George Lucas pode ter todos os defeitos como diretor ou roteirista, mas a visão comercial dele era impecável e ele achou que seria melhor ter o seu próprio estúdio para fazer os jogos baseados nas suas IPs como Indiana Jones e Star Wars. Considerando que a opção era deixar empresas como a Ocean ou a LJN mancharem a sua marca, foi uma decisão acertadíssima.
Então ele reuniu um bando de nerds muito criativos e criou a Lucas Arts, empresa que entrou para a história dos videogames menos pelos jogos de Star Wars, e mais por outro motivo: em 1986 esses nerds maravilhosos que saem tabelando tocando tiveram a ideia de fazer um adventure de texto com interface gráfica. Nascia assim o genero Point'n Click - como você pode imaginar, não é todo dia que alguém cria todo um novo genero de videojogos.
Maniac Mansion é inspirado em um dos livros de horror mais seminais jamais escritos: "A Cor que Caiu do Espaço", com toques de paródia de filmes B de terror. Neste jogo, um meteoro do mal cai perto da residencia da família Edison e força o já não muito certo da cabeça Doutor Edison a iniciar um plano de dominação mundial, utilizando seus dois tentaculos criados em laboratório como capangas (embora um deles quisesse ser um astro do rock, na verdade).
Assim, o possuído Doutor Edison sequestra uma jovem para fazer experiencias e cabe a três de seus amigos (existem vários personagens para escolher que possuem habilidades diferentes e portanto soluções diferentes para os puzzles dependendo de quem você pegar) entrar na mansão, lidar com a insana família Edison e salvar a Terra do meteoro do mal.
Tudo isso é muito bom e o jogo é escrito de uma forma suficientemente divertida, porém existe um detalhe que não tem como deixar passar: como foi o primeiro point and click a ser feito, a parte mecanica tem muitas arestas duras que só seriam aparadas pelo genero com o aprendizado da experiencia.
Obvio que é impossível acertar tudo de cara na primeira tentativa, mas isso não muda o fato que Maniac Mansion tem problemas com navegar em menus, solução de puzzles e mesmo becos sem saída que a Lucas Arts aprendeu a resolver nas próximas iterações do genero (em especial no brilhante The Secret of Monkey Island).
Pois bem. Seis anos se passaram e a Lucas Arts foi fazer outras coisas da vida, mas os produtores ficaram com a inevitavel sensação que dava pra fazer melhor o primeiro jogo que eles haviam feito. Se eles fizessem Maniac Mansion com tudo que eles tinham aprendido até 1993, eles não tinham a menor dúvida que seria um jogo poutamente legal.
Parece que nos encontramos mais uma vez, palhaço Oozo, meu mais antigo inimigo! |
Tão legal, de fato, que chegou ao tio Jorge a ideia de fazer uma série de TV ambientada nesse universo, o que ele fez andar para a frente com alguns telefonemas e assim Maniac Mansion ganhou uma série canadense de três temporadas... que não tem quase nenhuma relação com o jogo porque os executivos da TV acharam melhor tirar os elementos lovecraftianos e assim ficou apenas o nome da família Edison e o meteoro que nem é do mal.
Existe até uma piada dentro de Day of Tentacle sobre os programadores do jogo nunca terem visto um centavo dos direitos da série de TV
Seja como for, então porque não fazer uma sequencia dele? Ora, não havia nenhum motivo para não faze-lo e foi com esse espirito que nasceu O DIA DO TENTÁCULO!
Cinco anos após os eventos do jogo anterior, tudo é paz e harmonia na mansão dos Edison! Em um rio cristalino peixes pululam, passarinhos passareiam e está tocando o começo de William Tell de Rossini, e todo mundo sabe que essa música só toca quando absolutamente tudo está bem!
Tão bem, de fato, que nossos amigos do jogo anterior - o tentáculo roxo e o tentáculo verde - estão passeando pelo campo diante de um belo esgoto a céu aberto de lixo tóxico produzido pelo laboratório do Dr. Edison. Espera, o que?!
Cinco anos após os eventos do jogo anterior, tudo é paz e harmonia na mansão dos Edison! Em um rio cristalino peixes pululam, passarinhos passareiam e está tocando o começo de William Tell de Rossini, e todo mundo sabe que essa música só toca quando absolutamente tudo está bem!
