Sim, mais jogo de Alien e se achar ruim vai ter outr...
Ok, ok, ok, espera. Antes de começar tem uma coisa que eu PRECISO dizer antes que isso de qualquer coisa. Antes da intro, antes de qualquer coisa: Alien Trilogy é baseado nos três primeiros filmes de Aliens, obviamente. Ele é estruturado de forma que tem trinta e poucas fases, divididas em três areas temáticas baseadas nos três filmes: a nave dos Space Joqueis do primeiro filme, a colonia infestada por aliens do segundo e a prisão do terceiro. Até aí tudo bem.
O que está enlouquecendo o meu TOC, entretanto, é que as fases são na seguinte ordem: o segundo filme, então o terceiro e só aí o primeiro. Não é um problema realmente e nem é como se o jogo tivesse história realmente dentro dele, só é... fora de ordem.
Isso sendo posto pra fora, podemos começar a falar sobre o jogo...
Em 1996, a Probe Entertainment pegou o trabalho de fazer dois jogos sobre trilogias de filmes ao mesmo tempo. Não sei pq alguém fez essa associação da Probe com trilogias em particular, mas fazer jogos licenciados "hã, okay, esse passa... mais ou menos" era meio que a coisa deles então eu entendo a parte da licença. Estou falando de jogos beeeeeem mais ou menos (mais pra menos do que pra mais em sua maioria), coisas tipo JUDGE DREDD, STARGATE, THE PAGEMASTER e... MEU DEUS DO CÉU ELES FIZERAM BATMAN FOREVER, COMO ALGUÉM OUSOU DAR TRABALHO PRA ESSES CARAS DE NOVO NA VIDA?!?
... mas divago. Eu dizia que eles pegaram duas licenças para fazer jogos sobre o "conjunto da obra": Duro de Matar e Alien, sendo que o time com o maior orçamento, maior equipe e grupo mais experiente fazendo dentro da Proble se dedicou a esse clone de Doom enquanto o time B da Probe Software... fez um jogo muito mais ambicioso que eu falarei dentro em breve, Die Hard Trilogy.
Mas como o que nos importa aqui é a franquia de máquinas de matar ébano mais mortal do universo, terá conseguido a Probe reproduzir em um FPS de 1996 o que faz Alien ser Alien?
MAS O QUE "FAZ ALIEN SER ALIEN"? PQ OS TRÊS FILMES SÃO DE GENEROS INTEIRAMENTE DIFERENTES ENTRE SI.
Fico feliz que tenha perguntado, Jorge, pq falar de Alien é algo que sempre me interessa.
ALIEN (1979, dir. Ridley Scott)
Eu vou ser bem honesto com vocês: filmes de terror não são muito a minha coisa. Eu ainda aprecio um bom slasher ultraviolento tanto quanto qualquer pessoa civilizada, mas terror mesmo de se sentir incomodado... não é meu copo de chá, definitivamente. Isso sendo dito, tem algo especial nesse filme.
No papel, Alien não faz nada que nunca tenha sido feito em sci-si antes: uma tripulação vai explorar os destroços de uma nave alienígina abandonada (em um universo que não existem outras formas de vida inteligentes), e volta... trás algo a mais com eles. Um oitavo passageiro, como diz o subtitulo em portuguÊs.
Então o que exatamente faz ALIEN ser o que é hoje?
A verdade é que é uma pergunta difícil de responder, mas acho que podemos concordar concordar que a combinação sem esforço de tensão silenciosa e lenta, junto com com alguns dos designs de criaturas/cenários mais alienginas que o cinema já viu. Essa é a coisa interessante aqui: Ridley Scott e o artista plástico H.R. Giger não apenas criaram coisas aleatórias, existe uma lógica no ciclo de vida daquela criatura e existe um sentido no design da nave alienígina. Que sentido é esse?
Essa é a beleza da coisa, não dá realmente pra dizer pq são formas de vida nunca concebidas antes na Terra! São aliens, veja só você. Isso pode parecer óbvio e dado, mas não poderia ser mais longe da verdade. Aliens na ficção usualmente são apenas pessoas coloridas (as vezes nem isso), aqui o monstro é completamente alienígina.
