sexta-feira, 28 de março de 2025

[#1431][Out/1999] TOY COMMANDER


Na quinta geração de videogames, tivemos dois jogos onde você podia escolher uma vasta seleção de veículos para resolver objetivos especificos em um sandbox virtual, usando (ou destruindo) o cenário com as habilidades únicas de cada veículo.

O que não é um grande número de jogos, mas ainda sim é estranho que tenha acontecido duas vezes.

Vamos falar então de COMANDANTE BRINQUEDO (não confundir com o MC Brinquedo), porém não é realmente possível falar dele sem mencionar ou explicar as comparações com BLAST CORPS do Nintendo 64, de 1997.

quinta-feira, 27 de março de 2025

[#1402][Abr/2000] THE LEGEND OF ZELDA: Majora's Mask (especial de 8o aniversário)

Hoje, 27 de março de 2025, meu blog faz 8 anos. Oito anos, é quase uma vida, huh?

Talvez por isso mesmo eu não consigo deixar de sentir o peso inexorável de cada um desses anos sobre as minhas costas. Quando eu comecei, eu era jovem e repleto de  esperança, entusiasmo e uma sensação ingênua de invencibilidade. Mas o tempo tem um jeito de nos mudar, não tem? Hoje, eu sou muito mais cansado, marcado pelas coisas da vida (e como a vida tem coisas) e desgastado por batalhas travadas em silêncio. Houve dias em que eu quis desistir, dias em que as palavras não vinham e noites em que eu questionava se alguma coisa disso importava. Mas de alguma forma, eu continuei, agarrado a este espaço como se fosse uma tábua de salvação. Talvez seja. Talvez seja por isso que, apesar de tudo, eu não posso parar agora. Cheguei longe demais, coloquei muito de mim em cada postagem, cada frase. Este blog carrega pedaços da minha alma, fragmentos de quem eu era e de quem estou me tornando. Então, continuarei escrevendo, não porque é fácil, mas porque é preciso.

E para marcar essa data tão especial, um jogo igualmente especial: "A Legenda da Zeldinha: Mascara da Majoração". Só que para entender por que esse jogo especial, primeiro é necessário entender as condições em que ele foi feito. Voltemos então ao final de 1998 - considerado por muitos o maior ano da história dos videogames, ano em que foram lançados jogos como HALF-LIFEMETAL GEAR SOLID e RESIDENT EVIL 2, entre outras pedradas.


Dentro todos os eclesiásticos jogos lançados em 1998, talvez nenhum seja mais emblemático do que a obra prima do gênio máximo dos videogames, Shigeru Miyamoto: estou falando, é claro, de THE LEGEND OF ZELDA: Ocarina of Time.

Eu não vou falar aqui de LEGEND OF ZELDA: Ocarina of Time, entretanto, meio porque não precisa. Quero dizer, sério, o que há para ser dito sobre esse jogo que já não tenha sido dito ainda? Eu mesmo passei 5 mil palavras falando sobre isso no post especial de 7o aniversário, não é sobre isso post de hoje.

O que eu QUERO falar hoje é sobre a sua DLC, seu patch de update. Vê, eu brinco muito nesse blog que a Capcom não lançava um jogo nos anos 90 sem planos de transforma-lo em uma franquia anual, relançando o mesmo jogo de novo e de novo apenas com fases novas ou personagens novos, mas as vezes nem isso, apenas uma gameplay levemente melhorada. Eu chamo isso de "continuação patch de update", porque é exatamente o que é: o que hoje as empresas fazem com um patch de update online para corrigir bugs e implementar melhorias, na época as empresas vendiam um jogo de 60 dolares inteiramente novo para te achacar com esse dinheiro. Bons e velhos tempos huh?

Eu amo o quão intenso e creepy o comercial é, para terminar com "rated E for EVERYONE".

Só que por mais que eu brinque com isso, não foi a Capcom que inventou essa prática - eles podem ser seus maiores defensores, mas não os criadores. Isso existe desde que os videogames são videogames, e eu estou falando bastante sério: uma das primeiras "atualizações mas não realmente uma continuação no sentido de um jogo novo" na história dos videogames foi MS. PAC-MAN, que como o nome sugere é o bom e velho Pac-Homem de sempre com uma nova mão de tinta.

