quarta-feira, 7 de outubro de 2020

[AÇÃO GAMES 046] ROCKY RODENT (ou NITROPUNKS: MIGHTHEADS no Japão) [SNES, 1993][#515]



Bem vindos amigos da Ação Games, hoje apresentaremos mais um extasiante capitulo de "Vamos emplacar um mascote animal nos anos 90 custe o que custar because Sega!", nossa popular série também conhecida como VEUMANA90COQCBS!

Após inúmeras tentativas de diversas empresas, algumas brilhantes (como Rocket Knight Adventures) e outras fisicamente dolorosas (como Awesome Possum ... Kicks Doctor Machino's Butt, porque os anos 90 estavam em uma fase de gambás... eu acho?), a concorrente de hoje é a IREM, mais conhecida por não ser conhecida de ninguém.

Não que ela seja ruim, definitivamente a IREM tem alguns títulos decentes sob seu nome como Paaman: Enban Wo Torikaese (Super Dynamo) e Dinocity. Porém ela nunca foi além de apenas "decente", e certamente seus desenvolvedores acharam que o que faltava é um jogo de plataforma com um mascote cheio de atitude because deu certo com a Sega.


Capa japonesa do jogo
Nascia assim ... Nitropunks: Mightheads. É, eu sei. Por algum motivo completamente incompreensível [/sarcasm], a IREM na América achou que esse nome não ia pegar e decidiu mudar para Rocky Rodent... porque a palavra roedor sempre é associada com coisas incríveis e totalmente faria mais sucesso que um Nitro Punk de Cabeças Poderosas. Se essa frase não faz sentido nenhum lida em voz alta, eu vos apresento os anos 90.

O objetivo da IREM era, especificamente, fazer uma mistura de Taz com Sonic, porque essas eram coisas muito populares nos anos 90 e juntar as duas faria um sucesso automático. Eu não tenho certeza quanto a isso, mas definitivamente tenho certeza que você não terá sucesso algum com seu mascote se ele parecer assim:



Rocky parece mais o tipo de pessoa que você vê se esgueirando pra dentro de um cinema pornô no meio da tarde do que um herói, e eu realmente tenho minhas dúvidas como eles acreditaram que essa coisa emplacaria com alguém que não fosse o Ioiô da Ação Games. Enfim, deixando o visual de quem coleciona ordens de restrição judicial, vamos ver nossa história:



Rocky Rodent é um carinha manjado na cidade devido ao seu hábito de comer nos restaurantes e sair correndo. Com efeito, ele é o inimigo público dos restaurantes número dois (o número um é o cara que insistiu em ver o que estava acontecendo na cozinha). O que é um predicado questionável para um herói de videogames, mas eu já vi piores. Não muitos.

Enfim, a sorte de nosso herói muda quando ele se depara com um dono de restaurante com um problema:



Um dono de restaurante está devendo sua "taxa de proteção" para a Mafia, e para se lembrar de manter as taxas em dia eles sequestraram a filha dele. Obviamente a Mafia não compartilha da premissa que apenas o governo pode cobrar o que ele quiser das pessoas sob ameaça de coisas horriveis acontecerem, e isso é algo que não podemos aceitar!

... exceto que Rocky totalmente pode.

Ele não se importa muito com novinhas sendo sequestradas pelo Robert De Niro para pintar uma casa, mas quando surge uma proposta que o seu pagamento será uma boca livre aí a coisa de figura. Afinal, Rocky compartilha da filosofia de vida do grande pensador moderno Fausto Silva:


Sinto o heroísmo transbordando de mim. Em defesa do jogo, entretanto, tenho que dizer que não é todo jogo que cujo conceito é zootopia dirigido por Martin Scorcese, onde você tem que salvar o dono de um comércio local que está sendo extorquido pela máfia. Com a vantagem que o jogo não leva três horas e meia para isso e você ainda ataca mafiosos antropomórficos.

Rocky Rodent 1x0 O Irlandês



Mas hey, se esse é um jogo de plataforma para 16 bits com a ambição de se tornar um mascote iconico, então tem que ter uma mecanica definidora, certo? Sim, certo. E a mecanica aqui em questão são os vários tipos de penteados que se pode ter. Sim, é sério isso. Rarity aproves.

No começo, a única maneira de ele atacar inimigos é pelo método testado e aprovado de pular em cima dos inimigos. No entanto, à medida que avança nos 16 ou mais níveis do jogo, você poderá dar ao seu roedor quatro penteados diferentes (sendo que no começo apenas um está disponível e um novo começa a aparecer a cada conjunto de três fases+boss).



Sim, eu sei que isso soa estúpido, mas na verdade é uma ideia bem legal. Enquanto os penteados fazem Rocky parecer ainda mais ridículo do que o normal (o que não é pouca coisa, com a língua pendurada na boca e seu olhar de pedófilo do parque), eles são bastante úteis.

O primeiro que você obtém, um corte punk espetado, te dá um ataque de cabeçada e ainda permite que você grude no teto e balance para subir nas bordas acima.