Tão bem, de fato, que nossos amigos do jogo anterior - o tentáculo roxo e o tentáculo verde - estão passeando pelo campo diante de um belo esgoto a céu aberto de lixo tóxico produzido pelo laboratório do Dr. Edison. Espera, o que?!
Não, tentáculo roxo! Eu achei que a este ponto dizer para não beber o lixo tóxico nuclear da morte mutante mortal deveria ser senso comum, mas eu também sou o cara que diz que patriotismo é de uma demência sem tamanho, então hey, o que eu sei sobre a vida?
Ah, ok. Poderia ser pior, fico feliz que não tenha tido nenhum efeito colateral e o tentáculo roxo não tenha sido afetado de outra forma que senão criar braços e ...
Oh, fuck.
Preocupado com os pensamentos megalomaniacos de seu colega, o tentáculo verde manda um pedido de ajuda a seu antigo amigo, o nerd Bernard Bernoulli do primeiro jogo. Bernard junto com seus dois roomates partem para a mansão Edison afim de resolver o problema causado por um tentáculo focado em dominação global.
Felizmente esta introdução é em desenho animado, pois é consideravelmente menos monótona do que as imagens paradas que você vê durante os créditos de abertura de Monkey Island 2, ou a abertura interativa de Fate of Atlantis, onde você faz Indy ficar caindo pelos buracos.
A propósito, os heróis acidentalmente acabam pegando uma vaca em sua corrida desabalada, mas acabam deixando ela pelo caminho um pouco depois - ao qual a vaca agradece pela carona. Bem, suponho que podemos afirmar com relativa segurança que um jogo que possui vacas caroneiras em sua intro é um jogo do qual podemos esperar grandes coisas.
Assim, nossos heróis chegam a mansão dos Edison e se separam para procurar o Dr. Edison. Nesse trecho você pode controlar apenas Bernard e não pode explorar muito realmente, é apenas um pequeno tutorial do jogo no salão de entrada e...
Espera... o que?
"No running with scissors"? O que, exatamente, aconteceu aqui para que uma placa dessas seja necessária?
De qualquer forma, nessa tela temos há um vomito falso preso no teto, uma moeda no telefone público, outra moeda presa ao chão com chiclete, um panfleto, uma participação especial de Chuck the Plant no canto e um cartaz de 'Procura-se Ajuda' na janela. Nada disso vai me levar a um laboratório secreto, mas são os elementos com os quais você trabalhará mais pra frente. É um bom tutorial, realmente.
Continuando nossa intro, os roomates de Bernard descobrem o Dr. Edison e que ele já resolveu o problema realmente: ele capturou os tentáculos e os amarrou no porão - de onde ele certamente não dominarão o mundo. Ah, ok, parece que o problema foi resolvido, basta apenas encontrar Bernard e...
Damn you Bernard, você condenou a todos nós! Damn youuuuuu!
Oh, bem, plano B então: viajar no tempo para o passado e impedir que o tentáculo roxo beba a água nuclear radioativa of doom. A boa notícia é que o Dr. Edison tem três capsulas do tempo sobrando, a má noticia é que uma máquina do tempo precisa de um diamante de dois milhões de dolares e ele usou um genérico barato.
Como diria o grande filosofo dos games, o que possivelmente poderia dar errado?
Para surpresa de absolutamente ninguém, a coisa dá errado e nossos heroicos viajantes do tempo se separam. Bernard volta exatamente onde ele estava no presente, Hoggie vai parar 200 anos no passado e Laverne vai parar 200 anos no futuro presa em uma arvore pela calcinha (o que não é usado como fan service e sim como comédia cartoon como se fosse qualquer cara levando um cuecão, o que deve ter sido um dos três raros momentos de bom gosto dos anos 90)
Então assim o jogo realmente começa. Você tem os três personagens no mesmo lugar (a mansão Edison), mas em tempos diferentes. Para resolver puzzles você pode trocar itens entre os três (dando descarga na privada, mas nem todos os itens podem ser flushados), ou fazer coisas no passado que afetarão o futuro. Por exemplo, para tirar Laverne da arvore você precisa cortar ela no passado. Cortar a arvore, eu digo, não a menina.