A própria Nintendo, logo depois de reinventar a indústria dos videogames dos escombros em 1985 com SUPER MARIO BROS, o que fez logo em seguida? Uma DLCzinha marota: SUPER MARIO BROS 2 no Japão (conhecida como "The Lost Levels" no ocidente, já que a Nintendo da América achou - com razão - que a industria ocidental não estava madura para absorver esse conceito) é o mesmo jogo que o primeiro, apenas com novos níveis, alguns power ups novos, mais dificil e com controles melhores. Foi literalmente sobre isso que a industria dos videogames foi construída.

E isso não é uma coisa necessariamente ruim. Você gostou de um jogo? Eis aqui novas fases para ele! Isso é uma coisa boa para o publico que quer jogar mais da coisa que ele gosta, e bom para o desenvolvedor que não precisa criar nenhum novo asset, apenas reordenar o que já tem na forma de novas fases. Essa prática é tão comum no japão que tem até um nome: "gaiden", que significa literalmente "outra história" - uma forma de continuar explorando um universo amado pelos fãs de uma forma rápida e fácil, sem ter que colocar muito esforço em lidar com o canone.

Então quando LEGEND OF ZELDA: Ocarina of Time abalou geral em 1998, meio que fez sentido que a Nintendo pensou "hmm, o Gamecube só vai lançar em 2002 e todos nossos times estão ocupados se preparando pra isso. Pra não ficar sem lançar NADA em quatro anos, quem sabe lançar uma "continuação-update" em 2000 seria interessante"...

OW, OW, OW, ESPERA, TEMPO, TEMPO!

Hã? O que foi, Jorge?

DEIXA EU VER SE ENTENDI: O JOGO ESPECIAL PARA O OITAVO ANIVERSÁRIO DO BLOG É... UM UPDATE-CAÇA-NÍQUEL DE OCARINA OF TIME? A NINTENDO SÓ REORGANIZOU UNS ASSETS, CRIOU NOVAS DUNGEONS E SIDEQUESTS, E PRONTO?

A grosso modo essa é uma descrição justa de Majora's Mask, não vou mentir. 

ESSA COISA FEITA NAS COXAS O SEU JOGO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO? ESSE BLOG NUNCA FOI GRANDE COISA, MAS HONESTAMENTE ESSE É UM NOVO PONTO BAIXO MESMO PARA VOCÊ

Então... como eu disse, de um ponto de vista puramente tecnico, sim. Majora's Mask é só Ocarina of Time com uma roupa nova (e controles melhores)... só que ao mesmo tempo, não. Com certeza esse jogo não é "apenas" uma atualização caça-níquel. Com efeito, Majora's Mask é exatamente o oposto disso: Majora's Mask, acredite ou não, é arte no seu estado mais puro.

HUH, AGORA FIQUEI CONFUSO. ENTÃO ESSE JOGO É UM PATCH DE UPDATE OU UMA VISÃO ARTISTICA INTEIRAMENTE ÚNICA?

Sim. E por isso eu quero dizer que esse jogo é as duas coisas ao mesmo tempo. Nada mal para uma escolha de jogo especial de aniversário, huh? 

MAS COMO VOCÊ FAZ UMA VISÃO ARTÍSTICA DIFERENTE DE UMA FRANQUIA QUE É O MAIS PURO SUCO DA FANTASIA MEDIEVAL? THE LEGEND OF ZELDA SEMPRE FOI SOBRE CASTELOS, MASMORRAS E SALVAR UMA PRINCESA (TÁ NO NOME!). O QUE ELES VÃO FAZER COM ISSO? TRANSFORMAR ZELDA NUMA JORNADA SOBRE PERDA, MEDO, A PASSAGEM DO TEMPO E UM MUNDO ESTRANHO SAÍDO DA MENTE DO DAVID LYNCH?

ã, bem... então, exceto que foi exatamente o que eles fizeram, e é o que veremos a seguir!

quarta-feira, 26 de março de 2025

[#1430][Mar/2000] JOHN ROMERO'S DAIKATANA



Ao longo dos mais de 1400 jogos nesse blog, caminhando para 1500 reviews, eu já tive todo tipo de decepções nesta indústria vital. Desde descobrir que o meu amado DOUBLE DRAGON 3 do Nintendinho é na verdade uma bomba modorrenta criada nos porões do inferno, ou que por alguma razão é um ponto pivotal na indústria dos videogames que eu jamais serei feliz jogando como um DINÓCERO em qualquer jogo que seja.