O moicano serve como um ataque a distancia na forma de bumerangue, enquanto as tranças são uma combinação de chicote/gancho. Finalmente, tem um penteado estilo Dona-Florinda-sem-Bobs que faz com que Rocky salte como uma mola - uma maneira útil de catapultá-lo para lugares mais altos.

E você terá que dominar cada um desses penteados para passar por este jogo. Os níveis são carregados com todos os tipos de truques que exigem altos níveis de bateção de cabelo. Em todos os anos dessa indústria vital, essa foi uma das coisas mais estranhas que eu já escrevi nesse blog. Enfim, um minuto, você pode precisar da trança para balançar de gancho em gancho sobre uma substância semelhante a lava.



Logo depois, talvez você precise mudar para o corte de cabelo espetado para grudar no teto e balançar borda acima, enquanto a mesma substância vermelha está se aproximando. Todos os quatro tipos de power-ups de cabelo são abundantes, o que significa que você nunca deve ter problemas para encontrar um estilo de cabelo adequado para superar qualquer um dos obstáculos do jogo.

Isso não é ruim realmente, ser uma ratazana cabeluda de penteados que dão power ups diferentes é bem legal. O problema é que Rocky Rodent realmente não oferece mais nada além do seu gimmick. A maioria dos níveis deste jogo gira em torno de você usando seu cabelo para ir de um lugar para outro. Claro, existem inimigos neste jogo, mas eles pode facilmente ser ignorados - sendo o level design seu único adversário. Todos os chefes têm padrões bem repetitivos, facilmente exploráveis ​​que os tornam pateticamente fáceis de vencer depois que você aprendeu o padrão (o que costuma levar alguns segundos).

Os gráficos e o som não são horríveis (quer dizer, eles SÃO horríveis mas é escolha artística e não falta de capacidade de programação), mas não são muito memoráveis.



No entanto, o problema de atirar todo sucesso do jogo nas costas do gimmick é que a principal força do jogo se torna uma fraqueza em pouco tempo porque depois de obter acesso aos quatro penteados, basicamente você estará fazendo as mesmas coisas repetidas vezes em cada nível. Talvez algumas complicações ocorram quando você chegar ao final do jogo, mas é provável que você já tenha visto quase todos os desafios de alguma forma ou quando você estiver um pouco mais do meio do jogo.

A jogabilidade deveria ser o maior aliado do gimmick, mas é seu maior inimigo. Isso porque o jogo queria ser o Sonic do Super Nintendo, mas a execução parece não entender o que faz Sonic funcionar. Isso quer dizer que ele tem a mesma jogabilidade pesadona com inércia do Sonic que tanto atrapalha as partes de plataforma, mas na hora de embalar e pegar velocidade... apenas não faça isso. Você literalmente não vai conseguir ver o que está na sua frente e vai bater em inimigos. Considerando que você pode apenas tomar dois hits no máximo (no primeiro você perde o cabelo, se estiver sem cabelo morre) e temos um jogo em que correr SEMPRE é punido.



Se você vai fazer um jogo em que o personagem corre a um milhão de quilometros por hora e o level design parece incentivar que você faça isso, não puna o jogador por fazer o que o seu design parece quer que ele faça.

Passei pelos cinco ou seis níveis finais apenas rezando para estar no último. Enquanto a maioria deles é bastante vasta, com vários caminhos alternativos (como as - poucas - fases bem desenhadas de Sonic the Hedgehog), eu não tinha vontade de começar a explorar, pois meu único objetivo era chegar ao fim o mais rápido possível, na esperança de que o jogo acabaria então. E não precisava ser assim.

O cabelo moicano também pode ser lançado contra a parede e usada como mola
No início do jogo, você tem uma divertida fase na qual precisa ultrapassar (e pular) carros em uma estrada movimentada antes que o sol se ponha. Foi um complemento incrível para a fórmula de plataforma padrão - e nada parecido foi encontrado durante o resto do jogo.



Eu realmente não pude deixar de pensar que tudo teria sido um pouco melhor se mais algumas etapas legais tivessem sido feitas para tirar um pouco do foco do CABELO MULTIPROPÓSITO SURPREENDENTE do Rocky Rodent. Quero dizer, o cabelo é legal e tudo, mas você não pode esperar que ele carregue um jogo inteiro ... pode?

Na cabeça da IREM, pode. Só que a realidade discorda.

Olhe essa cara de Ioiô, é uma batalha perdida passarinho.
São coisas assim que separam os jogos bons dos ruins. Níveis repetitivos combinados com um gameplay pesado fizeram com que o horroroso Rocky jamais entrasse na galeria dos grandes jogos de plataforma de mascotes de videogame. E também porque ele é mais feio que encoxar a mãe no tanque, tam isso também.

FUN FACT: existe um código para continues infinitos, mas é um dos códigos mais dificeis de fazer na história do Super Nintendo! Você tem que apertar Y, A, R, A, B, A antes que Rocky atravesse a tela. Agora, sabe quanto tempo isso é? Quanto tempo você tem para fazer esse código?

ISSO:


Ah c'mon! Sério, eu nunca consegui fazer esse código na vida!


PREVIEW NA EDIÇÃO 038