Seu objetivo no jogo é trazer Hoggie e Laverne de volta ao presente, porém isso possui empecilhos já que Laverne está em um futuro dominado pelos tentáculos e não terá acesso facilmente a uma tomada para ligar seu banheiro quimico do tempo, e Hoggie está em uma época que tomadas sequer existem! Oh noes!
Cada personagem tem o seu próprio inventário, e uma coisa que dá para fazer, e eu gostaria muito de saber isso antes de jogar, é que você pode arrastar um item direto para o icone personagem para dar para ele. Eu estava caminhando até a privada, dando descarga, trocando de personagem e indo com o novo personagem até a privada... não sejam como eu, crianças, leiam os comandos antes de jogar o jogo!
Assim sendo, vamos falar um pouco do jogo em si, certo?
Por quase 30 anos agora (uau, a idade heim?), Day of the Tentacle sempre foi elogiado como um dos maiores jogos de Point'n click de todos os tempos, um exemplo brilhante dos dias de glória de apontar e clicar. Três décadas depois, como se ficou?
Bastante bem, na verdade. Sem entrar nos méritos dos gráficos refeitos para Day of the Tentacle Remastered, que foi a versão que eu joguei, é fácil ver por que tantas pessoas olham para o jogo com tanto carinho. O Dia do Tentáculo é inteligente, hilário e usa o absurdo de uma forma inteligente.
Em um dos puzzles, por exemplo, você está preso no passado e precisa de eletricidade para energizar a bateria. Felizmente você está junto com Benjamin Franklin realizando seu famoso experimento da pipa, mas como você pode fazer chover para ter a eletricidade que você precisa? Super easy, barely an inconvenience!
Tem uma carroça suja ali perto, tudo que você precisa fazer é lavar ela porque todo mundo sabe que a formula infalivel para fazer chover é lavar o seu carro! Pure genius!
Um dos grandes problemas que eu sempre achei com esse gênero, entretanto, foi que boa parte dos puzzles depende de um entendimento criptico de qual a solução que o programador tinha na cabeça quando ele programou o jogo - especificamente em Maniac Mansion isso é levado a um ponto de insanidade.
Felizmente os caras da Lucas Arts compartilham da minha preocupação, e Day of Tentacle é o point'n click que eu joguei que é mais generoso com dar dicas sobre o que fazer. Falando com os personagens você tem uma boa ideia do que fazer, e em caso de quiser dicas gerais sobre qual seu objetivo no jogo você sempre pode "conversar" com a múmia da mansão Edison em qualquer uma das três eras que as perguntas que você pode fazer incluirão dicas de como resolver seus problemas entre os diálogos engraçados.
Claro que o sistema não é perfeito e algumas vezes as dicas ou são muito cripticas, ou inexistentes e o jogo conta com o seu poder de dedução para deduzir coisas que não são tão obvias assim. Entretanto isso acontece relativamente pouco, apenas mais para o final do jogo, e ainda sim é o point'n click mais fluído que eu já joguei.
Artisticamente, o designer Tim Schafer sempre disse que o objetivo de sua equipe era criar um jogo que parecesse um desenho jogável de Chuck Jones, o artista por trás de Looney Tunes e Tom & Jerry, e isso é bastante evidente não apenas porque o jogo tem todas as gags visuais dos cartoons antigos, como algumas soluções de puzzles envolvem pensamento de cartoon como usar um charuto explosivo, usar um disfarce ridiculo mas que de alguma forma funciona e despejar bebida na garganta de um homem adormecido com um funil!
E enquanto os gráficos são deliciosamente cartunescos, eu não posso dizer o mesmo do som. Não sei se é um problema com a minha versão ou foi uma escolha artistica, mas eu tive que jogar sem som porque a música ficava em um loop irritante - de modo que eu não posso dizer muito sobre isso
[UPDATE: Após alguma pesquisa, descobri que é um bug da versão Remastered, teria que reinstalar o jogo mas deixa pra lá]
Porém se eu não posso dizer muito a respeito do som, tenho ótimas coisas a dizer a respeito da dublagem. Veja, até aquela época dublagem era uma coisa tão nova nos videogames quanto era amadora. Basicamente você usava sua equipe de produção mesmo para gravar vozes, e em raras ocasiões tinha convidados especiais (como Star Trek 25th Anniversary onde todas as vozes do jogo foram feitas pelos atores do seriado).
