Sabe, esses dias mesmo eu estava pensando qual seria meu desenho favorito quando eu era criança. Embora, é claro, Cavaleiros do Zodíaco tenha sido o acontecimento cultural da década e seria uma resposta aceitável, bem, todos os meninos gostavam de Cavaleiros do Zodíaco e isso não me faria cool e descoladão como eu gosto de achar que sou. E porque CdZ é muito ruim, tem isso também.
Por isso eu invoco a obscura regra idiota que animes não são desenhos animados (mas são) e assim estou livre para escolher novamente, e nesse aspecto existem apenas três concorrentes realmente a altura: Ducktales, Tartarugas Ninja, e a outra opção que é a que eu vou realmente escolher porque ainda hoje é um desenho bom: Tiny Toon.
Mais uma vez, a capa japonesa do jogo é muito mais legal |
Tiny Toon é um desenho bem a frente do seu tempo, e que tinha a até então inédita qualidade de ser um desenho animado para crianças, mas escrito por adultos. Anos mais tarde esse sub-genero se tornaria a minha favorita de animação e mesmo de entretenimento e sem Tiny Toon, não teriamos desenhos inacredivalmente bons como Gravity Falls, My Little Pony (ou foi em algum ponto, mas isso é outra história), Volton e aquele que é o melhor desenho da vida (so far), Steven Universe.
Para ser sincero, atualmente eu tenho gostado mais de cartoons inteligentes do que animes, e isso é dizer bastante coisa sobre mim. E, como eu disse, Tiny Toon foi o primeiro desses cartoons espertos, pelo menos até onde eu consigo lembrar.
E embora eu não tivesse na época esse entendimento que eu tenho hoje sobre animação, meus sentimentos eram mais ou menos parecidos. Em 1994 eu já tinha um Super Nintendo, mas ao preço de ter vendido o meu velho Bit System de guerra - colecionar consoles é um luxo que você não tem quando é pobre, é vender um pra comprar o outro. E, verdade seja dita, não fazia muita diferença porque o trem da história já tinha andado e o NES ficou para trás.
Houve um jogo, entretanto, e apenas um, que me fez realmente desejar voltar a ter um Nintendinho. Alguns poucos jogos me fizeram ter vontade de ter um Mega Drive, mas só um realmente teve esse efeito comigo a respeito do antigo videogame da Nintendo. Mesmo já tendo jogado o Tiny Toon de Super Nintendo, que é um jogo muito muito bom, eu realmente quis muito jogar esse jogo na época. Isso é o quanto eu gostava de Tiny Toon.
Eu nunca joguei esse jogo até agora, entretanto. Será que Tiny Toon Adventures 2: Tretas na Malucolandia corresponderá as minhas espectativas? Sexta, no Globo Reporter!
Antes de começar a falar do jogo em si, eu gostaria de falar dos aspectos tecnicos dele. E com isso eu quero dizer PUTA QUE O PARIU! Eu não vou dizer algo do tipo "nossa, até parece essas músicas são de Super Nintendo" ou algo do tipo, mas é inacreditavelmente impressionante como a Konami conseguiu reaproveitar as músicas do jogo do Super Nintendo no hardware limitado do seu antecessor. Vou te dizer que essa é uma das melhores trilhas sonoras que eu já vi em um jogo de 8 bits.
O mesmo pode ser dito dos gráficos, dá pra ver que nessa época a Konami estava conseguindo tirar 100% da capacidade do Nintendinho. Bons tempos da Konami, ela faz falta nos dias de hoje... Mas enfim, aspectos tecnicos a parte, a pergunta que importa é... jogar o jogo é bom?
Hmmm... depende...
A coisa é que esse jogo pertence a um genero pelo qual eu realmente não possuo nenhum amor: as coletaneas de minigames. Dentro do que ele se propõe a fazer o jogo vai muito bem, mas a coisa é que eu realmente não gosto do que eles propõe a fazer.
Existem cinco atrações no parque correspondendo, sendo que apenas quatro estão disponíveis. Para desbloquear o castelo (e terminar o jogo) você precisa vencer os quatro estágios anteriores e ter um total de 50 ingressos (você compra um ingresso com 3 mil pontos, mais ou menos). Sendo que para jogar cada um dos brinquedos você também precisa de ingressos, então existe o risco real de você tomar um game over por falta de pontos.
Quando você acha que já viu tudo...