Entretanto uma decepção que eu nunca tinha tido até agora foi descobrir que aquele que é amplamente odiado como dos piores, mais pestilentos, arruaceiros, gato polar FPS de todos os tempos... não é tão ruim quanto sua história é contada na internet. Não chega remotamente perto de algo que pode ser chamado de "bom", mas não é esse holocausto nuclear todo que pintam também.

Só que para entender como um jogo que é mais esquecível do que qualquer outra coisa acabou com esse pecha de piores jogos de todos os tempos, eu vou precisar conta a história desde o começo. E ela começa justamente no jogo mais influente dos anos 90 e por isso mesmo o mais citado: nossa história começa onde DOOM termina.

segunda-feira, 24 de março de 2025

[#1429][Set/1999] PRINCE OF PERSIA 3D (ou "Prince of Persia: Arabian Nights" na versão de Dreamcast)


Antes dos jogos de plataforma europeus, antes das adaptações licenciadas da Ocean, antes mesmo das pataquadas da Sega... eu tinha um inimigo neste blog. No começo, havia um nemesis, um homem com um objetivo e um objetivo apenas: tornar a minha vida gamer o mais sofrível e miserável possível.

Seu nome outrora causava ondas de terror no meu pobre e inocente coração gamer: Mechner. Jordan Mechner. O homem que puniu o mundo com a abominação conhecida como KARATEKAPRINCE OF PERSIA e então sua obra prima do horror que assombrava meus pesadelos por anos a fio:  PRINCE OF PERSIA 2: The Shadow and the Flame.

VOCÊ SABE QUE A CULPA É SUA POR JOGAR A VERSÃO HORROROSA DE SUPER NINTENDO, NÉ? 

Hmm, é, suponho que para alguém que já tem inúmeros problemas com PRINCE OF PERSIA, jogar a versão da continuação feita pelos mesmos caras que fizeram SUPERMAN: The New Superman Adventures talvez não tenha sido a melhor escolha ever. 

Mas divago, o ponto é que eu não gosto de PRINCE OF PERSIA e vocês podem imaginar o quão pouco saltitante eu fiquei ao saber que agora teria que jogar Prince of Persia em 3D. E agora que você sabe sobre o meu background com esse jogo e provavelmente gosta menos ainda de mim (pq sim, eu sei que PRINCE OF PERSIA é vista como uma série bastante popular), vamos mergulhar nessa história de ambição, timing ruim e escolhas de design altamente questionáveis.


domingo, 23 de março de 2025

[#1428][Fev/1999] CRAZY TAXI


Crazy Taxi é, ao mesmo tempo, o maior exemplo de tudo que havia de certo e errado com a Sega. A razão pela qual ela saiu do ramo dos hardwares e teve que ser incorporada pela Sammy (que tinha o dinheiro, mas não o renome - resultando em um casamento vitoriano de interesses), porém também a razão pela qual a Sega ainda está viva até hoje.

Prepare seu yayayayaya, porque hoje é dia de falar do Taxi Maluco do Gugu! Quer dizer, o Gugu teve um quadro com esse nome, não? Eu tenho bastante certeza pq ele teve um quadro de taxi e nos anos 90 eles colocavam "maluco" em tudo. Seja como for, então vamos que vamos nessa review muito doida! 

sábado, 22 de março de 2025

[#1427][Set/1999] AGE OF EMPIRES 2: The Age of Kings


Então, quarto jogo seguido nesse blog que é uma continuação sendo que os ultimos eram menos "uma continuação" e mais "o mesmíssimo jogo com uns badulaques extras". Hã, parece que é assim que a gente rola agora.

E não ajuda muito que eu naõ seja exatamente o maior fã do mundo do primeiro AGE OF EMPIRES. Não é nem que eu ache ele ruim, é um jogo de estratégia em tempo real (RTS) decente, sinceramente ele tentava ser SID MEIER'S CIVILIZATION 2 com mais ação e não era particularmente espetacular nem na ação, nem na parte da civilização. É um dos jogos já feitos, definitivamente.

Corta agora pra dois anos depois e temos Era dos Impérios 2: Era dos Reis. Dado esse contexto que eu expliquei, suponho que vocês vão entender quando eu disser que não estava particularmente empolgado para todas essas Eras de hoje.

quinta-feira, 20 de março de 2025

[#1426][Fev/1999] MONSTER RANCHER 2

Ok, certo. Eu realmente, realmente não queria fazer isso, mas eu realmente não tenho como evitar falar a mesma coisa pela terceira vez nesse blog. Eu quero dizer, o que mais você esperam que eu diga?