Mas aqui a Lucas Arts decidiu não fazer gambiarra nenhuma e contratou atores de dublagem profissionais para fazer as vozes e o resultado ficou excelente. Todo carisma dos personagens vem da sua dublagem, Bernard é a mistura perfeita de Woody Allen e Napoleão Dinamite, a capacidade de Hoagie de suportar 20.000 volts sem piscar não será esquecida em breve, e Laverne é adoravel quando está sendo sociopata. No geral, a história e os personagens se encaixam perfeitamente, mas o que realmente faz os personagens desse jogo funcionarem é a dublagem - e eu realmente gosto de como a atriz da Laverne transforma frases comuns em passagens interessantes inserindo uma risada maniaca no meio da frase.
Cada linha de diálogo nesse jogo é dublada (na verdade, o jogo original não tinha legendas para as cutscenes) e, como não podia deixar de ser diferente, a qualidade do som é bem datada afinal, este é um dos primeiros jogos com um diálogo sincronizado com o movimento dos lábios; portanto, algumas imprecisões aqui e ali podem ser perdoadas. Mesmo com essa desvantagem, os dubladores são perfeitos, desde o condescendente tentáculo do canil de humanos até o genio egocentrico Ben Franklin. E, Claro, não vamos esquecer o primo Ted, que teve o melhor desempenho que eu já vi em um jogo.
Um fato interessante é que o jogo anterior, Maniac Mansion está disponível para ser integralmente jogado dentro desse jogo: existe um computador no presente que você pode acessar e jogar o jogo original. Mesmo a versão original de 1993 já vinha com esse easter egg, o que é bastante impressionante.
Eu sempre sou um grande fã de viagens no tempo, porém são poucos jogos que usam isso de forma criativa. Tendo três personagens no mesmo local em três eras distintas e temos aí uma dessas raras exceções. Adicione a isso um trabalho de dublagem espetacular para a época, uma animação igualmente impressionante, puzzles criativos que dão dicas sobre como resolver e temos um estupendo Point'n Click aqui.
Embora Day of the Tentacle ainda tenha alguns puzzles um tanto arcanos para os dias de hoje, e não tenha o valor de replay do seu antecessor (em Maniac Mansion haviam soluções diferentes para os puzzles devido as habilidades unicas de cada personagem, algo que inexiste aqui), é um excelente jogo com personagens memoráveis e diálogos hilariantes (embora eu achei o primeiro Monkey Island mais engraçado, porém esse não fica muito atrás).
Ou seja, mais uma aula da Lucas Arts mostrando porque era topo quando se falava de jogos do genero.
Ah, e ainda de bonus Maniac Mansion original está incluído para ser jogado inteiramente dentro de Day of the Tentacle, acessado usando o computador na sala do Weird Ed.
Ah, ok. Poderia ser pior, fico feliz que não tenha tido nenhum efeito colateral e o tentáculo roxo não tenha sido afetado de outra forma que senão criar braços e ...
Oh, fuck.
Preocupado com os pensamentos megalomaniacos de seu colega, o tentáculo verde manda um pedido de ajuda a seu antigo amigo, o nerd Bernard Bernoulli do primeiro jogo. Bernard junto com seus dois roomates partem para a mansão Edison afim de resolver o problema causado por um tentáculo focado em dominação global.
Felizmente esta introdução é em desenho animado, pois é consideravelmente menos monótona do que as imagens paradas que você vê durante os créditos de abertura de Monkey Island 2, ou a abertura interativa de Fate of Atlantis, onde você faz Indy ficar caindo pelos buracos.
A propósito, os heróis acidentalmente acabam pegando uma vaca em sua corrida desabalada, mas acabam deixando ela pelo caminho um pouco depois - ao qual a vaca agradece pela carona. Bem, suponho que podemos afirmar com relativa segurança que um jogo que possui vacas caroneiras em sua intro é um jogo do qual podemos esperar grandes coisas.
