sábado, 12 de setembro de 2020

[SUPER GAME POWER 001] THE INCREDIBLE HULK (SNES e Mega Drive, 1994)[#489]


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 Um videojogo de um personagem licenciado nos 16 bits carrega consigo uma única exigencia. Eles precisam fazer apenas uma coisa, uma apenas, e está tudo certo: a sensação de jogar com aquele personagem. Esse é o ponto de venda da coisa toda, é pra isso que compramos o jogo.

Por exemplo, em um jogo do Deadpool eu espero basicamente jogar como o Mercenário Tagarela e se isso for atingido todo o resto é perdoável. Hoje a gente pode se dar ao luxo de esperar algo mais de um jogo do que apenas reproduzir o personagem e só (sim, Spider-Man do PS4, estou olhando pra você), mas nos anos 90... é o que dava para esperar.

Verdade seja dita, isso é mais fácil falar do que fazer já que alguns personagens não tem nada particularmente único. Quer dizer, como você tira alguma coisa única do Chester Cheetah para fazer um jogo sobre ele? CHESTER CHEETAH: TOO COOL TO FOOL prova que não tira.

Felizmente alguns personagens são únicos o suficiente para que possa fazer um jogo sobre ele, como é o caso do Incrível Hulk. Quer dizer, olha o nome dele, ele é o INCRÍVEL Hulk! O bordão dele é "HULK ESMAGA!", tá quicando na area pra empurrar pro gol de fazer um jogo disso!

Então como faz um jogo do incrível Hulk? Bem, o ideal é o jogo que foi feito para PS2/XBOX Original em que você realmente se sente como o Hulk hulkeando pela cidade hulkeanamente. Para ter uma ideia, você pode pegar os carros parados na rua, partir eles ao meio e usar como soqueiras para o Hulk.

MAS PRA QUE O HULK PRECISA DE SOQUEIRAS?

Não é esse o ponto aqui! O ponto é que Hulk esmaga roaaaaaaaaaaarrrrrrr!

Hulk pega um TANQUE e usa como porrete, because Hulk!

Bem, sim, é claro que um jogo de Mega Drive e SNES não tem como fazer uma coisa dessas, verdade. Mas o espirito da coisa é que importa. Como fazer um jogo com esse feeling no consoles da época? Ora, já foi feito: chama-se TWO CRUDE DUDES,


Você pode pegar qualquer item do cenário, incluindo carros, postes de luz e outdoors pra arrebentar na cabeça dos inimigos, seus socos fazem um KRAK de quadrinhos satisfatório, enfim é o jogo perfeito so precisa colocar o Hulk ali e está feito o serviço! Super easy, barely an incovenience, não?

Bem Hulk isso, não?

Então... eles podiam fazer isso... ou podiam fazer um jogo genérico de plataforma onde o INCRÍVEL Hulok precisa de quatrocentos soquinhos para matar um único inimigo. Eu não sei caras, isso parece bem pouco INCRÍVEL pra mim.

Assim... por que? Sério, porque alguém faz um jogo do INCRÍVEL Hulk e faz ele um moloide que morre com tiros normais que precisa de dezenas de socos para derrotar cada soldadinho na tela? Não, alguém pode me explicar isso?

Isso não é um loop, é o tanto de hits que precisa para derrotar UM inimigo

Eu entenderia se fosse um super herói meio desconhecido, mas até a sua mãe e a mãe dela sabem quem o Hulk é: um cara grande e forte que detona tudo. Com efeito, é um dos personagens mais fisicamente fortes da Marvel, então como esse jogo aconteceu?

Porque dizer que o Hulk  é fraco nesse jogo é uma ofensa a todas crianças da Somália com anemia, e toda a premissa da jogabilidade vai contra tudo o que o personagem deveria represemtar. Por que o Hulk seria afetado por balas e soquinhos de soldados? 

Agora eu preciso saber do que é feita essa bola que é massiva o suficiente para causar dano no FUCKING INCRÍVEL HULK e ao mesmo tempo ser leve o bastante para quicar

Novamente, esse é o personagem mais forte e resistente da Marvel que estamos falando. As balas deveriam ser ignoradas. Alias, sabe o que eu faria? Faria um jogo que você começa como Bruce Banner e precisa aumentar sua pistolice para virar o Hulk, aí uma vez que você vira o Hulk você é invencível mas precisa ficar correndo atrás dos inimigos para não deixar sua boladísse passar - inclusive os tiros o manteriam pistolado e Hulk. Na forma de Bruce Banner você seria vulnerável, então o jogo teria aquele feeling do Doom de 2016 em que a mecanica recompensa você por ir pra cima dos inimigos tocar terror.