Mas isso sendo dito, vamos ver as disneyslandzias!
LOG RIDE: Vindo de uma era em que as pessoas tinham menos maldade no coração, cabe ao nosso ferrado aspirante a vilão Frajuto a diliça de sentar na tora. Essa fase é basicamente isso, você tenta ficar parado na plataforminha (no começo da fase uma tora, depois uma gaiolinha) enquanto a fase tenta te derrubar em adição a um estropiamento de Tweets saídas do inferno. Bem, tecnicamente estropiamento é o coletivo de corvos e não de bichinhos rosas inspirados no piu-piu, mas que outra chance eu vou ter de usar essa palavra?
TRAIN RIDE: Nessa fase você joga com Presuntinho, porque a tradução é muito mais legal que o original, e meio que é uma fase de plataforma em cima de um trem enquanto a tela fica avançando. O jogo então joga todo tipo de coisa em você para fazer com que você se atrapalhe e seja engolido pela tela, mas nem todas as forças do inferno pararão um presunto determinado a ganhar tickets!
Sabe o que eu fiquei pensando enquanto jogava essa fase? Por que o Presuntinho apenas não entra dentro do trem, como qualquer outra pessoa que visita esse parque? Ele comprou um pacote super economico e só dá pra ir no teto, ou eles foram na filial da Malucolandia na India por acaso?
BUMP-CAR: De longe a fase mais criativa do jogo e a que mais me chamou atenção quando eu vi a Ação Games quando criança. É um daqueles carrinhos de bate-bate de parque de diversões, só que dentro de um pinball. Seu objetivo é empurrar os outros para os buracos, e seus inimigos são os controles carregados de inercia que demoram a mudar e a voz na sua cabeça que diz que você devia estar fazendo algo mais produtivo da sua vida do que tentar causar lesões espinhais (ninguem sabe onde esse buraco vai dar, se é que tem fundo) a ratos de 8 bits que só estavam na deles curtindo um passeio no parque.
MONTANHA RUSSA: A fase da Lillica é parecida com a do Frajuto, com a diferença que tem um botão para virar a plataforma de cabeça pra baixo para você passar quando não tem espaço nem abaixando. E não, não dá pra inverter a plataforma para usar a gravidade e ver o que tem embaixo da saia da Lilica. Embora esse jogo tenha sido programado por japoneses, Tiny Toon não é anime.
E... hã... não é como se eu tivesse tentado, caham... mas enfim, essa também é a fase mais dificil do jogo, é basicamente a fase do Frajuto só que a um bazilhão de quilometros por hora. A menos que você decore toda sequencia de botões, não tem como passar dessa fase.
FUN HOUSE: Após completar os quatro rides e ter 50 ingressos, você pode ir no último desafio do jogo onde você joga com Perninha. Se você morrer não precisa vencer as fases de novo, mas perde os 50 ingressos. Essa fase é praticamente uma adaptação do jogo do Super Nintendo, Perninha tem os mesmos movimentos só que usando menos botões para isso (ele tem até o Flash Kick do outro jogo) e essa é uma fase de plataforma bastante comum.
Quer dizer, labirintica, mas comum. Não é ruim, entretanto. Essa também é a única fase que tem um chefe, onde você precisa dar bicicletas em bombas jogadas pelo Valentino Troca-tapa de seu dirigivel.
Por que ele não parou de jogar bombas quando percebeu que suas próprias armas estavam sendo usadas contra ele? Deve ser uma dessas coisas de vilão que eu jamais vou entender, né Palpatine?
Tiny Toon Adventures - para o Nintendinho é um jogo que você pode provavelmente terminar em cerca de meia hora, mas dificilmente devido a necessidade de farmar ingressos. Não que realmente importe quanto tempo demore para terminar, já que ele não tenta ser uma grande aventura e sim apenas uma coleção de minigames.
Os gráficos são brilhantes e coloridos, os efeitos sonoros e a música são espetaculares para o NES e o jogo é cheio cheio de personalidade. Esse é um jogo bem simples, de tempos mais simples que teria se sentido mais a vontade nos anos 80 do que quando foi lançado - em meio a guerra dos 16 bits.
É legalzinho e é Tiny Toon, e pra mim isso é o suficiente. É um jogo de outro tempo, tempos em que era só você, uma caixa cinza, um joystick de dois botões e todas fantasias furries que você puder ter com waifus antropomorficas de desenhos animados dos anos 80.
Espera, o que?