Assim, nossos heróis chegam a mansão dos Edison e se separam para procurar o Dr. Edison. Nesse trecho você pode controlar apenas Bernard e não pode explorar muito realmente, é apenas um pequeno tutorial do jogo no salão de entrada e...
Espera... o que?
"No running with scissors"? O que, exatamente, aconteceu aqui para que uma placa dessas seja necessária?
De qualquer forma, nessa tela temos há um vomito falso preso no teto, uma moeda no telefone público, outra moeda presa ao chão com chiclete, um panfleto, uma participação especial de Chuck the Plant no canto e um cartaz de 'Procura-se Ajuda' na janela. Nada disso vai me levar a um laboratório secreto, mas são os elementos com os quais você trabalhará mais pra frente. É um bom tutorial, realmente.
Continuando nossa intro, os roomates de Bernard descobrem o Dr. Edison e que ele já resolveu o problema realmente: ele capturou os tentáculos e os amarrou no porão - de onde ele certamente não dominarão o mundo. Ah, ok, parece que o problema foi resolvido, basta apenas encontrar Bernard e...
Damn you Bernard, você condenou a todos nós! Damn youuuuuu!
Oh, bem, plano B então: viajar no tempo para o passado e impedir que o tentáculo roxo beba a água nuclear radioativa of doom. A boa notícia é que o Dr. Edison tem três capsulas do tempo sobrando, a má noticia é que uma máquina do tempo precisa de um diamante de dois milhões de dolares e ele usou um genérico barato.
Como diria o grande filosofo dos games, o que possivelmente poderia dar errado?
Para surpresa de absolutamente ninguém, a coisa dá errado e nossos heroicos viajantes do tempo se separam. Bernard volta exatamente onde ele estava no presente, Hoggie vai parar 200 anos no passado e Laverne vai parar 200 anos no futuro presa em uma arvore pela calcinha (o que não é usado como fan service e sim como comédia cartoon como se fosse qualquer cara levando um cuecão, o que deve ter sido um dos três raros momentos de bom gosto dos anos 90)
Então assim o jogo realmente começa. Você tem os três personagens no mesmo lugar (a mansão Edison), mas em tempos diferentes. Para resolver puzzles você pode trocar itens entre os três (dando descarga na privada, mas nem todos os itens podem ser flushados), ou fazer coisas no passado que afetarão o futuro. Por exemplo, para tirar Laverne da arvore você precisa cortar ela no passado. Cortar a arvore, eu digo, não a menina.
Seu objetivo no jogo é trazer Hoggie e Laverne de volta ao presente, porém isso possui empecilhos já que Laverne está em um futuro dominado pelos tentáculos e não terá acesso facilmente a uma tomada para ligar seu banheiro quimico do tempo, e Hoggie está em uma época que tomadas sequer existem! Oh noes!
Cada personagem tem o seu próprio inventário, e uma coisa que dá para fazer, e eu gostaria muito de saber isso antes de jogar, é que você pode arrastar um item direto para o icone personagem para dar para ele. Eu estava caminhando até a privada, dando descarga, trocando de personagem e indo com o novo personagem até a privada... não sejam como eu, crianças, leiam os comandos antes de jogar o jogo!
Assim sendo, vamos falar um pouco do jogo em si, certo?
Nesta cena, o dramático caso de um homem que teve que jogar toda biblioteca de jogos do Amiga |
Bastante bem, na verdade. Sem entrar nos méritos dos gráficos refeitos para Day of the Tentacle Remastered, que foi a versão que eu joguei, é fácil ver por que tantas pessoas olham para o jogo com tanto carinho. O Dia do Tentáculo é inteligente, hilário e usa o absurdo de uma forma inteligente.
Você pode achar que Laverne está repensando suas escolhas de vida, mas verdade é que ela sempre tem essa cara. Ou ela está sempre repensando sua vida, pode ser uma personagem bem profunda |
Tem uma carroça suja ali perto, tudo que você precisa fazer é lavar ela porque todo mundo sabe que a formula infalivel para fazer chover é lavar o seu carro! Pure genius!
