Mas vamos começar do começo: o Wolf Team é um estúdio japonês que não é estranho a esse blog, já que sua maior contribuição para a história dos videogames é a franquia de jRPGs "Tales of". Eu já comentei que não sou exatamente o apreciador de Tales Of (pra mim essa é a sopa de hospital dos RPGs, como pode ser visto nas reviews de TALES OF DESTINY, TALES OF PHANTASIA e TALES OF ETERNIA), porém antes de serem barões dos jRPGs mid-tier até os dias de hoje, eles tinham uma biblioteca de generos um pouco mais abrangente como SOL-FEACE, DINO LAND e EARNEST EVANS. 
Nesse sentido, a Wolf Team teve algum (questionável) renome no Mega Drive com sua trilogia formada por este próprio El Viento, sua prequel EARNEST EVANS e a continuação lançada no ocidente apenas em 2025, Annet Again! (ou "Annet Futatabi", no original). Mas chega de papo, vamos fazer o que viemos fazer aqui e ver como rola esse joguetim!
Nossa história aqui se chama "El Viento" em uma referencia ao simbólico "vento da mudança de uma nova era", e que era seria essa, vc pergunta? Bem, em 1928 um grupo de cultistas novaiorquinos decidiu que não tinha lá muita coisa melhor pra fazer então tentaram invocar o Senhor Transdimensional do Sofrimento e Destruição™, Hastur. Aí vc pode estar se perguntando se eles não estão cientes que ao trazer o Senhor Transdimensional do Sofrimento e Destruição™... eles também não estariam inclusos no sofrimento e destruição interdimensionais. O que é óbvio que sim, mas então se vc está perguntando se eles não se preocupariam com isso vc claramente não entende como a cabeça de cultistas funciona.
Seja como for, pra que Vicente Capone quer invocar Hastur? Vc poderia achar que a expressão "extinção da humanidade" dispensa explicações, mas então quem já trabalhou atendendo público sabe que esperar esse mínimo de compreensão das pessoas é uma utopia.
A boa notícia é que nossa heroína Annet chegou a conclusão que o mundo ser destruído pelo mochila-de-criança é uma coisa que afetaria negativamente sua rotina e decide impedi-lo. A notícia melhor ainda é que ela tem um dos visuais mais maneiros e legais que eu já vi em uma personagem de vidogame na vida, então kudos onde kudos são devidos para a Wolf Team nessa.
Restiana pergunta a Annet pq ela está do lado dos humanos, já que ambas são escolhidas de Hastur, ao que Annet cita a grande sabedoria imortalizada pelo Peter Quill: "Eu quero salvar a galaxia pq eu sou um dos idiotas que vive nela!". Qualé Restiana, não é exatamente física quântica aqui.
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Seja como for, a primeira fase se passa na Nova York de 1928 onde Annet precisa bumerangar a fuça dos 8 bilhões de gangsters da mafia... e motoqueiros punks de moto... e toda população de Nova York jogando coisas em Annet de suas janelas. Se eles estão fazendo isso pq querem que Hastur venha logo, destrua o mundo e os livre do absurdo custo de vida de Nova York... ou pq Annet é uma cocotinha com as pernocas de fora, e isso é algo que o conservadorismo americano jamais permitirá sob o sol!
Em termos de gameplay, El Viento é um run'n gun como esperado na época e um bastante funcional nesse sentido: seu boneco responde razoavelmente bem na tela (especialmente se comparado a outros run'n guns da época, como ROLLING THUNDER 3) e a hit detection não levanta reclamações. Verdade que a dificuldade é absurda, mas então run'n guns sempre foram filhotes diretos dos arcades pensados para comer o maior número de fichas no menor tempo possível (mesmo em suas versões domésticas, Contra que o diga). Mas chegaremos a isso mais pra frente.
Eu gostaria de mencionar também que o chefe da primeira fase é um tanque operado por um soldado alemão da Primeira Guerra e que explode em um simbolismo fálico. No meio de Nova York de 1928. Tem coisas que só os vidogames fazem por você.
Após derrotar o tanque do Império Austro-Hungaro, Annet encontra Al Capone não licenciado no ocidente e diz pra ele que não importa o quanto os cultistas tenham prometido pagar ele, vc ainda precisa que um mundo exista para gastar esse dinheiro. Nosso gansta não parece muito movido por esse argumento, pq se aprendemos algo com Cavaleiro das Trevas é que mafiosos se importam mais em fazer pilhas enormes de dinheiro do que gasta-lo efetivamente. Ao menos ele informa que Annet terá algumas respostas se for ao Monte Rushmore.