Eu sei lá, eu pensei nisso em 15 segundos, tenho certeza que os caras que levaram meses fazendo esse jogo conseguiriam ter uma ideia do que literalmente a primeira coisa que me veio na cabeça... só que invés disso, não, temos um Hulk moloide que não esmaga nada e a melhor estratégia é fugir dos inimigos já que leva muito tempo matar eles, você toma dano e não ganha nada com isso.

Eu não poderia pensar em um jogo que passe menos a sensação de Hulk mesmo que eu tentasse. 

É bem claro que a Probe Software (responsável por crimes contra a humanidade como BACK TO THE FUTURE, PART III) apenas tacou o sprite do Hulk em um jogo que eles já tinham semi pronto, mas poxa né? O resultado final é que temos um jogo você só consegue pular e socar em níveis longos e repetitivos preenchidos com os mesmos soldados blindados de sempre.

Mas calma que piora.

Algo que tinha potencial e foi rapidamente arruinado é a inclusão do indefeso Bruce Banner como um personagem jogável, já que as maneiras de pegá-lo são muito, muito erradas. Veja: você volta a ser o bom doutor tomando uma pilula. Sim, Hulk toma uma pilula pra virar o Bruce Banner... por que? Isso é contra todo o ponto do personagem... 

Enfim, mecanicamente o raciocínio por trás disso é que Bruce Banner pode acessar aberturas menores para pegar itens que o Hulk não pode, o que é bastante estúpido. Por que o Hulk precisaria entrar em um duto de ar? Não seria mais fácil para ele apenas rasgar a maldita parede como se você fosse a porcaria do INCRÍVEL HULK? 

Você também reverte para Banner se sua energia acabar, e isso é igualmente digno de uma palma na própria testa. O Hulk não fica mais forte à medida que fica mais irritado? O dano não deveria irritá-lo o suficiente para torná-lo quase imparável? Caralho essas aulas de meditação que ele deve estar tendo são do caralho heim pra ele se acalmar com todos aqueles soldados atirando nele.

Alguns momentos positivos do jogo incluem os gráficos razoaveis e a adição de chefes iconicos dos quadrinhos como o Abominação (que aparece com muita frequência), o Homem Absorvente e o Líder. Sabe, o Hulk tem uma galeria bem interessante de vilões, é realmente uma pena que nunca tenha emplacado um filme solo dele (apesar de haverem dois e um ser oficialmente parte do MCU).

O Líder, por exemplo, é um cara que sofreu um acidente parecido com o do Bruce  Banner, só que o que o Hulk ficou de forte ele ganhou de inteligencia, o que lhe conferiu um cerebrão que faria inveja a qualquer Haruzinha

É legal ter vários chefes tirados dos quadrinhos, mas as batalhas em si não são muito emocionantes e basicamente se resumem a socar o inimigo antes que ele possa revidar, sem necessidade de técnica ou estilo. O que soa bem Hulk na teoria, mas não funciona tão bem em  um videojogo assim. Às vezes, você pode encontrar coisas para pegar e jogar, como pedras ou carros, mas eles não causam nenhum dano em particular e seu tempo é melhor empregado apenas socando mesmo.

Alias esse é outro problema no jogo: a sensação de peso. Tudo é muito leve e muito floatsy, e mesmo que você arremessar jogar inimigos e as vezes objetos do cenário... nada parece poderoso ou impactante, tudo causa dano de menos e passa a sensação de ter peso de menos para ser realmente cool.

Tá sentindo o feeling de jogar com o Hulk?

Falando em peso, ah sim, os saltos! Para um herói que supostamente pode saltar milhas, o pobre Hulk mal consegue cobrir um buraco de espinhos aqui. O é agravado pelo controle horrível, que atrasa ligeiramente sempre que você pressiona o botão. Não é o suficiente para arruinar completamente o jogo, mas faz com que pular até mesmo o menor buraco seja algo com que vc precise se preocupar. O fato de cair em um buraco ou uma piscina significa morte instantânea (porque Hulk não nada, deve ser o peso do Whey Protein o puxando para baixo) apenas barateia ainda mais uma experiência que já não é essas coisas.

Eu realmente queria ter grandes expectativas em relação ao Incrível Hulk, porém anos nessa indústria vital fizeram o bom senso levar a melhor de modo que eu estava emocionalmente preparado para o que joguei. Não posso dizer que odeio o jogo, porque ele funcional no que ele faz, mesmo que apenas no limite do aceitável. O problema é que ele não faz muito, e eu gostaria de muito mais para um personagem que é tão incrivelmente poderoso. Acho que vou ficar com a versão de PS2 mesmo, e você também deveria.

A única coisa pelo qual esse jogo é realmente memorável é pela imagem da capa bem legal (especialmente na versão de SNES que é melhor recortada), o que o levou a ser capa da primeira edição da Super Game Power. Porque o Hulk é legal, mesmo que o jogo não seja.

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