Dentre todos os cenários de ficção possíveis, eu diria que cyberpunk é o meu favorito. Veja, a coisa é que eu acho que a ficção funciona em seu melhor quando usa de seus elementos fantásticos para, através de simbolismos, falar de temas que dificilmente seriam abordados de outra maneira.
Um exemplo bem iconico disso que é que as fusões em Steve Universe são uma metafora para sexo. Porém se fosse feito de outra maneira e falado abertamente sobre tacatacalapetaca, a discussão seria completamente ofuscada por todas as neuras, traumas e incapacidade de lidar com o assunto que aflige as pessoas. Ou como X-Men pode servir para falar sobre racismo, homofobia ou até AIDS dependendo de como você aborda a coisa, enquanto falar diretamente sobre esses temas colocaria as pessoas em modo de defesa e ativar o instinto tribal de "nós contra eles". Nesse sentido, eu acho que a ficção é completamente sem igual para atingir esse objetivo.
O que nos leva, então, a questão do cyberpunk que eu acho que é a ficção no melhor do que ela pode ser. O tema de alta tecnologia em um mundo miseravel nihilista onde tudo é permitido e nada importa abre as portas de inúmeras metaforas possíveis. O problema é, entretanto, que se você gosta de cyberpunk e todas as suas possibilidades nos anos 90 você tinha bem poucas opções de entretenimento. Duas, mais precisamente: THE GHOST IN THE SHELL e Blade Runner. Bem, três se você contar Johnny Mnemonic, mas por alguma razão ou outra ninguém nunca lembra desse filme. Vamos ficar com THE GHOST IN THE SHELL e Blade Runner para esse caso.
Como eu já falei de THE GHOST IN THE SHELL na review daquele jogo, hoje é dia de falar sobre Lamina Corredora. E já adianto que é um filme bem complicado de analisar...