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| Esse filme continua relevante por vários motivos que não são exatamente bons... |
O que torna essa premissa plenamente realizada, entretanto, é o ambiente claustrofobico e apertado. Cada tomada de Ridley Scott é magistral, mostrando que a tripulação está presa dentro de um labirinto de metal com um predador perfeito. Adicione a isso uma tripulação bem relacionavel: eles são essencialmente caminhoneiros espaciais.
Grande filme de terror, top notch.
ALIENS (1986, dir. James Cameroon)
Pergunta pra vc, bonitão: como você faz uma sequencia para um grande filme de terror? A saída usual, é claro é trazer o monstro de volta para matar mais gente... o que é okay, eu suponho, mas não dá pra fazer melhor que isso?
Então, dá. Porque é exatamente o que Thiago Camarão fez aqui: ele chutou o balde e transformou Aliens em um filme de ação ao bom e velho estilo dos filmes de ação dos anos 80. E caceta maluco, se tem alguém que sabe fazer um filme de ação, é o Thiaguinho. Assista Terminator 2 se duvida de mim.
A premissa do filme aqui é que Ripley passou 57 anos a deriva no espaço em sono criogenico até ser resgatada... apenas para descobrir que a lua da onde saiu o primeiro ovo de alien foi colonizada, e agora a colonia desapareceu sem deixar sinal. O que possivelmente poderia dar errado, huh?
O que eu mais gosto é que o time de space marines que eles mandam para a missão (com Ripley como consultora, pq ela é a única que já viu um alien e viveu para contar) parece um time de verdade que já fez varias missões juntos. Eles tem intimidade entre si e quimica, em grande parte porque James Cameroon juntou o pessoal duas semanas antes das filmagens começarem para eles se conhecerem e hangearem até virarem conhecidos.
O resultado disso é tudo que vc poderia esperar de um daqueles filmes de ação pica dos anos 80, só que o predador mais letal do universo como inimigo. Na verdade, dezenas deles - a escolha de chamar a continuação de AlienS foi uma sacada genial tb.
E hey, se a mulher mais badass da história do cinema socando um monstro de 5 metros de altura usando uma EMPILHADEIRA não é arte, então nada mais é.
ALIEN³ (David Fincher, 1992)
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Então, como você faz uma continuação para uma das maiores continuações de todos os tempos? Bem simples, não faz. O que você faz é mudar o genero do filme, como deu certo da vez anterior. Isso sendo dito, Alien 3 não é um filme de ação como o segundo e não é um filme de terror como o primeiro. Ele é um filme de... hã... ele é... hm... ele é um filme, isso podemos dizer com certeza, mas o que ele é exatemente ou pelo menos tenta ser...
... um filme europeu de arte, eu acho? Bem, dado o curriculo do David Fincher isso poderia funcioanar, mas a verdade é que eu não tenho muita certeza se funcionou ou não. Quer dizer, trinta anos se passaram e eu ainda não sei dizer se esse filme é bom (o que obviamente soa como "não" se vc precisa de 30 anos pra responder disso), mas também não é um filme ruim.
É um filme estranho.
E é fácil entender pq: Alien 3 é um DAQUELES filmes onde a produção foi um acidente de trem, chegando ao ponto que os script nem estava terminado quando as filmagens começaram. Some a isso algumas decisões tenebrosamente ruins (como matar todos os sobreviventes do filme anterior offscreen apenas pq foda-se).
O tom do filme, entretanto, é o mais curioso: ele é um filme arrastado e depressivo, não nem terror, parece que o objetivo do filme é fazer o espectador cometer suicidio pq tudo nele é sem esperança e horrível. A trama aqui é que após os eventos do segundo filme, a nave dos sobreviventes tinha um Alien abordo, o que faz a nave cair e todo mundo morre, até a menina (que é uma das raras crianças legais no cinema, olha só) - exceto Ripley que pode ou não estar infectada com um Alien.
E só de zoas ela tem que raspar o cabelo pq o planeta é atulhado de piolhos. Pq desgraça pouca é bobagem, claro.
Agora o interessante disso é que na versão original do diretor nunca é realmente revelado se ela estava emprenhada ou não, e que talvez o sacrificio dela no final tenha sido por nada. Porém o estúdio achou que a audiencia ia gostar mais de resposas obvias e não tem muito mistério aqui. Eu acho que a primeira combina mais com o tom do filme que a segunda, mas a segunda é que foi para o corte final.