Vamos lá: anteontem eu joguei POP'N MUSIC 2... que é exatamente POP'N MUSIC, só que com novas músicas. Aí ontem eu joguei TOM CLANCY'S RAINBOW SIX: Rogue Spear, que é TOM CLANCY'S RAINBOW SIX com novos mapas. Ai hoje eu jogo Monster Rancher 2, que é essencialmente MONSTER RANCHER com novos monstros.

Tá, eu sei, po, que reducionismo preguiçoso do caramba, mas novamente, o que mais eu possivelmente poderia dizer? Tá, além de novos monstros esse jogo tem novos ataques e... hã... então... rancho de monstros... mas dois?

quarta-feira, 19 de março de 2025

[#1425][Set/1999] RAINBOW SIX: Rogue Spear



Em 1998, TOM CLANCY'S RAINBOW SIX realizou o sonho molhado dos nerdolas de coisas militares (que é um nicho bem maior do que eu possivelmente poderia suspeitar inicialmente), ao trazer operações táticas com toques de realismo aos videojogos. Sai o exército de um homem só, entra um esquadrão de precisão silenciosa e mortal cujo trabalho é entrar e sair antes que o alvo perceba que já está morto.

O que foi uma ideia bem bacana e diferente, é extremamente satisfatório traçar um plano de ação antes da fase começar e depois só ouvir seus companheiros no rádio informarem eficientemente: "Tango down". Enfim, eu gosto bastante de TOM CLANCY'S RAINBOW SIX.


E sabe quem mais gostou disso? Bastante gente, aparentemente, porque exatamente um ano depois a Red Storm (empresa fundada pra criar jogos baseados nos bilhões de livros de Tom Clancy e que posteriormente foi incorporada pela Ubisoft) colocava nas prateleiras um pacote novo de missões que pode ser chamado de continuação, mas dizer que é mais apenas um pacote com novas fases com esteróides não seria exatamente errado.

Então, vamos começar do começo: para quem amou o TOM CLANCY'S RAINBOW SIX original, como eu, viva! A Lança Soltona está aqui para te dar… bem, mais do mesmo. Só que melhor! Mais ou menos melhor.

terça-feira, 18 de março de 2025

[#1424][Fev/1999] POP'N MUSIC 2


Okay, o de hoje vai ser rapidinho pq... bem, é a sequencia de um jogo Bemani para o PS1. Se você sabe o que essas palavras significam, você já sabe tudo que tem para saber sobre esse jogo. Se não... bem, suponho que é meu trabalho falar um pouco sobre isso para os puros de coração.

segunda-feira, 17 de março de 2025

[#1423][Set/1999] WINBACK: Covert Operations


Se eu te pedir para imaginar um jogo de tiro em terceira pessoa, hoje, em 2025, o que você vai pensar? Bem, provavelmente um jogo de tiro onde você ganha terreno metro a metro eliminando inimigos em seu caminho enquanto pega cobertura no meio do tiroteio, certo?

SIM, TODO GENERO AINDA É MUITO INFLUENCIADO POR GEARS OF WAR, DE 2006


Correto, Jorge. Agora digamos que esse jogo tem a camera por cima do ombro do protagonista, que elimina os inimigos metodicamente com sua mira laser?

AGORA ISSO É RESIDENT EVIL 4, DE 2005


Novamente correto. Esses são, sem duvida, os dois jogos mais influentes que moldaram o genero, isso é um fato conhecido. Mas E SE, veja bem, E SE eu te dissesse que existe um jogo que é a fusão dessas duas pedras fundamentais do tiro em terceira pessoa... só que lançado para o Nintendo 64 e cinco anos antes de Resident Evil 4?

NANI?!?!

Pois é. Acredite ou não, esse jogo existe, e hoje falaremos de Winback. Um jogo que, em 1999, olhou para o controle do N64—a monstruosidade de três hastes projetada por alguém que nunca viu mãos humanas—e disse: “Sim, podemos fazer um shooter em terceira pessoa com sistema de cobertura nisso.”. 


