sexta-feira, 17 de julho de 2020

[AÇÃO GAMES 037] B.O.B. (SNES, 1993)[#436]




Antes de começar, eu gostaria de dizer que independente de como esse jogo se saia enquanto jogo, eu não vou classifica-lo como um "the worst of" devido ao fato dele ter a melhor história de um jogo de 16 bits que eu já vi até hoje. Apenas por esse mérito B.O.B. (que eu vou chamar de Bob, essa sigla não significa nada mesmo) merece um refresco.
Vamos lá: Robertão da Massa, vulgo Bob, é um robo adolescente e como mecanoide que se prese nessa faixa etária, só tem realmente uma preocupação em sua vida digital - e essa seria colocar as arruelas pra jogo, dar aquela pimbada selvagem no canto do cavalo manso. Enfim, Bob tá ligado em uma coisa apenas: cyber-ppks. 

Eu realmente gosto dessa expressão de "ah, fuck" dele


Porém, como qualquer garoto adolescente pode te dizer, dates não simplesmente caem no seu colo assim. Eles exigem muito trabalho, toneladas de rejeição, mais rejeição ainda e quando você está se achando a maior falha na história da cadeia evolutiva de todos seus ancestrais, toma mais rejeição. Por isso mesmo, quando uma oportunidade se materializa, você não pensa duas vezes em agarra-la - até porque sabe-se lá quando vai ter outra, se é que vai ter outra.

Aqui é onde encontramos nosso robo safadeeenho, de alguma forma que nunca é explicada no jogo (eu gosto de pensar que alguma pobre coitada perdeu uma aposta, acontece mais do que você imagina), ele conseguiu um encontro as cegas com alguma robozete que em seu coração não é apenas cyber, mas também uma maidcatlolimilfaraara

EU NÃO ACHO QUE SE POSSA SER LOLI E MILF AO MESMO TEMPO...

Você obviamente subestima o poder do Japão.

ESPERA, QUE? AI, DEUS, EU ESTOU VISUALIZANDO AGORA, PORQUE VOCÊ... OUCH... DEUS EU NUNCA MAIS VOU CONSEGUIR FECHAR OS OLHOS SEM VER ISSO ...

De qualquer forma, essa fantasia é minha ou sua?

QUE FANTASIA? ACHEI QUE TU TAVA FALANDO DO JOGO!

Que jogo?

DEIXA PRA LÁ...

Ah sim, Bob, isso. Então, Robertão conseguiu um blind date - que é melhor que nenhum date, afinal - e de bonus descolou o possante do seu pai robô para impressionar a cyberbabe. A vida é bela e o paraíso é um comprimido.




Esses coroas, até quando eles vão achar que sabem mais do que adolescentes que nunca pagaram um boleto na vida mas tem um monte de ideias para melhorar o mundo que ninguém nunca colocou em prática só porque ninguém nunca pensou nelas antes?



Mas é claro que histórias felizes não dão videojogos e logo a desgraça impede a vida deste robozinho. Cuidado Bob, sua guaribada no tic-tac depende disso!


Ufa, essa foi por pouco! Mas manera ae, Ayrton Bob, senão o fim chegará antes do que você espera!

Eu não disse? 

Assim, nosso herói bate a máquina em um asteróide e agora está a pé. Isso impedirá nosso hormonico amigo de chegar ao seu contatinho? Esta é sua missão agora! Atravessar todo o campo de asteróides, eliminando toda e qualquer forma de vida que está entre Bob e sua trocada de oleo!

DEIXA EU VER SE EU ENTENDI, ENTÃO OS ALIENS TÃO ALI DE BOAS, VIVENDO NA CASA DELES, CUIDANDO DAS COISAS DELES, QUANDO UM ROBO ADOLESCENTE CHUTA A PORTA COM O PISTÃO NA MÃO MASSACRANDO TUDO QUE EXISTE ENTRE ELE E SUA ORGIA CIBERNÉTICA?

Basicamente, sim.

ESTOU MUITO SURPRESO DE JÁ NÃO TER UM FILME DA TROMMA SOBRE ISSO.

Palavras mais verdadeiras jamais foram ditas, Jorge. Seja como for, este é Bob e sua missão aqui é ajudar nosso robótico teen a dar um tapa na tarraqueta. 10/10, GOTY.



Agora falando sério, eu realmente gosto do design do nosso amigo Boberto. Estamos naquela época pós-Sonic que todo mundo quer emplacar um mascote com a criançada custe o que custar, o que nos brindou com acidentes de trem como CHESTER CHEETAH: TOO COOL TO FOOL ou BUBSY in: CLAW ENCOUNTERS OF FURRED KIND. Bob é um personagem dessa leva, com gráficos bem cartunescos e grandes olhões de anime emotivos, mas ao contrário de todos os outros ele não parece tentar demais. Eu realmente gosto do design desse taradinho.

Ajuda muito que a Gray Matter tenha colocado algum esforço na animação do personagem principal e, tal qual Bubsy, existem muitas animações cartunescas de morte para as mais variadas coisas que podem te dilacerar. Mais importante que isso, no começo de cada fase Bob diz uma frasesinha e no fim de cada uma faz uma pequena dancinha, e isso revela sua personalidade do quanto ele é um uber dork descordenado. Não é atoa que ele esteja tão desesperado pra chegar nesse date, provavelmente vai ser sua única chance mesmo.



Ele parece uma mistura do Mega Man com a Samus Aran, na forma de uma formiga. Eu totalmente veria um cartoon desse carinha. 

