa e interessante. Quer dizer, de uma forma ou outra a maioria das produtoras
tenta fazer isso. Mas às vezes, algumas fatídicas vezes, eles apenas pensam “nah, foda-se essa merda, não vamos tentar é porra nenhuma mesmo, fodam-se vocês e fodam-se os cães
de vocês”.
A capa europeia do jogo... pelamor, alguém alguma vez alugou uma aberração dessas?! |
E aqui temos um exemplo disso. Um joguinho chamado As Aventuras do Dr. Franken. E já começamos bem, já começamos top de linha porque nesse jogo
você não joga com o Dr. Frankenstein e sim com o monstro que não tem nome. Ok, é relativamente comum as pessoas não saberem que não é o monstro que se chama Frankenstein, mas
eis minha humilde abordagem sobre o tema: SE VOCÊ VAI FAZER UM JOGO SOBRE UM PERSONAGEM, AO MENOS SAIBA QUEM ELE É DIABOS! Seria tipo fazer um jogo sobre o Chester Cheetah e não saber o que é o Cheetos...
o que foi mais ou menos o que aconteceu em TOO COOL TO FOOL... mas puta que me pariu mesmo, qual é o diabo do problema desses caras que fazem jogos? Tá, eu sei que em 1994 não tinha internet, mas porra
eu não to pedindo pra vocês dizerem qual é o PIB do Uzbequistão (50.5 bilhões de dolares em 2018) e sim quem é a porcaria do Frankenstein! Não é exatamente uma ciencia
obscura, é?
Bem, seja como for, temos então um jogo de plataforma estrelando uma versão cartoony, de óculos escuros e bermuda do monstro do Dr. Frankenstein. Que
aqui se chama Franky. Quão original. E qual é o objetivo do nosso amigão da vizinhança, Franky? Bem, isso é fácil de responder! É para encontrar os restos de sua namorada espalhados
pelo mundo. É claro, você é um monstro tipo-Frankenstein feito de partes humanas, nada mais natural do que sua namorada também ser feita dessa forma! Mais precisamente, as partes do corpo de sua
namorada estão espalhadas pelo mundo e você deve encontra-lo para montar sua mina novamente.
Pouco surpreendentemente, tem uma fase em Curitiba. Abaixo você entenderá o porque |
Mas... Por que ela está em pedaços, você pergunta? Oh, super simples de explicar: Franky queria ir de férias, mas é muito caro pagar passagens
para 2 pessoas, então ele desmontou sua namorada e mandou os pedaços dela pelo correio!
O objetivo era envia-la pelo correio para Nova York onde eles passariam férias, só que como Franky é um cara meio atrapalhado, acabou enviando os pedaços
dela para vários lugares diferentes do mundo! Oh, esse Franky, sempre um distraído...
..... espera, o que?! Quão perturbado você precisa estar para criar algo assim em um jogo de plataformas infantil?!
Oh, hi Mark |
Acredito também que eu devo avisa-los que essa premissa errada... bastante errada em todos os sentidos... é a coisa mais memóravel do jogo. Daí
pra frente é só ladeira abaixo.
Em cada um dos 20 níveis deste jogo esquecível, você deve encontrar quatro partes das partes do corpo de sua namorada. Parece fácil, mas quando
você estiver jogando um dos mais frustrantes e irritantes jogos de plataforma do SNES, nada é tão simples...
Os inimigos tem muita vida e podem te matar em poucos. Não importa se sua barra de vida, porque cada acerto diminui em 1/4 seu HP. Sem brincadeira. E matá-los
é uma dor. Você tem alguns ataques, incluindo um chute e uma coisa de choque ... eu não sei o que é essa merda, é como se você estivesse atirando um kame-hame-ha nos inimigos. O problema
é que cada botão do controle ataca para um lado. Para chutar para a direita você aperta Y, para atacar para a esquerda você precisa apertar A.
Porque não apenas pode atacar na direção que você está virado como TODO E QUALQUER JOGO DE PLATAFORMA EVER? Vocês fazem ideia do quão
contraintuitivo é isso? Vocês já jogaram algum jogo de videogame na vida?
Provavelmente jogaram tanto videogame quanto leram Frankenstein, os safados...
Seja como for, tendo que lidar com controles absurdamente pouco intuitivos você é jogado em níveis que de alguma forma menos intuitivos ainda de se jogar.
O objetivo em cada fase é coletar 4 itens e achar a saída, só que a exploração não faz nenhum sentido.
Para pegar esse pedaço da sua namorada, por exemplo... isso parece tão errado... Seus pulos obviamente não alcançam, não tem nenhuma plataforma
para você pular até ali, mas você precisa pegar esse item. Então, como faz?
Super easy, barely an inconvenience! Se você der a volta na fase e pular do andar de cima, por algum motivo agora seu pulo alcança! Mas é claro! Faz todo
sentido do mundo... só que não! Como isso sequer tem alguma coerencia? E o jogo é repleto de momentos nonsense assim, recheado de inimigos que precisam de muitos mais hits para morrer do que você
tem de vida
Mas como dá pra melhorar isso? É claro, o favorito absoluto de ZERO pessoas, colocar limite de tempo em fases labirinticas! Porque todo mundo quer limite de
tempo em fases que a maioria dos objetos fica escondida atrás de paredes pelas quais você nunca imaginaria poder atravessar!
Sério caras...
Bom, tem duas coisas boas sobre este jogo. Um deles é o gráfico, pois visualmente é realmente bem feito. As animações são boas,
a de perder uma vida é especialmente bem fluída. Mas o principal que dá pontos de bônus a este jogo (pontos de bônus muito limitados, mas ainda assim) é a música. A música
é incrível. Você tem algumas músicas clássicas aqui que são remixes techno de 16 bits. A abertura do jogo, por exemplo, é um remix techno de Moonlight Sonata e ficou realmente
bem legal.
Fora isso, não se pode dizer muito sobre este jogo de plataforma bastante lamentável. É divertido nos primeiros 30 segundos, até você entender
como os controles funcionam... depois é apenas uma espiral descendente de frustração.
A detecção de hit defeituosa, o design de nível desajeitado e o número limitado de vidas garante que a maioria das pessoas nunca termine o jogo.
Dito isto, isso se deve mais ao fato das pessoas desistirem desistirem por frustração e indiferença com o jogo do que pela dificuldade acentuada. Existem muitos outros jogos de plataforma decentes para
você precisar se punir jogando isso. A menos que você tenha algum tipo de obsessão por representações toscas do monstro de Frankenstein, vá em frente.
Mas, falando sério, se você não tem dinheiro para passagens aéreas, não corte sua namorada e envie peças dela para o mundo todo.
Isso não é legal.