Um dos grandes problemas que eu sempre achei com esse gênero, entretanto, foi que boa parte dos puzzles depende de um entendimento criptico de qual a solução que o programador tinha na cabeça quando ele programou o jogo - especificamente em Maniac Mansion isso é levado a um ponto de insanidade.
Felizmente os caras da Lucas Arts compartilham da minha preocupação, e Day of Tentacle é o point'n click que eu joguei que é mais generoso com dar dicas sobre o que fazer. Falando com os personagens você tem uma boa ideia do que fazer, e em caso de quiser dicas gerais sobre qual seu objetivo no jogo você sempre pode "conversar" com a múmia da mansão Edison em qualquer uma das três eras que as perguntas que você pode fazer incluirão dicas de como resolver seus problemas entre os diálogos engraçados.
and I'm a mighty pirate! |
E enquanto os gráficos são deliciosamente cartunescos, eu não posso dizer o mesmo do som. Não sei se é um problema com a minha versão ou foi uma escolha artistica, mas eu tive que jogar sem som porque a música ficava em um loop irritante - de modo que eu não posso dizer muito sobre isso
[UPDATE: Após alguma pesquisa, descobri que é um bug da versão Remastered, teria que reinstalar o jogo mas deixa pra lá]
Eu nunca tinha pensado isso, mas realmente faria muito mais sentido o peru ser o animal simbolo dos Estados Unidos |
Mas aqui a Lucas Arts decidiu não fazer gambiarra nenhuma e contratou atores de dublagem profissionais para fazer as vozes e o resultado ficou excelente. Todo carisma dos personagens vem da sua dublagem, Bernard é a mistura perfeita de Woody Allen e Napoleão Dinamite, a capacidade de Hoagie de suportar 20.000 volts sem piscar não será esquecida em breve, e Laverne é adoravel quando está sendo sociopata. No geral, a história e os personagens se encaixam perfeitamente, mas o que realmente faz os personagens desse jogo funcionarem é a dublagem - e eu realmente gosto de como a atriz da Laverne transforma frases comuns em passagens interessantes inserindo uma risada maniaca no meio da frase.
Cada linha de diálogo nesse jogo é dublada (na verdade, o jogo original não tinha legendas para as cutscenes) e, como não podia deixar de ser diferente, a qualidade do som é bem datada afinal, este é um dos primeiros jogos com um diálogo sincronizado com o movimento dos lábios; portanto, algumas imprecisões aqui e ali podem ser perdoadas. Mesmo com essa desvantagem, os dubladores são perfeitos, desde o condescendente tentáculo do canil de humanos até o genio egocentrico Ben Franklin. E, Claro, não vamos esquecer o primo Ted, que teve o melhor desempenho que eu já vi em um jogo.
Um fato interessante é que o jogo anterior, Maniac Mansion está disponível para ser integralmente jogado dentro desse jogo: existe um computador no presente que você pode acessar e jogar o jogo original. Mesmo a versão original de 1993 já vinha com esse easter egg, o que é bastante impressionante.
Eu sempre sou um grande fã de viagens no tempo, porém são poucos jogos que usam isso de forma criativa. Tendo três personagens no mesmo local em três eras distintas e temos aí uma dessas raras exceções. Adicione a isso um trabalho de dublagem espetacular para a época, uma animação igualmente impressionante, puzzles criativos que dão dicas sobre como resolver e temos um estupendo Point'n Click aqui.
Embora Day of the Tentacle ainda tenha alguns puzzles um tanto arcanos para os dias de hoje, e não tenha o valor de replay do seu antecessor (em Maniac Mansion haviam soluções diferentes para os puzzles devido as habilidades unicas de cada personagem, algo que inexiste aqui), é um excelente jogo com personagens memoráveis e diálogos hilariantes (embora eu achei o primeiro Monkey Island mais engraçado, porém esse não fica muito atrás).
Ou seja, mais uma aula da Lucas Arts mostrando porque era topo quando se falava de jogos do genero.
Ah, e ainda de bonus Maniac Mansion original está incluído para ser jogado inteiramente dentro de Day of the Tentacle, acessado usando o computador na sala do Weird Ed.