Mas Bob não é um cartoon, e sim um jogo. E como ele é enquanto jogo? Beeem...

É necessário explicar que Bob não apenas foi feito pela Gray Matter, como ele usa a mesma engine  e programação de outro jogo dessa empresa que eu comentei não faz muito tempo: WAYNE'S WORLD  Sim, Bobeico é basicamente um dos piores jogos do Super Nintendo só que com outros gráficos e novos gimmicks. Ok, suponho que eu falei cedo demais quando disse que não ia dar um selo "The Worst of" para esse jogo...

FUN FACT: esse jogou lançado no Japão seis meses depois de ter sido lançado no ocidente, e por algum motivo os japoneses acharam que precisaram dar uma apimentada nas coisas... mudando o nome do jogo para Space Funky B.O.B. Os gráficos da tela de apresentação também foram mudados para esse 3D ruim, because Japan
A boa noticia é que a Gray Matter jogou Wayne's World e se deu conta do tamanho da caca que eles fizeram naquele jogo. Assim sendo, eles realmente se esforçaram para resolver os problemas que apareceram antes. E quer saber? Eu diria que eles conseguiram. Bob de fato resolve a maior parte dos problemas de Wayne's World e não sofre dos mesmos males.


A detecção de colisão é MUITO melhor, e o peso do seu personagem parece certo agora. Você apenas não flutua pelas fases perdendo vida em tudo que toca em você. Suas armas também parecem diferentes umas das outras, e jogando você tem a sensação que o ataque você escolhe faz diferença. Sinceramente, Wayne's World parece a versão beta de um jogo pronto e Bob é esse jogo.

Com efeito, existem seis armas diferente aqui, que sem sensações diferentes enquanto armas e permitem estratégias diferentes. Mais importante que isso, existem seis power ups também que dão poderes especiais para sua mobilidade nas fases - permitindo novos caminhos ou acessar novos lugares.


Por exemplo, o jogo tem dano de queda quando você cai de muito alto. Só que ao contrário de Bubsy, isso não é um acidente e sim uma decisão deliberada: um dos seis power ups é um guarda-chuva que justamente permite você Mary Poppear as quedas altas. Então gerenciar seu uso de guardachuvas na verdade é um elemento de exploração do jogo

Assim como você tem o item do helicoptero e a mola para explorar para cima, tem o guarda-chuva para explorar para baixo.  Isso é uma decisão de design que eu posso entender. 


No aspecto tecnico, então realmente pode-se dizer que o que podia ser salvo de Wayne's World foi salvo e Bob é quase um jogo agradavel de se jogar. Quase. Isso porque nenhuma melhoria tecnica pode salvar o maior problema desse jogo: o MAL GOSTO DA PORRA DA GRAY MATTER!

Porque, ok, eu entendo, vocês gostam de fazer jogos com fases labirinticas e repletos de traps se o jogador ousar escolher o caminho errado sendo que não tem como ele saber o que está escolhendo. Eu entendo, colocar poços de ácido depois de saltos de fé é o que realmente faz vocês felizes, fixe. Eu não gosto desse tipo de jogo, mas se é o que faz o pipi de vcs durinho, whatever it works for you, man.

Essa espiral é o final da fase, mas acabou o tempo! Realmente,  quero ver explicar isso pro seu date
O que eu NÃO consigo entender, entretanto, é porque causa, motivo, razão ou circunstancia, eles decidiram fazer uma coisa que não fizeram em Wayne's World: adicionar um LIMITE DE TEMPO! Mas puta que o pariu da macarronada de berinjela, quem é o sacripantas que coloca limite de tempo em fases que você tem que encontrar a saída?

Apenas WHY, Gray Matter, WHYYYYYYYY???!!?!?!



E obviamente que o tempo é um grande problema aqui. Não é algo nível Strider 2 onde MESMO SABENDO O CAMINHO mal dá tempo de terminar a fase, mas continua sendo um grande complicador e você não pode dar mole de jeito nenhum. Isso é piorado pelo fato que o level design desse jogo é todo claustrofóbico e a munição é limitada, então você tem que avançar pelas fases com muito cuidado. Você não pode apenas blast your way, mas também não pode ter cuidado demais porque você tem um tempo apertado pra terminar a fase.

Isso faz Bob ser muito, muito, mas MUITO mais dificil do que ele precisava ser. Gente, é um jogo de 47 fases que dá passwords a cada 4 (e não um para cada fase), as crianças já vão passar uma eternidade jogando isso! Não tem a menor necessidade de avacalhar, porra!

Ao contrário de Wayne's World, Bob não é um jogo mal feito - pelo contrário, dá pra ver que os desenvolvedores realmente colocaram esforço e atenção aos detalhes. As cutscenes entre cada mundo, por exemplo, são engraçadinhas.
Depois de derrotar o primeiro chefe, Bob rouba o carro dele (como um monstro centopeia de 5 metros de altura usava esse carro jamais saberemos, entretanto) e está pronto para sua pimbada atomica. Tanque cheio e antenas ao vento!


Fuó fuó fuó fuooooooooooooom
Infelizmente eles também colocaram péssimas decisões de game design que tornam Bob muito mais frustrante do que ele deveria ser. Eu lembro de ter alugado esse jogo de capa tão bonitinha uma ou duas vezes quando era criança, mas nunca consegui passar das primeiras fases - de fato, minha lembrança mais nitida desse jogo é quanto a claustrofobia do level design com limite de tempo me deixava frustrado.

Trinta anos depois, nada mudou.



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EDIÇÃO 045