O que, obviamente, ninguém teve a menor ideia do que eles estavam falando porque não é como se existisse isso de "shooter em terceira pessoa com sistema de cobertura"... ainda. Mas não vamos nos adiantar, vamos começar do começo.

domingo, 16 de março de 2025

[#1422][Mai/1999] STREET FIGHTER 3: 3rd Strike - Fight for the Future


 Não é realmente possível falar sobre o terceiro e último update de STREET FIGHTER 3: The New Generation sem mencionar que neste jogo especificamente aconteceu um dos maiores momentos da história dos videogames, de todos os tempos.

Só que para você entender o que esse momento significa e aprecia-lo em toda sua glória, primeiro eu vou precisar explicar a mecânica nova introduzida nesse jogo: o parry.

sábado, 15 de março de 2025

[#1421][Set/1999] TIME STALKERS (ou "Climax Landers" no Japão)


Quando eu li a respeito de Time Stalkers na Gamers e vi que o jogo era um crossover todos os jogos da Climax, a minha primeira reação foi "... espera, que TODOS os jogos da Climax"?

Isso porque antes de começar esse blog eu sequer tinha ouvido falar da Climax como desenvolvedora, quanto mais já ter jogado algum jogo deles - quiça todos eles. Oito anos depois, aqui estamos nós.

sexta-feira, 14 de março de 2025

[#1420][Dez/98] THOUSAND ARMS

 


Então cá estava eu, todo garboso e pimponeta, folheando a Gamers de Outubro/99 vendo qual vai ser meu próximo joguinho... quando algo aconteceu. Naquela página, eu vi a luz. Não uma luz qualquer, saiba você, mas uma epifania gamer estampada em papel couché. Meus olhos se arregalaram, minha respiração falhou por um instante, e senti um arrepio percorrer minha espinha. Ali, entre prévias e análises, estava ele: um jogo que parecia ter sido feito sob medida para meus instintos mais primitivos de jogador.

Um jRPG com elementos de Dating Sim, uma forte estética de anime e publicado pela Atlus, você consegue imaginar uma coisa dessas?

SIM, CHAMA-SE "PERSONA"

Hm, tá, minha culpa por colocar a barra muito baixa. Eu quis dizer o OUTRO jRPG com elementos de Dating Sim, uma forte estética de anime e publicado pela Atlus!

ESPERA, QUE OUTRO?

Viu como era interessante? Então, apesar do seu nome terrivelmente mundano e sem charme, Milhares de Braços, de facto é um jRPG sobre misturar exploração de masmorras, combate por turnos e construção de relacionamentos - o que, novamente, se tornou uma assinatura da série Persona - porém alguns anos antes desta faze-la, já que o primeiro REVELATIONS SERIES: Persona... não é bem sobre isso, como eu discuti naquele texto.


Seja como for, o que importa é que eu estava pronto para mergulhar em uma joia peculiar e charmosa do PS1. E bem, peculiar não deixa de ser uma forma de descrever esse jogo no final das contas...

terça-feira, 11 de março de 2025

[#1419][Out/1999] XENA: Warrior Princess


Se eu te pedir pra fechar os olhos agora e imaginar uma série de TV "ruído de fundo" dos anos 90... você não conseguiria, pq isso é um texto e como você estaria lendo isso de olhos fechados? Bem, tecnicidades a parte, imagine, se puder uma série dos anos 90 que fica rodando inofensivamente na TV enquanto você faz as suas coisas - lava a louça, limpa a cara ou tenta descobrir o que o cachorro está mastigando e corre atrás dele tentando tirar alguma coisa da boca dele antes que ele engula.

Essa serie não seria necessariamente ruim, só seria... inofensiva. Você sabe, gente bonita, piadocas inofensivas, "violencia" não muito mais profunda que um filme dos Trapalhões, umas locações bonitas também (alo Nova Zelandia, vocês acham que foi o Peter Jackson que inventou isso?)... uma série que não tenta nada artisticamente, mas está ali, sendo assistível, sendo agradavel aos olhos, e provavelmente bastante ciente que você não está prestando muita atenção nela.

Se você imaginou uma série assim nos anos 90, provavelmente você está pensando em Hercules: Legendary Journeys, que era o take "family friendly" safe do mais famoso herói da mitologia grega... embora não tão family friendly safe quanto DISNEY'S HERCULES mas divago. Meu ponto é Hercules sua série bacaninha e inofensiva.


