O que temos aqui hoje é algo raro. Genuinamente raro. Eu quero dizer "eu não consigo nomear nem 5 jogos como esse, diabos, não estou conseguindo pensar nem em 2!" raro! Ou seja, estou falando de um RTS para consoles de 16 bits.
Em algo raro de acontecer, a capa japonesa é basicamente igual a americana, embora o mesmo não possa ser dito da europeia |
"Real-Time Strategy" são jogos que você controla exercitos em tempo real para vencer batalhas. Existem diversos tipos de unidades com habilidades e ataques diferentes no campo com funções diferentes, e você tem que microgerenciar todas elas ao mesmo tempo para que seu exército massacre seus inimigos, viole seus tesouros e pilhe suas mulheres como Deus gostaria que fosse.
Se gerenciar o que cada uma dessas unidades está fazendo parece algo que não é humanamente possível de ser feito... é porque não é mesmo. RTS não foram feitos para serem pensados para serem jogados por seres humanos, seria uma tolice sequer tentar. Apenas dois tipos de criaturas são capazes de jogar esse tipo de jogo: asiáticos e aquele-que-não-tem-vida.
Publico alvo dos RTS, antes do grande exodo do MMO de 2004 |
Assim sendo, não é realmente surpresa que RTS nunca sairam do obscuro nicho de PC Gamers para vir à luz de pessoas saudáveis que jogavam videogames com joysticks, como é o correto e justo a ser feito. E também porque é realmente dificil jogar esse tipo de jogo sem um mouse, mas esse é um detalhe menor.
Seja como for, em 1993 a Game Refuge (conhecida apenas pelo remake de Rampage), aproveitando que o Mega Drive é bagunça e qualquer coisa tá valendo, achou que valia a pena a tentativa e lançou um RTS para o console da Sega. Nasci assim General Chaos.
Claro, considerando as limitações dos consoles de 1993, algumas limitações tiveram que ser tomadas com esse título. Em primeiro lugar, o "mapa" de cada fase é limitado a uma única tela. A imagem que você está vendo acima é a fase toda, não existe nada para além disso.
Em segundo lugar, existem apenas 5 unidades em cada lado. Desnecessário dizer que mesmo em 93 os computadores faziam ... um pouco melhor. Mas sabe de uma coisa?
Eu queria, mas queria mesmo que ESSES fossem os maiores problemas com o jogo. Quer dizer, não que estar jogando um jogo de uma tela só seja algo elogiavel em qualquer videogame que não seja o Atari, mas eu consigo entender as limitações de hardware. Não é isso que me incomoda realmente, o buraco do coelho vai bem mais fundo do que isso. O problema aqui realmente é o caos.
Menos de um ano depois que Ian Malcolm explicou o caos dentro de um SUV com menos acessórios de segurança do que seria recomendado, o Mega Drive teve sua própria prova de conceito do que o caos realmente significa.
E, nesse caso, General Chaos vai além do nome do jogo. Quero dizer, isso deve ser um jogo de estratégia em tempo real, certo? Só que não tem absolutamente nada de estratégico aqui. Estratégia depende de previsibilidade. "Se eu fizer isso, eles farão isso". Estratégia é sobre escolhas, sobre planejamento e execução da ideia. General Chaos é sobre... bem, qualquer coisa, na verdade.
Veja, esses caras não obedecem a nenhum conjunto de padrões ou rotinas nem nada, tudo é completamente aleatório e quando você achar que entendeu o que está acontecendo, já acabou. A essência do caos.
Lançado em 1993, General Chaos é um conceito muito legal para um jogo de console. É um jogo de estratégia - pelo menos supostamente - que você controla quase como um jogo de PC. Você tem esse pequeno cursor, que você move pela tela com o direcional e é assim que você move suas tropas.
Você aponta para um local e pressiona um botão, e eles caminham até lá. Da onde os personagens estão, eles atiram no adversário mais próximo automaticamente. Muito interessante para um jogo de Mega Drive. E não é só isso, veio de um estúdio fundado pelos criadores de jogos como Rampage: World Tour. Portanto, não foi apenas uma ideia legal, mas também tinha algum talento por trás disso.
