Em 1996, Masaya Masura apresentou ao mundo uma ideia deveras criativa: uma forma de fazer música, mas sem a complexidade da mesma. Toda a sensação que vc está tocando algum instrumento, porém com instruções simples na tela e apenas 6 botões ao invés da profundidade de acordes e timbres que exigem anos de prática por horas para ser dominada. Ou seja, um brinquedo para o usuário achar que estava fazendo música, mas sem a real complexidade do processo.
Esse jogo foi conhecido como PARAPPA THE RAPPER e obviamente que foi um sucesso do tamanho da Cornuália, sendo um dos 60 jogos mais vendidos da história do Playstation (o que é bastante coisa em um console que teve mais de 7 mil jogos lançados, lembre-se). Isso mostrou que havia um claro nicho de pessoas querendo brincar de fazer música, e logo todo um genero nasceu da noite para o dia capitalizando em cima disso. Jogos como BEATMANIA e BUST A GROOVE se tornaram comuns na industria.
Porém entre todos os jogos desse genero, certamente um dos mais aguardados era justamente a sequencia do jogo que deu origem a essa moda toda, a sequencia do nosso rappeiro PARAPPA. E hoje esse dia, a DESIMPROVISADORA CORDEIRINHA!!! ... que foi, essas palavras não tem uma tradução direta em portugues, eu faço o melhor que eu posso, tá?
Ao invés de ser uma continuação direta do primeiro jogo (embora viria a ser lançado um Parappa the Rappeiro 2 posteriormente), esse jogo segue a cordeirinha Jammy e tenho que dizer que ela é uma personagem vagamente mais interessante. Isso porque Jammy tem problemas de ansiedade e timidez, e só encontra força para lutar por si mesma quando atrás da sua guitarra...
... espera, esse não é basicamente o conceito de Bocchi The Rock?
Que coisa curiosa, ontem eu comentei sobre o jogo que foi a inspiração para Attack on Titan, LEGEND OF LEGAIA, e hoje temos um jogo que é o conceito de Bocchi the Rock. Bem, suponho que os criadores de manga de hoje cresceram jogando jogos de PS1 nessa época, afinal...
Seja como for, ao contrário do jogo anterior, é menos um episódio de Doug com nosso herói passando por situações relacionaveis e recorrendo ao seu mundo de fantasia e mais sobre nossa heroina introvertida social tentando chegar no show da sua banda - a LATADELEITE - a tempo e o mundo conspirando para dete-la. Felizmente, nada que não se resolva com solos NERVOUSOURS de guitarra. Mais felizmente ainda, a quantidade de drogas envolvidas na produção desse jogo estourou o talo pq as paradas são realmente loucas.
Tipo, muito, como a fase em que Lammy come uma pizza gigante por recompensa de salvar um predio de um incendio usando o poder do rock'n roll, fica buchuda igual o Luffy depois de comer, uma enfermeira vê a adolescente de tipo uns 12 anos barriguda e acha que ela tá gravida, leva ela pra maternidade e uma vez esclarecido o mal entendido ela faz um solo de guitarra usando um bebê como air guitar.
HÃ, VOCÊ REPAROU QUE ESTÁ APENAS COLANDO PALAVRAS ALEATÓRIAS? ISSO É UM AVC OU ALGO DO TIPO?
Juro que não, a pegada é nesse nível mermão. Aqui o processo é rápido e o sistema é bruto. Então, é, Lammy é uma garotinha carismática em sua insegurança e timidez que passa por aventuras regadas a todas dorgas conhecidas pelo homem, especialmente para um jogo de PS1 de 1999. Até aqui tudo bem, magrão, o problema... ah, sempre tem né... o problema começa na hora de apertar os botões. Quero dizer, não é um eufemismo, o problema realmente está em apertar os botões!
Isso pq Lammy é um jogo muito difícil principalmente porque, e eu descobri que isso é um problema recorrente que as pessoas tem com o jogo, esse é um jogo de ritmo musical que apertar os botões quando eles aparecem na tela é algum tipo de ciencia oculta, e claramente eu devo estar faltando sacrificar um bode ou algo assim pra esse jogo funcionar.
Como um jogo de ritmo, Um Jammer Lammy é dividido em várias músicas, cada uma atuando como uma fase - como esperado. Na parte de cima da tela você vê uma sequência de entradas que precisará imitar a batida da música... o que é um conceito muito simples na teoria. Na prática, a teoria é outra e por dois problemas principais.
O primeiro é que ou o tempo das notas requer precisão milimétrica de lasers com tubarões, ou eu sou realmente ruim. Tá, eu tenho o tino musical de uma beterraba, mas eu sempre consigo acertar "uma quantidade razoável" de notas, porém sempre erro o suficiente para não avançar e o problema é que eu nunca consigo entender onde eu estava errando! Eu começava uma música indo muito bem e então inexplicavelmente começava a errar notas que eu não sentia que estava realmente errando. O jogo realmente faz um trabalho muito ruim em te comunicar o erro no seu timing, e vc fica meio que no limbo sem saber se está certo ou errado!
O segundo problema é que para passar da classificação "Bom" e entrar na zona "Legal", você tem que improvisar. O que isso significa é que você precisa tocar notas que não estão realmente na tela, enquanto mantém a batida. Pelo menos, é o que significa em teoria. A realidade é que, uma vez que você sabe a nota que deve tocar, você pode simplesmente apertar o botão como um louco e acumular uma tonelada de pontos por isso! Então esse jogo é realmente dificil em uma parte, mas por outro lado esses momentos quebram pela facilidade e nenhuma das duas pontas é realmente bom gameplay.
Parecia que na maioria das vezes eu era punido pelos movimentos que achava que tinha acertado e, inversamente, recompensado pelos que achava que tinha errado, o que torna esse jogo mais de chute que qualquer coisa... e meio que isso derrota o proposito da coisa toda, não?
No fim do dia, Lammy é uma protagonista muito adorável e simpática e há boas adições evolutivas como modos cooperativos/competitivos para dois jogadores, replays de performance e até mesmo uma reaparição jogável edificante do próprio Parappa. Lammy tambem tem muitas músicas cativantes (embora eu prefira as do original) e eu elogio Masaya Matsurra por apenas não fazer um DLC com novas musicas em generos diferentes (ao contrário do primeiro jogo que é sobre Rap, aqui temos de trash metal a surf music), há um real esforço criativo aqui. Apenas realmente eu gostaria que a jogabilidade fosse refinada, e quando vc critica a jogabilidade de só apertar os botões que aparecem na tela - quer dizer, o quão mais simples isso pode ser? - é pq alguma coisa errada não está certa aqui...