Nessa série, mais especificamente no nono episódio da primeira temporada, nosso bom camarada e amigão de todos Hercs se depara com uma vilã maligna do mal que odeia o bem: uma princesa guerreira que tenta dar um desdobre para usar a força bruta do herói e seu não tão brilhante cerebro como ferramenta para dominar o mundo. Hercules frustra seus planos sem machucar ninguem, obviamente, o bem vence o mal e espanta o temporal.

Mas aí é que está a coisa, o público gostou tanto dessa vilã, sua atitude badass e meio que "eu vou fazer o que for necessário pra vencer, moralidade é pra comedores de quiche", que eventualmente ela voltou para mais alguns episódios. E mais eventualmente ainda (ou nem tão "eventualmente", já que foi no mesmo ano), decidiram que ela ganharia sua própria série. Assim nasciam as aventuras de Xena - A Princessa Guerreira, e é aqui que as coisas começam a ficar interessantes.

segunda-feira, 10 de março de 2025

[#1418][Dez/98] GENSO SUIKODEN 2


Vou te dizer que quando eu vi que estava perto de jogar Suikoden 2, eu não fiquei particularmente efusiástico com a ideia. Não pq eu já tinha jogado esse jogo antes, mas sim pq eu sabia que estruturalmente ele parecia incorporar dois dos elementos que eu menos gosto em RPGs: um elenco gigantesco de personagens coletáveis e o formato de narrativa "vila da semana". 

Meu ceticismo se tornou ainda mais grave pq recentemente tive minha experiência com CHRONO CROSS, um jogo que tentou uma abordagem semelhante, mas  ao qual eu tenho muitas, muitas ressalvas a respeito. Eu literalmente já escrevi uma review inteira sobre isso, mas o ponto relevante aqui é que o elenco inchado de CHRONO CROSS, com 45 personagens jogáveis, era subdesenvolvido e irrelevante, deixando um gosto amargo por jogos que priorizam quantidade em vez de qualidade. 

No jogo de hoje: uma Karen selvagem ataca

O outro preconceito que eu tinha com esse jogo era a trope da "vila da semana"—onde os jogadores resolvem problemas isolados em pequenas cidades antes de seguir em frente, raramente revisitando ou conectando essas histórias ao enredo principal— uma marca registrada de jRPGs antigos como Dragon Quest (embora Dragon Quest ainda faça isso até este ponto da história, recentemente passei trocentas horas disso em DRAGON QUEST 7: Fragments of the Forgotten Past) e outros jRPGs antigos como LUFIA 2: Rise of the Sinistrals

Então, como vocês podem ver, quando eu descobri que Suikoden II combinava esses dois elementos, é justificado que eu não estivesse exatamente exultante. Mas então, como diz o ditado, da onde menos se espera... daí mesmo que não sai nada - a menos quando sai, veja só você!

O que eu posso adiantar desde já que é que, para minha grande surpresa, Suikoden II não apenas desafiou minhas expectativas—ele redefiniu completamente como eu vejo esses tropos.

quarta-feira, 5 de março de 2025

[#1417][Fev/1999] GUITAR FREAKS


Hoje vamos falar de uma das mais iconicas e representativas franquias da história dos videogames! Sim, hoje é o dia, a hora, o local e a razão de falar da lendária série BEMANI!

...

Que reação é essa, Jorge, não está animado de falarmos de um jogo Bemani?

EU NÃO SEI EM QUE MUNDO VOCÊ VIVE, MAS EU LITERALMENTE NUNCA OUVI ESSE NOME ANTES

Hã, bem, suponho que eu precise começar do começo então, né?

terça-feira, 4 de março de 2025

[#1416][Dez/1999] PARASITE EVE 2


Durante os anos 90, a Disney tinha a prática de seguir um grande sucesso animado do cinema (e até dado ponto, todos eram) por filmes menores, com menos orçamento e praticamente zero ambição artistica. Esses filmes não eram pretenciosos grandes lançamentos no cinema, não, ao invés disso eram pequenos filmes lançados direto pra VHS (depois direto para DVD e hoje direto pra streaming) para as crianças assistirem milhões de vezes sem encher o saco dos pais.

Ou seja, todo mundo lembra, é claro, de DISNEY'S ALADDIN de 1992. Bem menos gente lembra, entretanto, de Aladdin: The Return of Jafar (1994) e Aladdin and the King of Thieves (1996).

