Em 1986, nos fliperamas, Rampage foi uma grande ideia. Você coloca uma ficha e por alguns instantes - até minutos se você for incrivelmente bom - você é um monstro gigante destruindo prédios em uma cidade totalmente destrutível, o que há para não gostar aqui?!
Então, é, o conceito original de Rampage para os fliperamas era, de facto, awesome. A ideia, no entanto, de substituir a experiencia de alguns poucos segundos por um jogo doméstico onde vc tem que fazer isso por horas, hã... bem... aí eu tenho bem mais problemas com isso. O que é uma forma eufemista de dizer que eu odeio essa franquia com a fúria de mil sóis amarelos.
Vamos lá, se eu tivesse que resumir o jogo anterior, RAMPAGE WORLD TOUR, em uma palavra seria “repetitivo”, mas isso seria subestimar o quão tedioso é aquele jogo. De tela em tela, você basicamente fez exatamente a mesma coisa e tudo que o jogo tem a oferecer foi apresentado nos primeiros 35 segundos. O jogo dura de 4 a 6 horas, aproximadamente.
Olha, eu amo um bom kaiju tocando terror tanto quanto qualquer um - mais do que a maioria, na verdade - mas seis horas para um jogo que cansa em 5 minutos, meu irmão, não tem monstro gigante na face da Terra que segure minha alma jogando esse jogo.
Mas muito que bem, um ano e meio depois de RAMPAGE WORLD TOUR, temos uma sequencia que melhor algumas coisas... mas não o suficiente para mudar o fato principal que Rampage tem 3 minutos de gameplay em um jogo de 6 horas.
Universal Tour faz algumas pequenas melhorias, mas não se emocione muito com a possibilidade. O jogo apenas aumenta a quantidade de tudo, sem necessariamente oferecer mais qualidade, incluindo quatro novos monstros na forma de um rinoceronte gigante, uma lagosta de aparência um tanto perturbadora, um rato crescido e um alien... que não mudam nada mecanicamente, na prática.
Além de um novo elenco que não melhora nada, o jogo tambem apresenta mais cidades do que o World Tour, totalizando 125 vezes que você faz a mesma coisa agora. Tá que pelo menos dessa vez algumas cidades tem marcos turisticos baseados na vida real, então espere destruir o edificio Chrisler em Nova York ou o Arco do Triunfo em Paris. Porém não se anime muito com isso, é apenas um prédio com sprite diferente a cada 10 ou 15 fases e deu.
Tirando esses pequenos detalhes que não mudam muita coisa realmente, e no fim do dia temos a mesma experiência por mais meia duzia de horas, yay... Se Universal Tour fosse um jogo para PC, isso seria apenas uma expansão do original - nada mais. E considerando que não mexe no principal problema aqui, sua mecânica cansativa e chata, não é uma que resolve realmente. Quer dizer, por quanto tempo podemos continuar quebrando os mesmos edifícios de aparência semelhante e comendo pessoas de aparência semelhante antes que isso encha o saco? Nem perto das horas que esse jogo dura, eu te garanto.
Falando nisso, tem uma coisa importante a ser dita: os continues agora são limitados. Ao contrário do jogo anterior, agora a sua quantidade de vidas pode realmente acabar e você ter que recomeçar do começo é algo que vai acontecer bastante... porque não alongar um jogo que já nem devia durar o que dura em primeiro lugar, né?
É meio ironico que eu esteja sendo repetitivo falando sobre o quanto esse jogo é repetitivo, mas então isso é uma boa amostra das várias e várias horas de experiencia com isso. Po gente, destruir um prédio é bastante divertido, destruir cerca de 20 em uma fase é está ok, mas lá pela fase 16 você não aguenta mais fazer a mesma coisa. Fase 16. O jogo tem 125.
Alguns jogos conseguem lidar bem com a repetição, Tetris é um bom exemplo disso... mas o que Tetris tem em relação a Rampage é que, embora Tetris seja repetitivo, cada bloco é um pouco diferente e onde você os coloca acaba gerando uma partida inteiramente diferente a cada vez. A única coisa que não está pré-definida/pré-determinada neste jogo é o ponto em que você desiste do jogo, como diz o velho ditado árabe: "Depois de destruir um prédio, você destruiu todos".
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 140 (Junho de 1999)