É só que ... acho que eles esquecem de algo. Quero dizer... eventualmente, você planeja ter estratégia no seu jogo de estratégia, certo? Certo?
Então você joga como General Chaos e lidera um exército contra o General Havoc. Você tem este mapa e cada território é um campo de batalha diferente. Seu objetivo é empurrar os exércitos de Havoc de volta pelos territórios conquistados, vencendo cada batalha até a base dele. Claro, Havoc está tentando fazer a mesma coisa com você. Então é como xadrez, mas com armas.
E essa mulher.
Que aparentemente trabalha de ambos os lados!
Kudos por ser o primeiro jogo a ter a Black Widow como personagem!
Então deixe-me dizer o que eu gosto sobre este jogo. Porque tem boas ideias aqui. Primeiro, eu realmente gosto do conceito. General Chaos é uma abordagem divertida de jogos de guerra, quase uma paródia, de certa forma. É um jogo que não se leva a sério, e isso é impressionante para 1993 já que humor nunca foi o forte dos videogames.
Na verdade, acabou sendo usado posterioramente em jogos bem legais, como Advance Wars e Team Fortress 2. Então o tom desse jogo é maneiro. Eu gostaria de poder dizer o mesmo da jogabilidade ...
Então, funciona assim: a primeira coisa é que você escolhe seu esquadrão. Existem alguns grupos diferentes para escolher, e cada um tem soldados diferentes. Então, um grupo pode ser melhor para ataques de longo alcance, com caras como artilheiros e foguetes lançadores. Outro pode ser mais um esquadrão de força bruta, com soldados de lança-chamas, granadas, explosivos pesados. Então você pensa na missão, pensa na sua abordagem, pensa no esquadrão inimigo ... E toma uma decisão.
Estratégia, certo?
Então, sobre isso...
Veja, o problema é que o jogo não possui estratégia nenhuma, tudo é completamente aleatório e onde você posiciona suas tropas não faz realmente muita diferença. O jogo apenas decide quando você vai ganhar e quando vai perder e não há nada que você possa fazer sobre isso.
Os níveis saltam muito em termos de dificuldade, é basicamente apenas um jogo de dados. Você pode vencer três batalhas consecutivas sem entender porque ganhou e depois perder a próxima entendendo menos ainda porque perdeu em menos de um minuto.
Grande parte disso porque o nome do jogo não é figurativo, você não faz ideia do que está acontecendo na tela e onde deve mover suas tropas, é apenas caos e aleatoriedade o tempo todo. E mesmo que você soubesse o que fazer, o que você jamais saberá, os controles são outro problema do jogo.
Claro que um RTS não foi feito para jogar com um joystick, e de fato mover um cursor pela tela com um d-pad não é o melhor. Mas o real problema aqui é que realmente sabe qual das suas unidades você está movendo pode ser confuso. É difícil desenvolver qualquer tipo de estratégia quando mesmo os comandos mais simples não são especialmente claros ou intuitivos. Muito menos o design do jogo, que novamente parece mais aleatório do que estratégico.
Na verdade, acho que os problemas do jogo são melhor resumidos ... por suas brigas 1x1. Se você se aproximar demais de um inimigo, o tempo para e você começa essa luta individual. O que é outra ideia divertida, mas o problema é que às vezes você vence o cara, então as ele apenas puxa uma arma e atira em você.
Então você poderia ter o dobro de vida e ainda perder porque é apenas aleatório. vê o problema aqui?
Ninguém pode prever que esse cara de repente pode ou não puxar uma Glock.
Chamar isso de um jogo de estratégia é idiota. Tem muito mais a ver com sorte, e acaso e borboletas batendo as asas na China ... ou qualquer coisa que o caos faça. Isso é muito menos estratégico do que parece, e não parece muito.
Se fosse equilibrado, General Chaos seria um excelente jogo pelas suas ideias, mas do jeito que é consegue ser menos "estratégico" do que jogar War. E isso é dizer muita coisa.