Tá, mas pra que eu estou falando disso? Pq a mesma lógica se aplica a videogames - embora menos frequentemente, dado que em jogos é mais fácil a continuação superar o original devido ao salto na tecnologia, refinamento nas mecanicas e feedback do jogo original, mas aqui e ali acontece de grandes clássicos terem continuações "diretas para DVD" que são apenas uma nota de rodapé diante da sombra gigantesca lançada pelo jogo original.


O exemplo mais iconico para este caso é que eu não realmente preciso explicar a ninguém - tenha essa pessoa conhecimento sobre videogames ou não - o que realmente é STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR ou quem são seus personagens. Sua continuação direta, entretanto... bem, é necessário um pouco mais esforço para as pessoas lembrarem de STREET FIGHTER 3: The New Generation.

E assim como ALUNDRA 2: A New Legend Begins é a tão esperada sequencia de ALUNDRA que caiu na categoria "esse definitivamente é um dos jogos já feitos" e encerrou a franquia, a Vespera do Parasita 2 foi a sequencia do tão aclamado  PARASITE EVE que não foi exatamente o que as pessoas esperavam e terminou qualquer esperança de vermos um Parasite Eve 3.

Então a pergunta que realmente cabe ser feita aqui é... isso é justo? Parasite Eve 2 realmente merece ser relegado a uma mera sequencia "direto pra DVD" de PARASITE EVE? É o que veremos a seguir.

segunda-feira, 3 de março de 2025

[#1415][Ago/1999] COMMAND & CONQUER: Tiberian Sun

Antes de COMMAND & CONQUER: Tiberian Dawn, havia DUNE: The Battle for Arrakis. E antes de DUNE: The Battle for Arrakis, havia —bem, muita coisa, mas nada que se parecesse com um jogo de estratégia em tempo real como conhecemos hoje. 

Para a sequencia de DUNE: The Battle for Arrakis, a Westwood Studios não pagou removeu a licença de Dune antes que os Harkonnens pudessem abrir um processo por direitos autorais e criou COMMAND & CONQUER: Tiberian Dawn em 1995. Enquanto isso, a Blizzard Entertainment pegou a mesma fórmula básica de RTS e a transformou em WARCRAFT: Orcs and Humans, levando a uma grande rivalidade entre as duas empresas, mas também gerando um grande cisma no gênero: a Blizzard abraçou a fantasia, os orcs e, eventualmente, os MMOs; a Westwood abraçou explosões, equipamentos militares e de alguma forma múltiplas linhas do tempo contraditórias. Pareceu fazer sentido pra eles na hora.

Assim nasceu o universo Command & Conquer—mais ou menos. Veja bem, na maioria das franquias de jogos, a linha do tempo é uma coisa organizada e coerente. Não aqui. Em vez disso, a Westwood decidiu construir um multiverso de RTS tão confuso que Kingdom Hearts quando ainda era criança se ajoelhou e disse "teach me, senpai!"

domingo, 2 de março de 2025

[#1414][Out/1999] JET FORCE GEMINI (ou "Startwins" no Japão)


É um fato conhecido que não é realmente possível falar do Nintendo 64 sem falar da Rare - a única outra empresa além da Nintendo a vomitar sucesso após sucesso regularmente para o console. Sem mentira, de todos os "The Best Of" que eu já dei nesse blog para o Nintendo 64, mais da metade são da própria Nintendo ou da Rare.

Por isso mesmo é meio impossível dissociar o Nintendo 64 da Rare, pq jogos como DIDDY KONG RACING, BANJO-KAZOOIE ou GOLDENEYE 007 são imagens que te vem a mente quando se menciona a "fun machine" da Nintendo. Eu estou explicando isso pq, no entanto, nem todos os jogos da Rare daquela época recebem o mesmo nível de amor. Alguns deles caíram na obscuridade, seja porque envelheceram mal (né BATTLETOADS) ou apenas realmente não eram dignos de muita nota - como MICKEY SPEEDWAY USA.

E um desses títulos que ninguem nunca menciona quando fala do Nintendo 64 ou da Rare é justamente esse Força Jato Gemeos — e isso sempre me pareceu um tanto estranho, pq pelo que eu li a respeito jogo, este seria um jogo que pega a experiência da Rare em jogos de plataforma, tiro e aventura e joga tudo em um liquidificador. O que é que aconteceu aqui então que JFG acabou caindo nas frestas das areias do tempo?