Como eu disse, Alien 3 não é um filme ruim RUIM, só é... estranho, e as cenas de morte são meio sloppy. No primeiro e no segundo filme você é apresentado ao elenco por um bom tempo antes do pessoal começar a morrer, e você conhece aqueles personages, então importa. Aqui é um bando de desconhecidos que até duas cenas atrás estava tentando estuprar a Ripley (hey, eu disse que a coisa é pesada) então... vai xenomorfo!
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| Se vc sempre quis saber o que aconteceria se o xenomorfo infectasse algo além de um humano, eu vos apresento o alien-doguíneo! |
Houve ainda um quarto filme de Alien, mas ele terá seu próprio jogo mais pra frente, e eu definitivamente espero não ter que falar sobre Prometheus um dia... então por isso encerramos as reviews por aqui. De modo geral, Alien é uma franquia bem curiosa e eu não consigo pensar em outra onde cada filme é um genero totalmente diferente.
O primeiro é um filme de terror, o segundo um filme de ação, o terceiro é um filme com altas pretenções artisticas e o quarto é um filme trash que não se leva a sério em nenhum momento. Dito isso, esse jogo "Alien Trilogy" não segue a linha dos filmes e foca apenas em um estilo ... que eu diria que é mais perto do primeiro filme.
Agora, isso é interessante porque usando a engine de DOOM existe só um determinado tanto que vc pode fazer (esses jogos eram chamados de "Doom clones" por um motivo), então dar o seu próprio tom é algo dificil com esse modelo e isso que esse jogo faz muito bem. Alien Trilogy é sua própria coisa, então kudos onde kudos são devidos.
O que pega aqui não é tanto que sua munição é BEM limitada, então o jogo tem todo uma vibe muito forte de survival horror e, mais importante que isso, de ficar com o cu na mão a cada esquina pq vc não tem bala pra tankar todo mundo.
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| Tough situation, buddy |
O melhor ainda é que isso é inteiramente opcional: se vc não quiser jogar no modo "survival horror" é só colocar no easy, o jogo ainda é mesmo só que sem regular na munição. Então se não gostar é só não usar, eu posso respeitar isso.
Esse é uma mecanica que recria o ambiente de tensão, a outra coisa inteligente que a Probe fez foi reproduzir a sensação de claustrofobia melhor do que eu poderia esperar. Isso pq apenas fazer corredores apertados em um FPS não funcionaria, vc teria aqueles robo simulator que nunca deram um grande jogo como dá pra ver nos IRON ANGEL OF THE APOCALYPSE da vida. O que eles fizeram aqui então foi o seguinte: quando vc mata os aliens o corpo deles continua espalhado no chão.
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Como o sangue dos aliens é ácido, pisar neles causa dano. Assim onde vc pode pisar vai diminuindo o espaço conforme você vai matando (até pq HP não cai do céu), então vc vai ficando encurralado enquanto luta. Daí o seu feeling de claustrofobia.
Por outro lado, o jogo tem alguns aspectos negativos que te lembram que vc está jogando um clone de Doom e não o original. Por exemplo, das sete armas aqui apenas o lança-chamas sente realmente único, e a maioria delas você tem que apertar o botão de tiro pra cada disparo. Dado o número de aliens que você está enfrentando e quantos tiros são necessários para deitar cada um, prepare-se para caimbras antes cedo do que tarde
Adicionalmente o motion tracker é menos útil do que nos filmes, ele nem mesmo diz se as criaturas estão em uma sala que você está prestes a entrar, mesmo quando você está parado na porta. Dado o espaço que isso ocupa na tela eu teria preferido um minimapa então.
Na época de seu lançamento, Alien Trilogy recebeu críticas extremamente positivas da imprensa ao ponto que a Gamepro o chamou de “O melhor jogo licenciado para filmes já feito. Gráficos impressionantes, sons superlegais e uma grande jogabilidade para te absordver!”. Eu não iria tão longe, mas definitivamente é uma experiencia deveras interessante ao que ele se propõe a fazer.
Me senti um analista tão chique ao encerrar falando desse jeito.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 024 (Março de 1996)
Edição 008 (Abril de 1996)
