terça-feira, 8 de abril de 2025

[#1442][Set/1999] RAT ATTACK!


Então... já falamos de jogos ruins aqui no blog. Jogos estranhos. Jogos que desafiam a lógica, a sanidade e, mais sim do que não, o bom gosto. Falamos de jogos baseados em brinquedos, em filmes de quinta, até sobre videogames baseados em DESENTUPIR BANHEIROS (sim, BOOGERMAN: A Pick and flick Adventure, estou olhando pra vocês). Mas dessa vez, falaremos sobre um jogo tão estranho, tão incoerentemente maluco, que faz GENEI TOUGI: Shadow Struggle e seu POWER OF SOLID.parecer Cidadão Kane.

Senhoras e senhores... isto... é...

RAT. ATTACK.

Sim, você leu certo. Ataque de Ratos. Um jogo onde ratos mutantes voltam do espaço e decidem destruir o mundo. Porque por que não?

A história começa com dois ratos chamados Washington e Jefferson. E antes que você pergunte — sim, eles foram nomeados em homenagem aos fundadores dos Estados Unidos. Porque nada diz "dominação mundial por roedores intergalácticos" como referências a políticos do século XVIII. — que são lançadas no espaço como parte de algum experimento. Porque claro, a NASA definitivamente precisava de ratos com diplomas em filosofia do Iluminismo.

Seja como for, quando os ratos estão no espaço alguma... coisa acontece. Não sei, raios cósmicos, queijo mutante, o fantasma integalactico do Benjamin Franklin, escolha seu veneno. O ponto é: os ratos sofrem mutação e se tornam superinteligentes, que, como todos sabemos, é o termo científico para "maligno do mal que odeia o bem".


Quarenta anos depois — porque sim, deixamos ratos espaciais apodrecerem por quatro décadas e  de alguma forma eles aprnderam a fazer FOTOSINTESE CÓSMICA ou alguma porcaria assim — e eles retornam à Terra com um plano que só pode ser descrito como "fanfic de Comandante Cobra com metanfetaminas": DOMINAÇÃO MUNDIAL! Porque naturalmente, quando você é um rato com complexo de Deus e tem 40 anos para planejar sua vingança, o que mais você faria?

Mas espere! Porque o salvador da Terra não é o Superman, ou o Batman, ou mesmo os malditos Animaniacs. Não... são os gatos. Mas não quaisquer gatos, obviamente. Para combater os ratos superinteligentes do mal, os gatos formam uma força de elite de lutadores felinos pela liberdade chamada SCRATCH CATS. Liderados por um gato com o nome menos de gato que eu já vi na vida, Professor Rex Julius, nossa fursona do Professor Carvalho envia sua melhor agente, uma felina elegante chamada Pearl, para investigar. Mas, oh, não! Ela é sequestrada pelos ratos espaciais e trancada em uma gaiola de laser guardada por ROBÔS GIGANTES. Porque sutileza é para mamíferos sem lançadores de foguetes.


Então agora cabe a você, escolher um dos outros gatos menos awesomes que a Pearl, resgatar a agente, impedir os planos dos ratos fundadoes de países que se recusam a usar o sistema métrico e vencer o jogo de modo geral. Claro, você pode se perguntar que se mandar a melhor agente não deu certo, que lógica há de achar que vai dar certo com a segunda opção? E a resposta é simples: nenhuma. Mas senão não tinha jogo, então é o que a casa oferece.

Falando do jogo em si, a mecanica é simples. Ao invés de usar dinamites ou tiros de escopeta na cara dos ratos, o professor Rex (esse realmente é o primeiro gato que eu conheço que se chama Rex) cria armas humanitárias pra prender ratos em armadilhas, porque matá-los seria... sei lá, subiria a classificação etária do jogo?


Seja como for, seu trabalho aqui é simples. Até simples demais, e esse é meio que o problema aqui: desenhe uma caixa. Capture um rato. Se você for atingido perde os ratos que capturou, pra isso não acontecer tem que desovar eles na armadilha. Enxágue, repita. É isso o jogo, desenhe quadrados no chão, pegue ratos, descarregue eles. Fim.

Para manter as coisas interessantes, nos níveis mais avançados os ratos sofrem mutação para formas mais rápidas e mais agressivas ao pisar em botões gigantes no chão — porque é claro que os ratos têm tecnologia de mutação largadas por aí. Eu não faço ideia de quando, exatamente, os ratos instalaram equipamentos de mutação ratonica pelo mundo inteiro, mas a esse ponto já desconfio que talvez não seja uma ideia tão ruim eles dominrem o mundo dado esse nível de preparação - e não é como se estivessemos fazendo um trabalho muito melhor de qualquer maneira.


Os chefes, de alguma maneira, fazem menos sentido ainda. O primeiro é um cachorro azul que simplesmente... ataca você. Você o derrota fazendo-o dar uma cabeçada na parede. É isso. Essa é sua luta contra o chefe. Eu não faço muita ideia de como isso se enquadra no plano mundial dos ratos fundadores dos US and A de dominar o mundo... e acredito que nem os criadores do jogo, pq a esse ponto é bem claro que eu estou pensando mais no lore de Rat Attack do que seus programadores o fizeram.

Enfim, o tom do jogo está por todo lugar. Num minuto você está em uma cozinha. No outro, você é um gato do tamanho de Godzilla pisoteando uma cidade. Então você está no espaço sideral lutando contra Jefferson em um disco voador. A esse ponto, eu esperava que o verdadeiro George Washington aparecesse com um rifle de plasma e gritasse: "NÃO POSSO MENTIR, ESTE JOGO É RUIM!"


Tá, Rat Attack não é o pior jogo do mundo. Ele não é nem o mais esquisito. Mas ele está sentado em algum lugar entre o “WTF é isso” e o “eu vou continuar jogando só porque preciso entender pra que esse jogo EXISTE”.

Os gráficos são coloridos, a música é... presente e há uma energia caótica que quase o torna cativante (especialmente no multiplayer, como um Bomberman da Shopee). Mas isso não o torna bom. É curto, superficial e tão equilibrado quanto você poderia esperar de ATAQUE DOS RATOS. E se você espera algo de ATAQUE DOS RATOS, então o problema está totalmente em você.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 136 (Fevereiro de 1999)


EDIÇÃO 146 (Dezembro de 1999)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 055 (Outubro de 1998)