quinta-feira, 10 de outubro de 2024

[#1314][Mar/1999] UM JAMMER LAMMY


Em 1996, Masaya Masura apresentou ao mundo uma ideia deveras criativa: uma forma de fazer música, mas sem a complexidade da mesma. Toda a sensação que vc está tocando algum instrumento, porém com instruções simples na tela e apenas 6 botões ao invés da profundidade de acordes e timbres que exigem anos de prática por horas para ser dominada. Ou seja, um brinquedo para o usuário achar que estava fazendo música, mas sem a real complexidade do processo.

Esse jogo foi conhecido como PARAPPA THE RAPPER e obviamente que foi um sucesso do tamanho da Cornuália, sendo um dos 60 jogos mais vendidos da história do Playstation (o que é bastante coisa em um console que teve mais de 7 mil jogos lançados, lembre-se). Isso mostrou que havia um claro nicho de pessoas querendo brincar de fazer música, e logo todo um genero nasceu da noite para o dia capitalizando em cima disso. Jogos como BEATMANIA e BUST A GROOVE se tornaram comuns na industria.

Porém entre todos os jogos desse genero, certamente um dos mais aguardados era justamente a sequencia do jogo que deu origem a essa moda toda, a sequencia do nosso rappeiro PARAPPA. E hoje esse dia, a DESIMPROVISADORA CORDEIRINHA!!! ... que foi, essas palavras não tem uma tradução direta em portugues, eu faço o melhor que eu posso, tá?

Ao invés de ser uma continuação direta do primeiro jogo (embora viria a ser lançado um Parappa the Rappeiro 2 posteriormente), esse jogo segue a cordeirinha Jammy e tenho que dizer que ela é uma personagem vagamente mais interessante. Isso porque Jammy tem problemas de ansiedade e timidez, e só encontra força para lutar por si mesma quando atrás da sua guitarra...

... espera, esse não é basicamente o conceito de Bocchi The Rock? 


Que coisa curiosa, ontem eu comentei sobre o jogo que foi a inspiração para Attack on Titan,  LEGEND OF LEGAIA, e hoje temos um jogo que é o conceito de Bocchi the Rock. Bem, suponho que os criadores de manga de hoje cresceram jogando jogos de PS1 nessa época, afinal...

Seja como for, ao contrário do jogo anterior, é menos um episódio de Doug com nosso herói passando por situações relacionaveis e recorrendo ao seu mundo de fantasia e mais sobre nossa heroina introvertida social tentando chegar no show da sua banda - a LATADELEITE - a tempo e o mundo conspirando para dete-la. Felizmente, nada que não se resolva com solos NERVOUSOURS de guitarra. Mais felizmente ainda, a quantidade de drogas envolvidas na produção desse jogo estourou o talo pq as paradas são realmente loucas. 



Tipo, muito, como a fase em que Lammy come uma pizza gigante por recompensa de salvar um predio de um incendio usando o poder do rock'n roll, fica buchuda igual o Luffy depois de comer, uma enfermeira vê a adolescente de tipo uns 12 anos barriguda e acha que ela tá gravida, leva ela pra maternidade e uma vez esclarecido o mal entendido ela faz um solo de guitarra usando um bebê como air guitar.

HÃ, VOCÊ REPAROU QUE ESTÁ APENAS COLANDO PALAVRAS ALEATÓRIAS? ISSO É UM AVC OU ALGO DO TIPO?

Juro que não, a pegada é nesse nível mermão. Aqui o processo é rápido e o sistema é bruto. Então, é, Lammy é uma garotinha carismática em sua insegurança e timidez que passa por aventuras regadas a todas dorgas conhecidas pelo homem, especialmente para um jogo de PS1 de 1999. Até aqui tudo bem, magrão, o problema... ah, sempre tem né... o problema começa na hora de apertar os botões. Quero dizer, não é um eufemismo, o problema realmente está em apertar os botões!


Isso pq Lammy é um jogo muito difícil principalmente porque, e eu descobri que isso é um problema recorrente que as pessoas tem com o jogo, esse é um jogo de ritmo musical que apertar os botões quando eles aparecem na tela é algum tipo de ciencia oculta, e claramente eu devo estar faltando sacrificar um bode ou algo assim pra esse jogo funcionar.

Como um jogo de ritmo, Um Jammer Lammy é dividido em várias músicas, cada uma atuando como uma fase - como esperado. Na parte de cima da tela você vê uma sequência de entradas que precisará imitar a batida da música... o que é um conceito muito simples na teoria. Na prática, a teoria é outra e por dois problemas principais.


O primeiro é que ou o tempo das notas requer precisão milimétrica de lasers com tubarões, ou eu sou realmente ruim. Tá, eu tenho o tino musical de uma beterraba, mas eu sempre consigo acertar "uma quantidade razoável" de notas, porém sempre erro o suficiente para não avançar e o problema é que eu nunca consigo entender onde eu estava errando! Eu começava uma música indo muito bem e então inexplicavelmente começava a errar notas que eu não sentia que estava realmente errando. O jogo realmente faz um trabalho muito ruim em te comunicar o erro no seu timing, e vc fica meio que no limbo sem saber se está certo ou errado!

O segundo problema é que para passar da classificação "Bom" e entrar na zona "Legal", você tem que improvisar. O que isso significa é que você precisa tocar notas que não estão realmente na tela, enquanto mantém a batida. Pelo menos, é o que significa em teoria. A realidade é que, uma vez que você sabe a nota que deve tocar, você pode simplesmente apertar o botão como um louco e acumular uma tonelada de pontos por isso! Então esse jogo é realmente dificil em uma parte, mas por outro lado esses momentos quebram pela facilidade e nenhuma das duas pontas é realmente bom gameplay.


Parecia que na maioria das vezes eu era punido pelos movimentos que achava que tinha acertado e, inversamente, recompensado pelos que achava que tinha errado, o que torna esse jogo mais de chute que qualquer coisa... e meio que isso derrota o proposito da coisa toda, não?

No fim do dia, Lammy é uma protagonista muito adorável e simpática e há boas adições evolutivas como modos cooperativos/competitivos para dois jogadores, replays de performance e até mesmo uma reaparição jogável edificante do próprio Parappa. Lammy tambem tem muitas músicas cativantes (embora eu prefira as do original) e eu elogio Masaya Matsurra por apenas não fazer um DLC com novas musicas em generos diferentes (ao contrário do primeiro jogo que é sobre Rap, aqui temos de trash metal a surf music), há um real esforço criativo aqui. Apenas realmente eu gostaria que a jogabilidade fosse refinada, e quando vc critica a jogabilidade de só apertar os botões que aparecem na tela - quer dizer, o quão mais simples isso pode ser? - é pq alguma coisa errada não está certa aqui...

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 140 (Junho de 1999)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 060 (Março de 1999)


EDIÇÃO 063 (Junho de 1999)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 037 (Fevereiro de 1999)


EDIÇÃO 039 (Março de 1999)


EDIÇÃO 044 (Setembro de 1999)