Hã, o Monte Rushmore não é exatamente como eu imaginava que seria... bem, aparentemente o Monte Rushmore na verdade fica no planeta de 
MISCHIEF MAKERS, todo dia se aprende algo novo.
Como prometido por Henricão, de fato tem algo para nossa menina Aneta aqui: ela encontra sua rival Restiana, que além de ter um visual bastante maneiro também (parabéns a Wolf Team pelo character design nesse jogo, de verdade), a batalha acontece em um cenário que o chão vai afundando. Bem diferente, bem criativo.
Na conversa com Restiana após a luta de chefe... espera, pq um dos presidentes fundadores dos Estados Unidos é um Moai? Olha só, hoje eu aprendi que na verdade os Estados Unidos foram fundados pela Ilha da Pascoa, e depois dizem que videogame não é cultura!
Seja como for, Restiana se apresenta como a outra chosen one de Hastur e Annet informa pra ela que o papel dela nessa invocação seria servir como material de sacrificio, e que ela deveria pensar bem se é exatamente isso que ela quer pra (curta, se continuar nesse caminho) vida dela. Ao que Restiana responde "hã, nanã!" e Annet retruca com "hã, ahã!". Restiana não presta atenção no aviso, porque se vc tenta summonar um capiroto lovecraftiano achando que vai totalmente controlar ele só pra tomar no meio do boga, vc realmente tentou summonar um demonio lovecraftiano?
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A terceira fase se passa com Annet dando uma batida em uma fábrica de bebidas ilegais durante a Lei Seca. Pq se Eliot Ness não vai resolver a situação antes que Al Capone financie a vinda de Hastur, então nossa heroína tomará o problema em suas próprias mãos. Verdade que facilita muito que metade dos gangster aqui são altamente inflamaveis e explodem com facilidade, e vc achando que colocar metanol na bebida alcoolica era uma invenção brasileira recente...
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Infelizmente a quarta fase se passa no esgoto, pq afinal isso é um jogo de Mega Drive dos anos 90 e eles são contratualmente obrigados a fazer uma fase no esgoto. O lado ruim é que daqui pra frente veremos cada vez mais e mais cenários genéricos de videogame...
... como essa caverna na quinta fase. Uau, nem 20 minutos de jogo e já acabou o gás criativo da Wolf Team. Mas então, como alguém que já jogou mais de um dos Tales Of deles, não posso realmente dizer que tem outro culpado aqui senão eu mesmo por esperar muuuuita criatividade deles em primeiro lugar. Os cenários destruíveis são maneiros, entretanto, pq vc nunca erra colocando cenários destrutíveis em um jogo. Pq choras, Donkey Kong Bananza?
Enquanto isso, Restiana diz que da proxima vez ela vai dar jeito em Annet de uma vez por todas, ao que ela toma uma invertida do Henricão ao ser lembrada que isso são palavras fortes pra quem tomou uma tunda de pau no ultimo encontro.
OOOOH VIRE BAIXO PRA QUÊ!
Aproveitando o clima de fraternidade, Restiana decide questionar o que Annet lhe disse que essa coisa de summonar Hastur envolve ela comer capim pela raíz, ao que Henry lhe responde com "queeee? Nah, imagina, vai ser totalmente só ganhar os poderes dele sem nenhuma consequencia ruim, confia no pai!". Te liga, Restiana!
A sexta fase envolve Annet surfando em um golfinho enquanto é bombardeada com bolas de canhão largada por asadeltas enquanto vc ocasionalmente tem que enfrentar krakens. O que isso tem haver com o plot da história? Nada absolutamente, mas é um dos momentos mais videogame dos anos 90, isso eu tenho que dar a eles.
E eu particularmente gosto de como se vc cair do golfinho, Annet fica quicando na água (e tomando dano) até ele dar ré. Aparentemente ela também é uma vampira da Vila da Folha, o que é realmente um background muito rico não explorado nesse jogo.
... e voltamos as fases genéricas. Por alguma razão Annet vai full terrorista e decide explodir uma fábrica que no ano 20XX seria a fase do Spark Mandril em 
MEGA MAN X. Também cabe reparar que a esse ponto, o jogo já é mais plataforma do que run'n gun... e isso não funciona tão bem com um personagem durango que foi pensado para andar em linha reta e atirar. É tipo colocar o boneco de 
SUNSETRIDERS jogando as fases de 
SUPER MARIO WORLD... tá, dá pra fazer, mas todo balanceamento e manobrabilidade do boneco não foi feita pra aquilo.
Após passar essa fase, Annet encontra Al Capone da Shopee e mais uma vez ressalta o ponto que não importa o quanto os cultistas estejam pagando ele, DINHEIRO NÃO SERVE PRA NADA SE NÃO EXISTIR UM MUNDO PRA GASTAR ELE, SEU ANIMAL DE TETA!
Al Capone então considera estas sabias palavras, e diz que ele vai sair do esquema... SE, e apenas SE, Annet atravessar um tempo oculto no Grand Cannyon. O que isso tem haver com alguma coisa? Jamais saberemos, a mafia italiana realmente tem padrões morais além da nossa compreensão. O enquadramento da cena é muito bom, thou, a direção de arte desse jogo tem fortes inspirações em 
NINJA GAIDEN e isso é um grande elogio!
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O tal templo escondido no Grand Canyon é basicamente... o castelo do Dracula de Castlevania? Uau, a geografia americana não é nada como eu aprendi na escola realmente... 
Vamos aproveitar esse momento para falar das magias do jogo: teoricamente, o sistema de magias deveria ser o grande diferencial do gameplay desse jogo para qualquer outro run'n gun, sendo que vc precisa selecionar cada magia de acordo com a situação e para selecionar mantenha o botão de magia pressionado, quando encher a primeira magia ele pula para a próxima até encher e assim por diante.
O problema é que na prática, a teoria é outra. Como eu disse, esse é um jogo arcade-hard em que os inimigos vem pra cima de você com a fúria de mil sóis amarelos. Então tempo para carregar sua barra de magia é um luxo que vc raramente tem, de modo que toda a coisa do level design ser baseado em "escolher a magia adequada para cada inimigo" acaba virando "taca fireball que é a primeira, pq é o que dá tempo de castar e se vira". Eu não acho que essa mecanica tenha lá funcionado tão incrivelmente assim, guys.
No final da fase, Annet é supreendida ao encontrar seu mentor, o aventureiro 
EARNEST EVANS. Ernestão informa que o chefe da mafia cumpriu a sua palavra (como aprendemos com Os Sopranos que a mafia sempre faz) e não apenas saiu fora do jogo como contatou Ernegildo para explicar o que estava rolando. 
EARNEST EVANS então vai procurar Annet para lhe dar um conselho: procurar um cara em Detroit.
Uau, ajudou pra caralho hein, Tuxedo Mask do Paraguai. Mas tudo bem, eu joguei 
EARNEST EVANS, posso te garantir que não estamos perdendo nada ao não ter esse Zé Ruela em ação. Seja como for, próxima parada... DETROIT ROCK CITY!
Detroit, a cidade dos motores, definitivamente tem uma industria muito mais avançada do que eu poderia imaginar para 1928, a julgar pelo cenário... de qualquer forma, a coisa mais marcante a respeito dessa fase é que o chefe na verdade é um jogo dos três cocos. Pitoresco.
Como prometido por 
EARNEST EVANS, Annet encontra Siegfried... e totalmente você não deveria confiar nesse cara, Anita. Primeiro pq, se Demon Slayer me ensinou alguma coisa, é jamais confiar em caras tranquilos que se vestem como o Michael Jackson. Segundo pq eu sou um viajante do tempo e sei que esse cara será o vilão no terceiro jogo da série, Annet Again para o Sega CD.
De toda forma, Sigfried informa a Annet que Henry está tentando enganar Restiana para ela se tornar um sacrificio e assim summonar Hastur... o que não só Annet já sabia, como ela literalmente já avisou Restiana disso. Valeu pela ajuda, Fridão. Porém a segunda parte da informação é mais útil: o ritual acontecerá no topo do Empire State Building... pq aparentemente esse é um lugar místico de poder, dado o quanto de filmes e séries já o usaram como cenário para o final showdown. Ou talvez apenas cramuiões extraplanares conheçam o nosso mundo através de cartoes postais, pode ser isso tb.
Após pegar carona em um dirigivel... e matar dezenas do que quer que sejam esses caras amarelos...
... e destruir o gerador de portais Hasturianos para invocar o Senhor Transdimensional do Sofrimento e Destruição™...
... Annet descobre que era tarde demais. Porque sério, alguém já viu alguma história onde a invocação do Senhor Transdimensional do Sofrimento e Destruição™ é efetivamente impedida e o herói não tem que lutar contra o capiroto do mesmo jeito no final? Bem, certamente essa não é uma delas, o corpo de Restiana é usado como receptáculo e temos nosso final showdown contra o Senhor Transdimensional do Sofrimento e Destruição™.
Bem, espero ao menos que possamos salvar Restiana depois de tirar o encosto dela na base da porrada...
... holy fuck, Annet não faz o serviço pela metade. Ela esbagaçou o corpo da Restiana de uma forma que mesmo os cenários de 
DOOM diriam "
puta la mierda, amigue seje menas...". É, não dá pra salvar todo mundo também, né?